Moeda sobe 2,3% e Bolsa cai 2,3% com temor sobre juros nos EUA

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A apreciação do dólar pelo mundo ontem teve intensa repercussão no mercado de câmbio doméstico, onde a moeda norte-americana subiu 2,34% diante do real. Cotado a R$ 1,791 no fim das operações, o dólar fechou no Brasil em seu mais elevado nível desde setembro passado.
O mercado abriu negativo na Europa, com os investidores repercutindo a reunião do Fed (o BC dos EUA) encerrada na tarde de quarta-feira -quando as Bolsas europeias já estavam fechadas. A Grécia, rebaixada pela Standard & Poor's na quarta, também voltou ao centro das tensões. O primeiro-ministro do país fez um pronunciamento ontem para tentar acalmar os mercados.
As Bolsas de Valores terminaram as operações no vermelho nos principais centros financeiros. A Bovespa chegou ao fim do pregão com desvalorização de 2,27%.
"O comunicado que o Fed emitiu após seu encontro, no qual avisou que irá retirar incentivos que havia criado durante a crise, repercutiu na Europa hoje [ontem]. O primeiro passo para os juros subirem é a suspensão dos incentivos", diz Mário Battistel, diretor de câmbio da Fair Corretora.
A depreciação do dólar diante das principais divisas neste ano tem no aumento da liquidez, decorrente das medidas emergenciais tomadas pelo BC dos EUA, um de seus motivos.
O euro terminou ontem vendido a US$ 1,434, após depreciação de 1,2%, que levou a moeda a seu mais baixo patamar em mais de três meses.
Além dos efeitos sobre o câmbio, se o Fed começar a subir os juros, os investimentos de maior risco, como ativos de emergentes e ações, tendem a perder parte de seu apelo.
Na Europa, a Bolsa de Londres esteve entre os destaques de baixa, com queda de 1,93%. Em Frankfurt, o recuo foi de 1%. Em Atenas, o principal índice acionário caiu 1,40%.
O Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve baixa de 1,27%.
Na Bovespa, as ações mais negociadas tiveram fortes perdas. O papel PNA da Vale se depreciou em 3,42%, enquanto Petrobras PN caiu 2,61%.

Câmbio pressionado
Após o resultado de ontem, o dólar passou a acumular valorização no mês, de 2,11%. No pico do dia, o dólar foi negociado a R$ 1,798. Desde 25 de setembro a moeda não alcança R$ 1,80.
A última pesquisa Focus, realizada pelo BC com cem instituições financeiras e apresentada na segunda-feira, mostrou que a expectativa do mercado é que o dólar esteja cotado em R$ 1,73 no fim de 2009. Para dezembro de 2010, a previsão é de R$ 1,75. Ou seja, o mercado ainda não tem trabalhado com a moeda norte-americana em patamares muito elevados.


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