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Exportadores não usam nova regra cambial
Empresas continuam trazendo dólares em prazo curto por falta de regras e por causa do atrativo interno do juro
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A combinação de juros altos e
a falta de uma instrução normativa da Receita Federal está
levando os exportadores a adiar
o uso de um benefício pelo qual
batalharam em 2006: a possibilidade de deixar parte da renda
das exportações em depósitos
no exterior à espera da valorização do dólar antes de converter os recursos em reais.
Antes dessa medida, os exportadores tinham até 210 dias
para converter os dólares obtidos com as vendas em reais.
Mais de seis meses depois de
anunciada pelo governo, a alteração na Lei Cambial que permite aos exportadores deixar
os recursos lá fora não está sendo usada, segundo o BC.
O principal benefício da mudança não é a supressão do prazo, mas o fato de que os exportadores não pagarão a CPMF
sobre os 30% que podem ficar
no exterior, o que reduz os custos financeiros das empresas.
Segundo a Receita Federal, já
foram fornecidas todas as informações tributárias sobre a
legislação, quando a regra foi
regulamentada pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN),
em outubro do ano passado.
Faltaria apenas a publicação de
uma instrução normativa com
dados técnicos sobre o preenchimento de formulários e a
criação de uma página na internet para que as informações sejam fornecidas eletronicamente pelos exportadores à Receita.
Mas os exportadores querem
mais informações. Eles temem
que as operações feitas com os
recursos que podem ser deixados no exterior sejam tributadas posteriormente, já que a regulamentação não esclarece se
eles poderão fazer aplicações
financeiras no exterior; pagar
despesas, como advogados, por
exemplo; ou fazer promoção
comercial com esses recursos
sem serem tributados.
A mudança na Lei Cambial, a
primeira em 75 anos, foi feita
por insistência do ministro do
Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e do setor industrial, como uma forma de aliviar as perdas dos exportadores
com a valorização do real.
Ganho com juros
Na avaliação do ministro da
Fazenda, Guido Mantega, os
exportadores ainda não estão
usando o benefício por falta de
interesse, já que, como no Brasil os juros são altos. "É muito
mais vantajoso para o exportador trazer os recursos e investir
em aplicações financeiras."
Segundo o vice-presidente da
Associação Brasileira de Comércio Exterior, José Augusto
de Castro, a falta de definições
sobre a operação é o principal
motivo do desinteresse.
"Em poucos países se pode
ganhar tanto em aplicações financeiras. Com ganhos reais de
cerca de 8%, para muitos exportadores pode ser melhor
trazer os recursos, mas não é o
caso de todos. Muitos têm pagamentos a fazer no exterior;
por isso, não vale a pena pagar
os custos financeiros da internalização do dinheiro."
Para Castro, a maioria das
empresas está aguardando as
normas da Receita porque teme que a instrução traga surpresa em termos de taxação, já
que, com a mudança, a fiscalização das remessas de recursos
do exterior deixou de ser da alçada do BC para ser da Receita.
A assessoria da Receita informou que a instrução não deve
trazer mudanças na forma de
tributar e não há estimativa de
publicação no "Diário Oficial".
O diretor de Operações Internacionais da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos),
Airton Villafranca, disse que os
bancos já estão preparados para oferecer o novo serviço aos
exportadores. "Tem havido
consultas, mas a maioria quer
apenas informações", afirma.
Colaborou Ney Hayashi da Cruz , da Sucursal de Brasília
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