São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

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INFORMÁTICA
Departamento de Justiça e 20 Estados norte-americanos acusam empresa de "operações anticompetitivas"
EUA processam Microsoft por monopólio

ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

O Departamento de Justiça dos EUA e procuradores de 20 Estados americanos entraram ontem formalmente com um processo contra a Microsoft por prática de monopólio.
As negociações entre a empresa e o governo durante o final de semana permaneceram em um impasse, e a Microsoft decidiu enviar o Windows 98 para os fabricantes de computadores.
Ao meio-dia, a procuradora-geral dos EUA, Janet Reno, anunciou que o Departamento de Justiça estaria entregando na corte distrital de Washington um processo acusando a Microsoft de usar o domínio que tem com o Windows para obrigar fabricantes de computadores a instalarem também seu browser Explorer, sistema de acesso à Internet.
"As ações da Microsoft têm asfixiado a competição nos sistemas operativos e no mercado de browsers. Têm restringido as escolhas disponíveis na América e no mundo todo", disse Reno.
A procuradora disse ainda que reconhece a importância da Microsoft nos EUA e o quanto atuou no desenvolvimento da tecnologia, mas enfatizou que a empresa estava sendo processada ontem por "mais uma de uma série de operações anticompetitivas".
Os procuradores representantes de 20 Estados também informaram que a decisão tem por base o direito dos consumidores de escolherem que tipo de software querem ter em seus computadores pessoais e não terem isso escolhido para eles.
Basicamente, o Departamento de Justiça quer que a Microsoft permita que os fabricantes de computadores instalem junto com o Windows 98 e seu browser Explorer cópias do browser de sua rival, a Netscape Communications Corp., e um outro software a ser selecionado pela Microsoft. Assim, não seria necessário separar o Explorer do Windows 98.
"É como pedir à Coca-cola que envie três Pepsi na sua embalagem com seis garrafas", disse ontem o presidente da Microsoft, Bill Gates, em uma coletiva de imprensa por telefone, de Washington.
A Microsoft também está sendo acusada de ter feito uma proposta à Netscape para que usasse seu browser em todos os computadores pessoais que não tenham o sistema Windows -hoje em 90% dos computadores- e ainda de ter forçado os fabricantes de computadores a aceitar o Explorer junto com o Windows 98, além de ter contratos ilegais com provedores da Internet.
Em sua entrevista, Bill Gates negou essas acusações e se disse "desapontado" por não ter chegado a um acordo com o governo após dez dias de negociações.
"Que irônico que nos EUA -onde a liberdade e a inovação são valores fundamentais-, esses reguladores estão tentando punir uma empresa americana que tem trabalhado duro e de forma bem-sucedida por se entregar a esses valores", disse Bill Gates.
O presidente da Microsoft também já previu que terá "despesas significativas" para defender sua empresa do processo contra prática de monopólio.
"Enquanto estou desapontado pelo acontecimento de hoje, eu espero ansiosamente apresentar nosso caso na corte e continuar a criar um maravilhoso software para os consumidores", disse.
Gates disse acreditar que esse processo é "contraproducente, custoso para quem paga impostos e não vai ter sucesso".
"Como no ano passado, a queixa central do governo é que, de alguma forma, é ilegal a Microsoft avançar tecnologicamente e ajudar os consumidores, fazendo o Windows trabalhar bem com a Internet".



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