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Brasil vai crescer 2,5% em 2002, diz Fundo
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) aumentou sua projeção
de crescimento econômico do
Brasil em 2002 para 2,5%, estimativa igual à do governo brasileiro.
Em dezembro passado, a previsão
do Fundo era de um crescimento
de 2% neste ano.
Mesmo com maior crescimento, a vulnerabilidade da economia
brasileira permanece, segundo a
instituição, "devido especialmente a sua grande necessidade de financiamento externo".
O vice-diretor do departamento
de pesquisa econômica do FMI,
David Robinson, disse que o Fundo continua preocupado com o
elevado nível da dívida pública do
Brasil, principalmente com a parcela corrigida pelo câmbio, que
correspondia, em fevereiro, a cerca de 30% do total.
"O Brasil precisa reduzir sua
vulnerabilidade em relação a esse
aspecto [o alto endividamento"",
disse ontem, durante o anúncio
do relatório semestral do FMI sobre as perspectivas econômicas
globais.
Ele citou duas formas para o
país reduzir sua dependência externa. A primeira, manter a política de superávit primário (receitas
maiores que despesas, exceto gastos com juros). A outra seria aumentar sua participação no comércio mundial, o que "contribuiria para reduzir a relação entre dívida pública e exportações".
Meta de inflação
Um dia após o Banco Central ter
interrompido a queda dos juros, o
Fundo destacou a necessidade de
o Brasil cumprir a meta de inflação neste ano, fixada em 3,5%
com variação de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
"A política monetária foi modestamente afrouxada nos últimos meses, mas é necessário manter a vigilância para garantir
que a meta de inflação seja alcançada", disse o FMI no relatório.
O economista-chefe do Fundo,
Kenneth Rogoff, disse, no entanto, que, "embora tenha ocorrido
um ligeiro aumento na inflação,
isso parece estar sendo administrado pelas autoridades".
Outra preocupação do FMI em
relação ao Brasil é com o fato de
2002 ser um ano eleitoral. "Alguns países tendem a ficar menos
atentos ao equilíbrio fiscal em ano
de eleições", disse Rogoff.
O FMI destacou também "fatos
promissores" para a economia
brasileira, como a "melhoria no
acesso aos mercados de capitais"
e um forte fluxo de investimentos
estrangeiros no país.
De acordo com a instituição, a
elevação da estimativa de crescimento da economia brasileira para este ano está baseada na recuperação do consumo interno e na
melhoria do desempenho comercial (aumento do saldo da balança). Para 2003, o Fundo projetou
crescimento econômico de 3,5%.
Para o balanço de pagamentos
(relação entre todas as transações
-comerciais e financeiras- do
Brasil com o mundo), a instituição espera déficit menor neste
ano do que o de 2001, de 3,7% do
PIB (Produto Interno Bruto), contra 4,6% no ano passado. Em 2003, o déficit subiria para 4,1%.
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