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Turbulência já faz multinacionais
perderem valor no mercado externo
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise brasileira bateu pesado
no valor de mercado de multinacionais no exterior. As ações de
empresas estrangeiras, com negócios no Brasil, caem há dias nas
Bolsas espanholas e portuguesas.
Nesta semana, ocorreu uma ligeira recuperação, que os analistas
consideram sem expressão.
"Muito Brasil, muita América
Latina e pouca paciência dos investidores" repercutem negativamente nas ações das companhias,
informa o relatório do Morgan
Stanley na Espanha.
As empresas mais atingidas nas
últimas duas semanas -até o fechamento do mercado ontem-
foram Portugal Telecom, Sonae,
BCP, Telefônica, EDP (Eletricidade de Portugal, controladora da
Cerj e Bandeirante) e Jerônimo
Martins (dono das redes Sé).
Só as ações da Portugal Telecom, controladora da Telesp, acumulam uma perda de 12,3% nos
últimos trinta dias, segundo índice Euronext Lisbon, da Bolsa portuguesa. O Dresdner Bank decidiu, nesta semana, reduzir a expectativa de preço alvo das ações
do grupo de 11 para 8,80. O
banco não acredita que a cotação
do papel subirá tão cedo.
O Sonae, rede de varejo de Portugal com lojas no Sul do país,
também registrou queda em seus
papéis de 6% na semana passada.
A expansão ontem, de 4,69%, ainda não recupera as perdas.
No caso da Telefônica, empresa
espanhola que explora a área de
telefonia fixa, foi apurada retração nos papéis negociados na Bolsa de Madri. O Ibex 35, indicador
das empresas com maior rentabilidade, mostra elevação superior a
2,7% nos dois últimos dias. Mas,
no acumulado da semana, a queda supera os 11%.
Até a primeira semana de junho, segundo a Folha apurou, a
empresa acumulava uma queda
de quase 33% em suas cotações,
em relação a igual período de
2001. Isso acaba arrastando o índice geral da Bolsa de Madri.
De acordo com relatórios semanais de analistas apresentados na
semana passada, e publicados pelo jornal português "Diário de
Notícias", os investidores querem
abandonar os papéis de empresas
brasileiras, preocupados com a
desvalorização do real, com a possibilidade de vitória de um partido de oposição país e devido à demora na retomada da expansão
na América Latina.
Há outras razões para a depreciação. O setor de telecomunicações passa por uma forte reestruturação, com perdas de rentabilidade e reduções nos lucros dos
grupos que exploram a área. Isso
também tem impacto no valor
dos papéis. Além disso, outras
questões ajudam a pressionar o
valor de mercado das empresas.
No setor varejista, por exemplo,
o grupo Jerônimo Martins, dono
do Sé, vive um momento delicado
devido ao alto endividamento e a
dificuldade de elevar seu caixa.
Para tentar resolver esse problema, a empresa tentou vender a rede Sé por R$ 500 milhões no mês
de maio. As redes brasileiras
acharam o negócio caro demais.
Sem ter como elevar seu caixa, os
papéis da companhia despencaram em junho. A recente elevação
nessa semana ocorreu apenas
porque as ações tinha caído tanto
que tornou-se interessante comprá-las novamente.
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