|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MAIS DO MESMO
Copom não altera taxa de 16,5% ao ano pelo segundo mês seguido; nenhuma justificativa é apresentada
BC mantém juros e não explica a decisão
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo segundo mês seguido, o
Banco Central manteve inalterados os juros básicos da economia.
Apesar das fortes críticas sofridas
nas últimas semanas por não ter
reduzido a taxa Selic já em janeiro, o BC decidiu mantê-la em
16,5% ao ano por mais um mês.
Nenhuma justificativa foi apresentada para a decisão, ao contrário do que costuma ocorrer após
reuniões do Copom (Comitê de
Política Monetária). Desde março
de 1999, o BC sempre divulgava
explicação para suas resoluções.
Nota divulgada no início da noite
de ontem se limitou a informar
que "o Copom decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em
16,5% ao ano, sem viés". Ou seja,
os juros só poderão mudar daqui
a um mês ou se houver uma reunião extraordinária do BC até lá.
A decisão ocorre num momento de turbulências no governo,
depois da divulgação de um vídeo
em que o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência
Waldomiro Diniz negocia comissões e contribuição de campanha
com um empresário de bingos.
Analistas do mercado financeiro apostavam na manutenção dos
juros. O setor industrial criticou
duramente a decisão. A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo) defendia queda de
1,5 ponto. Ontem, por meio de
nota, disse que "a política monetária insiste em roubar a cena".
Em janeiro, dava-se como certa
uma redução de 0,5 ponto percentual nos juros. Mas o BC manteve a taxa. Na explicação que
consta na ata da reunião, o BC diz
que "o aumento recente da inflação e das projeções pode não representar somente um fenômeno
temporário". Cinco dias depois, o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) disse que "as pressões
inflacionárias estão muito concentradas em fatores sazonais".
As críticas em relação à decisão
foram tão fortes que circularam
boatos sobre a demissão do presidente do BC, Henrique Meirelles.
O BC também argumentou que
havia sinais de que a indústria já
preparava uma onda de remarcações de preços para breve, o que
pressionaria a inflação. Nessas
condições, juros elevados evitariam que a economia crescesse de
maneira muito acelerada, reduzindo a margem que os empresários teriam para novos reajustes.
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: País mantém topo em juros reais Índice
|