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INFORMÁTICA
Departamento de Justiça e 20 Estados norte-americanos acusam empresa de "operações anticompetitivas"
EUA processam Microsoft por monopólio
ALESSANDRA BLANCO
de Nova York
O Departamento de Justiça dos
EUA e procuradores de 20 Estados
americanos entraram ontem formalmente com um processo contra a Microsoft por prática de monopólio.
As negociações entre a empresa e
o governo durante o final de semana permaneceram em um impasse, e a Microsoft decidiu enviar o
Windows 98 para os fabricantes de
computadores.
Ao meio-dia, a procuradora-geral dos EUA, Janet Reno, anunciou que o Departamento de Justiça estaria entregando na corte distrital de Washington um processo
acusando a Microsoft de usar o
domínio que tem com o Windows
para obrigar fabricantes de computadores a instalarem também
seu browser Explorer, sistema de
acesso à Internet.
"As ações da Microsoft têm asfixiado a competição nos sistemas
operativos e no mercado de browsers. Têm restringido as escolhas
disponíveis na América e no mundo todo", disse Reno.
A procuradora disse ainda que
reconhece a importância da Microsoft nos EUA e o quanto atuou
no desenvolvimento da tecnologia, mas enfatizou que a empresa
estava sendo processada ontem
por "mais uma de uma série de
operações anticompetitivas".
Os procuradores representantes
de 20 Estados também informaram que a decisão tem por base o
direito dos consumidores de escolherem que tipo de software querem ter em seus computadores
pessoais e não terem isso escolhido para eles.
Basicamente, o Departamento
de Justiça quer que a Microsoft
permita que os fabricantes de
computadores instalem junto com
o Windows 98 e seu browser Explorer cópias do browser de sua rival, a Netscape Communications
Corp., e um outro software a ser
selecionado pela Microsoft. Assim, não seria necessário separar o
Explorer do Windows 98.
"É como pedir à Coca-cola que
envie três Pepsi na sua embalagem
com seis garrafas", disse ontem o
presidente da Microsoft, Bill Gates, em uma coletiva de imprensa
por telefone, de Washington.
A Microsoft também está sendo
acusada de ter feito uma proposta
à Netscape para que usasse seu
browser em todos os computadores pessoais que não tenham o sistema Windows -hoje em 90%
dos computadores- e ainda de
ter forçado os fabricantes de computadores a aceitar o Explorer
junto com o Windows 98, além de
ter contratos ilegais com provedores da Internet.
Em sua entrevista, Bill Gates negou essas acusações e se disse "desapontado" por não ter chegado a
um acordo com o governo após
dez dias de negociações.
"Que irônico que nos EUA
-onde a liberdade e a inovação
são valores fundamentais-, esses
reguladores estão tentando punir
uma empresa americana que tem
trabalhado duro e de forma
bem-sucedida por se entregar a esses valores", disse Bill Gates.
O presidente da Microsoft também já previu que terá "despesas
significativas" para defender sua
empresa do processo contra prática de monopólio.
"Enquanto estou desapontado
pelo acontecimento de hoje, eu espero ansiosamente apresentar
nosso caso na corte e continuar a
criar um maravilhoso software para os consumidores", disse.
Gates disse acreditar que esse
processo é "contraproducente,
custoso para quem paga impostos
e não vai ter sucesso".
"Como no ano passado, a queixa central do governo é que, de alguma forma, é ilegal a Microsoft
avançar tecnologicamente e ajudar os consumidores, fazendo o
Windows trabalhar bem com a Internet".
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