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"Operação Quibá" rendeu US$ 85 mi para a Enron
DE WASHINGTON
Ao apresentar-se a uma comissão de inquérito do Congresso
norte-americano no dia 7 de fevereiro de 2002, o ex-diretor-executivo da Enron Jeffrey Skilling foi
pressionado a dizer o que sabia
sobre a estratégia da companhia
para melhorar o balanço por
meio da venda fictícia de uma
unidade que dava prejuízos.
"Você não sabia que a companhia estava vendendo ativos e recomprando-os depois da época
de apresentação dos balanços?",
perguntou a Skilling o deputado
Billy Tauzin (Louisiana).
"Só há um ativo que me lembro
de ter sido vendido e comprado
novamente. Foi um projeto no
Brasil, um projeto de energia no
Brasil e era chamado Quibá [sic"",
respondeu Skilling.
"Quibá", na verdade, é Cuiabá.
E o projeto de energia é uma usina
termelétrica privatizada em 1997
pelo governo brasileiro e adquirida por um consórcio liderado pela Enron -e do qual foi sócia a
Shell.
Sem compradores
Em 1999, a Enron decidiu se
desfazer do controle da usina,
mas não encontrou compradores.
Para solucionar o problema, criou
uma empresa de investimentos, a
LJM, presidida pelo próprio diretor financeiro da Enron, Andrew
Fastow.
Em setembro de 1999, a LJM
comprou o controle da usina
Cuiabá da Enron por US$ 11,3 milhões. Imediatamente, assinou
um contrato comprometendo-se
a comprá-la de volta, o que acabou acontecendo dois anos depois.
A "operação Quibá" (como
pronunciada por Skilling) é hoje a
prova mais consistente usada pela
SEC (fiscalizadora dos mercados
nos EUA) e por promotores americanos contra Fastow.
Prejuízo escondido
Ao vender e recomprar a companhia, a Enron conseguiu não só
esconder os prejuízos da usina como também contabilizar como
valor de mercado contratos de gás
de outras de suas companhias
com a usina brasileira. As receitas
fictícias geradas pela operação
brasileira da Enron chegaram a
US$ 85 milhões.
(MARCIO AITH)
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