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Número dois do Fundo vem ao Brasil
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
A vice-diretora-gerente do FMI
(Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, vem ao Brasil
na próxima semana para se encontrar com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com a
equipe econômica do governo.
A viagem de Krueger ao país seria, a princípio, somente para participar do Encontro Latino-Americano da Sociedade Econométrica, que começa na quarta-feira à
noite em São Paulo e do qual será
palestrante. O evento terá a participação de pelo menos 300 economistas do mundo. No entanto, a
vice-diretora do Fundo antecipou
a viagem para conversar com as
autoridades brasileiras.
Por coincidência ou não, Krueger chega ao Brasil no momento
em que se discute a possibilidade
de um acordo de transição política com eventual apoio do FMI.
Mas nem o governo nem o Fundo
confirmam que esse seja o motivo
da viagem. É a primeira viagem de
Krueger ao Brasil como a número
dois do Fundo.
O anúncio da vinda da vice-diretora do FMI ocorreu um dia
após o ministro Pedro Malan (Fazenda) ter informado que o secretário do Tesouro dos Estados
Unidos, Paul O'Neill, vem ao Brasil no começo do mês que vem.
Armínio
A primeira conversa de Krueger
será com o presidente do Banco
Central, Armínio Fraga, na segunda-feira, no Rio. No dia seguinte, segue para Brasília, onde
será recebida por FHC e por Malan. Krueger vem acompanhada
do representante do Brasil no
FMI, Murilo Portugal, entre outros membros do Fundo.
Na semana passada, Fraga foi a
Washington para se encontrar
com O'Neill, com o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, e com o
presidente do Fed (o banco central americano), Alan Greenspan.
O'Neill e Köhler divulgaram notas positivas sobre o Brasil, apesar
de não ter havido nenhuma menção sobre um acordo de transição
de governo com o país.
Na ocasião, Fraga disse que não
tinha "procuração" dos candidatos à Presidência para propor ao
Fundo um programa econômico
de transição da administração
atual para a próxima.
O encontro do qual Krueger
participará é organizado pela
Fundação Getúlio Vargas. O tema
de sua palestra é "A necessidade
de Mecanismos de Reestruturação da Dívida Soberana", tese que
ela defende que seja aplicada a
países insolventes, mas que encontra resistência no Fundo.
Malan e FMI
Malan disse anteontem, contudo, que não descarta nenhuma
possibilidade, apesar de não confirmar negociações de acordo. Segundo ele, discussões para um
novo acordo com o Fundo são
um processo demorado.
Ontem, o ministro da Fazenda
também não descartou que o Brasil venha a pedir uma nova ajuda
do FMI até o final do ano.
Malan participou de uma palestra para empresários no Banco da
Amazônia, em Belém (PA).
Questionado se descartaria pedir nova ajuda do FMI ao Brasil
durante reunião com a número 2
do Fundo, Anne Krueger, na próxima semana, Malan afirmou:
"Eu não descarto nada. Um país
como o Brasil tem o direito e o dever de manter todas as suas opções em aberto. Só isso que tenho
a dizer. Não tenho razão para fechar portas".
Malan vai conversar com Anne
Krueger na próxima semana, no
Encontro Internacional da Sociedade Econometria, no Rio de Janeiro.
"Como ela [Anne Krueger" tinha já este compromisso de vir
aqui, ela pediu para aproveitar,
pois já estaria no Brasil por dois
dias e meio para este encontro, se
podia se encontrar com membros
do governo brasileiro e do setor
privado", afirmou o ministro da
Fazenda.
Malan disse que a viagem de
Krueger não é uma vista de emergência. "Tanto que os organizadores deste evento sabiam desta
visita, de longa data, e resolvemos
aproveitar para ter outras conversas", afirmou.
"Fui convidado meses atrás e
esta pessoa [Krueger" há meses
assumiu o compromisso de participar desta conferência, quando
apresentará um trabalho", disse o
ministro.
Malan não quis explicar o teor
da conversa que terá com Krueger, mas confirmou que "ela irá se
encontrar com empresários e
com algumas pessoas do governo
brasileiro".
Ao discutir a questão de um novo acordo com o Fundo, para fazer a transição ao novo governo do país, Malan não foi incisivo. "Nós temos um programa em vigor, que vai até dezembro", disse.
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