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São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2003

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GUERRA IMINENTE

Com ultimato de Bush, fundos liquidam contratos e embolsam lucros obtidos na fase de tensão diplomática

Especulação dá uma folga, e petróleo cai 9%

DA REDAÇÃO

Os preços do petróleo caíram ontem de maneira acentuada e recuaram aos menores níveis dos últimos dois meses. Com o ultimato dado por George W. Bush a Saddam Hussein, os mercados internacionais consideram que a guerra está prestes a acontecer e trabalham com a hipótese de uma rápida vitória norte-americana.
Em Nova York, a cotação teve queda de 9,3% e encerrou o dia a US$ 31,67. Em Londres, o preço caiu 7,6%, para US$ 27,25. Desde que atingiu o pico de US$ 39,99, no final do mês passado, o barril já sofreu uma desvalorização de 21% no mercado americano.
O tombo ocorreu, em boa parte, devido aos grandes fundos especulativos, que estão liquidando seus contratos e embolsando os lucros obtidos com a disparada do período de tensão diplomática envolvendo o Iraque.
Apesar da queda nos últimos dias, os analistas não consideram que as cotações seguiram perdendo valor no mesmo ritmo nos próximos dias. A produção mundial opera hoje com pouca capacidade ociosa.
Desde o final do ano passado, as cotações do petróleo estão acima de US$ 30 em Nova York. Além do chamado prêmio de guerra (sobretaxa que traz implícito o risco de uma ruptura do fornecimento do Oriente Médio), os combustíveis estavam pressionados pelo rigoroso inverno deste ano no hemisfério Norte.

Guerra do Golfo 2
Os mercados futuros de petróleo estão agindo agora de maneira similar com o que ocorreu na Guerra do Golfo (1991). Quando o Iraque invadiu o Kuait, em agosto de 90, as cotações, que estavam em torno de US$ 20, saltaram para US$ 40. Mas, assim que os EUA e os países aliados iniciaram o ataque às forças de Saddam, as cotações retornaram para US$ 20.
Se, por um lado, a especulação perdeu fôlego, por outro ainda há grandes incertezas sobre se haverá uma ruptura significativa na produção do Oriente Médio. As exportações iraquianas, dá ordem de 1,7 milhão de barris ao dia, já deixaram de ser feitas, e o Kuait será obrigado a paralisar a produção em algumas jazidas que ficam perto da fronteira iraquiana.
O principal receio, expresso no discurso de Bush anteontem à noite, é que Saddam ordene a explosão de seus poços. O presidente dos EUA afirmou que os militares iraquianos não deveriam danificar as instalações.
"No momento, não há como estimar se haverá uma interrupção grave no fornecimento", disse ontem o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. Os americanos contam com os recursos do petróleo para bancar a reconstrução do Iraque após a provável guerra.
O dólar voltou a se valorizar e já está na maior cotação ante o euro dos últimos dois meses. A moeda européia encerrou o dia negociada a US$ 1,0621. Ainda assim, o dólar acumula perda de 20% em 12 meses.
As Bolsas, que vinham de três dias de altos ganhos, perderam fôlego. Para os analistas, uma indefinição pode ter sido eliminada (quando a existência do conflito), mas ainda pairam muitas incertezas sobre a economia. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York subiu 0,64%, e a Nasdaq teve ganho de 0,59%.


Com agências internacionais


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