São Paulo, quinta, 19 de março de 1998

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Sindicatos ficam de fora e vão protestar

do enviado especial

Mantido inteiramente à margem das negociações em torno da Alca, o sindicalismo latino-americano tenta hoje forçar as portas, por meio de uma manifestação promovida pelos sindicatos da Costa Rica e de outros países centro-americanos.
A partir das 10h (7h em Brasília), pretendem levar de 4 a 5 mil pessoas para o Hotel Camino Real Intercontinental, onde estarão reunidos os ministros dos países da Alca para fechar a Declaração de San José.
Vão defender duas bandeiras:
1 - a chamada cláusula social, ou seja, a vinculação entre acordos comerciais e o respeito a direitos trabalhistas fundamentais;
2 - querem participar das negociações da mesma forma que os empresários o estão fazendo, por meio dos Foros Empresariais.
No primeiro item, o governo brasileiro é também réu. Veta a cláusula social, por entender que se trata de uma maneira disfarçada de protecionismo.
Países desenvolvidos poderiam embargar importações provenientes de países em desenvolvimento a pretexto de que regras trabalhistas básicas não estão sendo respeitadas na produção de tais bens.

Consenso
Mas, no segundo item, ocorre o contrário. O Brasil propôs a criação de um Foro Consultivo Econômico e Social na Alca, para abrir espaço nas negociações não apenas a empresários, mas também a trabalhadores, consumidores, à sociedade civil em geral.
O governo do México, principalmente, veta a proposta. O sindicalismo da Costa Rica apóia.
"Talvez não seja suficiente, mas é um bom começo porque não nos deixa à margem do processo", diz Edgar Campbell Carr, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Costarriquenha, um dos organizadores do protesto.
Outro ponto em que o sindicalismo latino-americano coincide com o governo brasileiro é no gradualismo para implantação da Alca. O gradualismo é necessário para que os choques resultantes da liberalização possam ser absorvidos pela população", diz Campbell. (CR)



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