São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Número dois do Fundo vem ao Brasil

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A vice-diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, vem ao Brasil na próxima semana para se encontrar com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com a equipe econômica do governo.
A viagem de Krueger ao país seria, a princípio, somente para participar do Encontro Latino-Americano da Sociedade Econométrica, que começa na quarta-feira à noite em São Paulo e do qual será palestrante. O evento terá a participação de pelo menos 300 economistas do mundo. No entanto, a vice-diretora do Fundo antecipou a viagem para conversar com as autoridades brasileiras.
Por coincidência ou não, Krueger chega ao Brasil no momento em que se discute a possibilidade de um acordo de transição política com eventual apoio do FMI. Mas nem o governo nem o Fundo confirmam que esse seja o motivo da viagem. É a primeira viagem de Krueger ao Brasil como a número dois do Fundo.
O anúncio da vinda da vice-diretora do FMI ocorreu um dia após o ministro Pedro Malan (Fazenda) ter informado que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, vem ao Brasil no começo do mês que vem.

Armínio
A primeira conversa de Krueger será com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na segunda-feira, no Rio. No dia seguinte, segue para Brasília, onde será recebida por FHC e por Malan. Krueger vem acompanhada do representante do Brasil no FMI, Murilo Portugal, entre outros membros do Fundo.
Na semana passada, Fraga foi a Washington para se encontrar com O'Neill, com o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, e com o presidente do Fed (o banco central americano), Alan Greenspan. O'Neill e Köhler divulgaram notas positivas sobre o Brasil, apesar de não ter havido nenhuma menção sobre um acordo de transição de governo com o país.
Na ocasião, Fraga disse que não tinha "procuração" dos candidatos à Presidência para propor ao Fundo um programa econômico de transição da administração atual para a próxima.
O encontro do qual Krueger participará é organizado pela Fundação Getúlio Vargas. O tema de sua palestra é "A necessidade de Mecanismos de Reestruturação da Dívida Soberana", tese que ela defende que seja aplicada a países insolventes, mas que encontra resistência no Fundo.

Malan e FMI
Malan disse anteontem, contudo, que não descarta nenhuma possibilidade, apesar de não confirmar negociações de acordo. Segundo ele, discussões para um novo acordo com o Fundo são um processo demorado.
Ontem, o ministro da Fazenda também não descartou que o Brasil venha a pedir uma nova ajuda do FMI até o final do ano.
Malan participou de uma palestra para empresários no Banco da Amazônia, em Belém (PA).
Questionado se descartaria pedir nova ajuda do FMI ao Brasil durante reunião com a número 2 do Fundo, Anne Krueger, na próxima semana, Malan afirmou: "Eu não descarto nada. Um país como o Brasil tem o direito e o dever de manter todas as suas opções em aberto. Só isso que tenho a dizer. Não tenho razão para fechar portas".
Malan vai conversar com Anne Krueger na próxima semana, no Encontro Internacional da Sociedade Econometria, no Rio de Janeiro.
"Como ela [Anne Krueger" tinha já este compromisso de vir aqui, ela pediu para aproveitar, pois já estaria no Brasil por dois dias e meio para este encontro, se podia se encontrar com membros do governo brasileiro e do setor privado", afirmou o ministro da Fazenda.
Malan disse que a viagem de Krueger não é uma vista de emergência. "Tanto que os organizadores deste evento sabiam desta visita, de longa data, e resolvemos aproveitar para ter outras conversas", afirmou.
"Fui convidado meses atrás e esta pessoa [Krueger" há meses assumiu o compromisso de participar desta conferência, quando apresentará um trabalho", disse o ministro.
Malan não quis explicar o teor da conversa que terá com Krueger, mas confirmou que "ela irá se encontrar com empresários e com algumas pessoas do governo brasileiro".
Ao discutir a questão de um novo acordo com o Fundo, para fazer a transição ao novo governo do país, Malan não foi incisivo. "Nós temos um programa em vigor, que vai até dezembro", disse.



Texto Anterior: Juro menor faz governo poupar R$ 1,6 bi por ano
Próximo Texto: Decisão do BC não afeta juro de crediário
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.