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Planalto vai socorrer setor de máquinas
Mantega diz que estão em estudo medidas na área de crédito; fabricantes de bens de capital serão principais beneficiados, afirma Coutinho
Com faturamento 23%
menor, indústria cobra
incentivos fiscais; governo
também avalia medidas
para estimular demanda
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o
governo em breve apresentará
novas medidas para reduzir o
custo do investimento para que
as empresas pensem em expandir as suas atividades "e o Brasil
surja, no pós-crise, com uma
economia mais forte". Ele não
quis dar detalhes das providências que estão em em análise,
mas adiantou que entre elas há
decisões "na área de crédito".
Luciano Coutinho, presidente do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social), afirmou que o setor
de máquinas e equipamentos
deve ser o principal beneficiado
pelas novidades por ser "estratégico" e "o primeiro a entrar e
o último a sair" das crises. "Estamos conversando com o Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior
sobre maneiras de estimular o
empresariado a retomar o investimento", disse Coutinho,
após participar, com Mantega,
em São Paulo, da premiação
Destaque Agência Estado Empresas.
Segundo a Folha apurou, o
setor de bens de capital já tem
reuniões marcadas para a próxima semana com os governos
federal e estaduais para discutir as medidas que podem ser
adotadas. Entre os pedidos, está o de ampliar a concessão de
créditos de PIS/Cofins e de
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
para quem adquire máquinas.
Após Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq (Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), reclamar bastante da situação do setor, durante a reunião do grupo
de acompanhamento da crise
em Brasília, anteontem, Mantega encomendou à SPE (Secretaria de Política Econômica), do ministério, um estudo
sobre o que pode ser feito.
O ministro argumentou, no
encontro, entretanto, que talvez seja melhor lançar mão de
outras medidas que estimulem
a demanda por equipamentos,
em vez de socorrer a indústria
de máquinas diretamente. Isso
poderia ser feito por meio da
abertura de linhas especiais de
crédito do BNDES para a aquisição de bens de capital. Desonerações estão praticamente
fora de cogitação.
"O segmento está sofrendo
um processo de desindustrialização. Já houve demissões de
17 mil funcionários desde outubro, e mais 35 mil podem ser
cortados até o final do ano, o
que levaria o nível de emprego
a retornar ao que era em 2006,
com aproximadamente 200
postos de trabalho", disse Aubert Neto à Folha. "Por conta
da carga tributária elevada e do
dólar baixo demais, os fabricantes importam maquinário
da China e somente colocam a
sua marca aqui."
Em maio, conforme dados
preliminares da Abimaq obtidos com exclusividade pela Folha, o faturamento da indústria
de máquinas caiu 22,6% ante o
mesmo mês de 2008, para R$ 5
bilhões. Nos primeiros cinco
meses de 2009, o faturamento
acumulado ficou em R$ 23,7 bilhões, montante 24,4% menor
do que o registrado no mesmo
período de 2008. No mesmo intervalo, as exportações recuaram 29,6% na comparação
anual, para US$ 3,125 bilhões.
As importações tiveram baixa
de 1,8%, chegando a US$ 7,917
bilhões no período.
Para Mantega, a crise "amainou" no Brasil. No entanto, não
é hora de comemorar, pois
"ainda há muito a fazer" para
que a economia do país efetivamente se recupere. Na sua previsão, o PIB (Produto Interno
Bruto) em 2009 será "fraco, porém positivo". Em 2010, segundo ele, é possível crescer 4%, e,
no ano seguinte, 5%.
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