|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Jirau, embargada, tem maior verba do BNDES
Banco empresta R$ 7,2 bi à usina do rio Madeira, apesar de obra ter recebido multa do Ibama de Rondônia de R$ 950 mil
Empréstimo do BNDES é o maior financiamento já concedido para um único projeto; empresa diz que estuda recorrer da multa
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou a liberação do maior financiamento da
história para um único projeto,
a usina de Jirau, que está sob
embargo após receber multa do
Ibama de Rondônia. O empréstimo para a hidrelétrica do rio
Madeira é de R$ 7,2 bilhões.
Segundo a ESBR (Energia
Sustentável do Brasil), empresa responsável por Jirau, as
obras estão paradas desde o início da semana após ter recebido
uma multa de R$ 950 mil.
De acordo com o Ibama, a
empresa foi multada por irregularidades na construção de
uma ensecadeira, uma estrutura provisória que funciona como um dique, a fim de manter a
seco o local da obra.
O Ibama diz que só esse trecho foi embargado, mas a empresa alega que não tem como
seguir o trabalho. A ESBR é
uma sociedade de propósito específico formada por Grupo
Suez, Eletrosul, Chesf e Camargo Correa. Ela estuda recorrer
contra a multa e diz que a contratação de mil funcionários
em fevereiro está suspensa enquanto a obra estiver parada.
Em janeiro, a empresa já havia
sido multada em R$ 475 mil por
conta de desmatamento.
No ranking de maiores empréstimos em valor já concedidos pelo BNDES, a operação só
fica atrás de um financiamento
à Vale no ano passado, de R$ 7,3
bilhões. A diferença é que o empréstimo à mineradora foi feito
como um limite de crédito,
uma espécie de cheque especial
destinado a financiar uma ampla gama de investimentos do
seu plano estratégico. A operação para a ESBR se refere a um
único empreendimento.
O empréstimo de Jirau tem
prazo de pagamento de 25
anos, com 5 de carência. Para
reduzir o risco da operação,
parte dos recursos (R$ 3,585 bilhões) será feita por meio de repasse a outros bancos, como
Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco BBI,
Unibanco e Banco do Nordeste.
O financiamento corresponde
a 68,5% do investimento total.
O diretor de Infraestrutura do
BNDES, Wagner Bittencourt,
ressaltou que, pelo edital, o
banco poderia financiar até
75%.
A principal garantia na fase
de operação serão os recebíveis
da usina e o penhor das ações
da empresa.
As condições do empréstimo
são: TJLP (Taxa de Juros de
Longo Prazo) mais um
"spread" (diferença entre a taxa
de captação e a repassada ao
cliente) de 0,5% ao ano e
"spread" de risco, que varia de
acordo com a empresa (e o
BNDES não divulga).
Procurado pela Folha após o
anúncio do financiamento, o
BNDES disse que solicitará esclarecimentos à ESBR em relação ao embargo. O banco ressalta que não liberará recursos
para a obra enquanto a empresa não regularizar a situação. A
ESBR tem prazo de 180 dias
para contratar a operação.
O empréstimo a Jirau foi superior ao concedido para a usina de Santo Antônio, a primeira do rio Madeira que foi licitada. Segundo Bittencourt, Santo
Antônio contou com outras
fontes de crédito, como o Banco da Amazônia e o FI-FGTS.
Em 2008, o BNDES desembolsou R$ 19 bilhões em projetos de infraestrutura e prevê
mais R$ 30 bilhões neste ano,
com a escassez no mercado geral de crédito, sem contar novos financiamentos para a Petrobras. "Não sentimos nenhum freio no investimento
em infraestrutura", disse.
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Finanças e ciência, ilusão e religião Próximo Texto: Governo culpa empreiteiras por atrasos Índice
|