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São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 2003

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"Operação Quibá" rendeu US$ 85 mi para a Enron

DE WASHINGTON

Ao apresentar-se a uma comissão de inquérito do Congresso norte-americano no dia 7 de fevereiro de 2002, o ex-diretor-executivo da Enron Jeffrey Skilling foi pressionado a dizer o que sabia sobre a estratégia da companhia para melhorar o balanço por meio da venda fictícia de uma unidade que dava prejuízos.
"Você não sabia que a companhia estava vendendo ativos e recomprando-os depois da época de apresentação dos balanços?", perguntou a Skilling o deputado Billy Tauzin (Louisiana).
"Só há um ativo que me lembro de ter sido vendido e comprado novamente. Foi um projeto no Brasil, um projeto de energia no Brasil e era chamado Quibá [sic"", respondeu Skilling.
"Quibá", na verdade, é Cuiabá. E o projeto de energia é uma usina termelétrica privatizada em 1997 pelo governo brasileiro e adquirida por um consórcio liderado pela Enron -e do qual foi sócia a Shell.

Sem compradores
Em 1999, a Enron decidiu se desfazer do controle da usina, mas não encontrou compradores. Para solucionar o problema, criou uma empresa de investimentos, a LJM, presidida pelo próprio diretor financeiro da Enron, Andrew Fastow.
Em setembro de 1999, a LJM comprou o controle da usina Cuiabá da Enron por US$ 11,3 milhões. Imediatamente, assinou um contrato comprometendo-se a comprá-la de volta, o que acabou acontecendo dois anos depois.
A "operação Quibá" (como pronunciada por Skilling) é hoje a prova mais consistente usada pela SEC (fiscalizadora dos mercados nos EUA) e por promotores americanos contra Fastow.

Prejuízo escondido
Ao vender e recomprar a companhia, a Enron conseguiu não só esconder os prejuízos da usina como também contabilizar como valor de mercado contratos de gás de outras de suas companhias com a usina brasileira. As receitas fictícias geradas pela operação brasileira da Enron chegaram a US$ 85 milhões.
(MARCIO AITH)


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