São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 2002

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Brasil vai crescer 2,5% em 2002, diz Fundo

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) aumentou sua projeção de crescimento econômico do Brasil em 2002 para 2,5%, estimativa igual à do governo brasileiro. Em dezembro passado, a previsão do Fundo era de um crescimento de 2% neste ano.
Mesmo com maior crescimento, a vulnerabilidade da economia brasileira permanece, segundo a instituição, "devido especialmente a sua grande necessidade de financiamento externo".
O vice-diretor do departamento de pesquisa econômica do FMI, David Robinson, disse que o Fundo continua preocupado com o elevado nível da dívida pública do Brasil, principalmente com a parcela corrigida pelo câmbio, que correspondia, em fevereiro, a cerca de 30% do total.
"O Brasil precisa reduzir sua vulnerabilidade em relação a esse aspecto [o alto endividamento"", disse ontem, durante o anúncio do relatório semestral do FMI sobre as perspectivas econômicas globais.
Ele citou duas formas para o país reduzir sua dependência externa. A primeira, manter a política de superávit primário (receitas maiores que despesas, exceto gastos com juros). A outra seria aumentar sua participação no comércio mundial, o que "contribuiria para reduzir a relação entre dívida pública e exportações".

Meta de inflação
Um dia após o Banco Central ter interrompido a queda dos juros, o Fundo destacou a necessidade de o Brasil cumprir a meta de inflação neste ano, fixada em 3,5% com variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
"A política monetária foi modestamente afrouxada nos últimos meses, mas é necessário manter a vigilância para garantir que a meta de inflação seja alcançada", disse o FMI no relatório.
O economista-chefe do Fundo, Kenneth Rogoff, disse, no entanto, que, "embora tenha ocorrido um ligeiro aumento na inflação, isso parece estar sendo administrado pelas autoridades".
Outra preocupação do FMI em relação ao Brasil é com o fato de 2002 ser um ano eleitoral. "Alguns países tendem a ficar menos atentos ao equilíbrio fiscal em ano de eleições", disse Rogoff.
O FMI destacou também "fatos promissores" para a economia brasileira, como a "melhoria no acesso aos mercados de capitais" e um forte fluxo de investimentos estrangeiros no país.
De acordo com a instituição, a elevação da estimativa de crescimento da economia brasileira para este ano está baseada na recuperação do consumo interno e na melhoria do desempenho comercial (aumento do saldo da balança). Para 2003, o Fundo projetou crescimento econômico de 3,5%.
Para o balanço de pagamentos (relação entre todas as transações -comerciais e financeiras- do Brasil com o mundo), a instituição espera déficit menor neste ano do que o de 2001, de 3,7% do PIB (Produto Interno Bruto), contra 4,6% no ano passado. Em 2003, o déficit subiria para 4,1%.



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