São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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PAINEL S.A

No limite
Apesar de o efeito do plano de racionamento sobre a inflação ser pequeno (apenas 0,15%), uma coisa é certa. A meta do governo de 4%, com folga para chegar a 6%, já está praticamente comprometida. Diante do choque agrícola e da valorização do dólar, a inflação este ano está muito perto de 6%, de acordo com a consultoria Tendências.

Sem alteração
A produção da Embraer não será afetada com o plano de racionamento do governo. Quem garante é Satoshi Yokota, vice-presidente industrial da empresa. A Embraer possui meios de redirecionar o consumo de energia para uso industrial e ficar dentro das cotas fixadas pelo plano.

Economia de guerra
O Banco do Brasil garante que seu centro de processamento de dados de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília não será afetado com o plano. O banco possui dois supergeradores alemães, que produzem 2.500 kWh e que podem funcionar por 11 dias sem interrupção. Esses geradores são usados em navios de guerra e equivalem ao consumo de 12,5 mil residências de 170 kWh/mês cada.

Adiado
O governo decidiu adiar para o segundo tempo a operação de tirar José Mário Abdo da Aneel.

Na torcida
Ronaldo Fabrício, ex-presidente de Furnas, torce para o sucesso do plano antiapagão do governo e para que chova nas próximas semanas. Se der errado, o apagão será muito maior.

Copene
Carlos Eduardo de Freitas, do BC, se reuniu ontem com Álvaro Cunha, da Odebrecht, e Pedro Henrique Mariani, do grupo Mariani. Os três formam o chamado grupo do protocolo para a venda da Copene.

BID sobe o morro
Enrique Iglesias, presidente do BID, almoça hoje no Rio com a equipe do Comitê para a Democratização da Informática e depois visita um dos projetos do CDI nas favelas da zona norte.

A escolha de Sofia
A crise de energia pode decretar o fim do jipe Bandeirante da Toyota. Desde 2000 a fábrica estuda duas hipóteses: automatizar a sua produção, hoje quase artesanal, ou extinguir o jipe que faz 40 anos este ano. A automação ficou ameaçada com o plano de racionamento de energia que proíbe expansão do consumo elétrico. A decisão sai em junho.

Energia no campo
De olho na crise de energia, Michael Ceitlin, presidente da Eberle Mundial, lançou no Brasil um motor especialmente desenvolvido para distribuição de energia elétrica no campo.

Desligado
Microsoft, Compaq, Vermont e ProcWork já desligaram a iluminação de suas logomarcas no edifício Torre Norte, no Brooklin (SP), para colaborar com o plano de racionamento de energia do governo.

Sinal verde
Olavo Rocha, pesquisador do departamento de engenharia elétrica da UFPA, no Pará, criou um semáforo que funciona sem energia por cinco horas, por meio de bateria auto-recarregável. O equipamento está em testes e custará menos do que um convencional.

E-mail: guilherme.barros@uol.com.br

ANÁLISE

Falta de consenso

Não há entre os economistas consenso sobre o impacto do plano de racionamento no comportamento do Produto Interno Bruto. Pelas contas da consultoria Tendências, por exemplo, o pacote irá provocar uma redução de 0,5 ponto percentual no crescimento da economia. Com isso, a expansão do PIB cairá de 4% para 3,5% este ano, de acordo com o economista Roberto Padovani, da Tendências. Já Carlos Kawall, do Citibank, prevê uma redução de 1,5 ponto percentual no crescimento da economia. Sua previsão é uma expansão do PIB de 2,5% este ano. O problema é que se trata de uma experiência nova no Brasil e ninguém tem um modelo econométrico confiável que possa medir com segurança os efeitos de um racionamento.

NO MERCADO

Enquanto as principais ações das empresas de energia elétrica voltaram a recuar ontem na Bolsa, os papéis de segunda linha do setor conseguiram respirar. As ações preferenciais da Emae e da EPTE fecharam com valorização de 2,6% e 1,8%, respectivamente.

FRASE

"Se o plano não der certo, eu estarei lenhado"


James Correia, engenheiro eletricista e um dos pais do plano antiapagão

NÚMEROS

0,31%

Foi alta dos preços ao consumidor no ABC paulista em 30 dias- encerrados no dia 16-, segundo o Imes.

1,08%

Foi a alta dos aluguéis comerciais em São Paulo em abril. Em 12 meses, a alta é de 15,85%, segundo a Hubert.



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