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TRABALHO
Segundo IBGE, retração foi de 7% em maio, na comparação com 2002
Rendimento do empregado na indústria cai pela 17ª vez
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Sob efeito da alta da inflação no
início do ano, o rendimento dos
trabalhadores da indústria caiu
mais uma vez em maio. A retração foi de 7% em relação a maio
de 2002, no 17º mês seguido de
queda. O indicador nunca foi positivo em toda a série histórica do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em
janeiro de 2002.
No acumulado do ano até maio,
a queda da folha de pagamento
real da indústria chegou a 6,9%,
segundo o IBGE. Na comparação
dessazonalizada (que exclui efeitos típicos de cada período) com o
mês anterior houve alta de 1,7%.
Além da inflação, a renda dos
empregados da indústria foi afetada pelo menor nível de atividade do setor, segundo o IBGE. Em
maio, a produção da indústria recuou 0,3% ante igual mês de 2002.
No ano, a alta é de 0,6%.
Outro indicador de piora do
mercado de trabalho foi a redução, pelo segundo mês seguido,
do número de pessoas ocupadas.
Em maio, o emprego industrial
caiu 0,6%, se comparado com o
mesmo período de 2002. Em relação a abril, a taxa com ajuste sazonal ficou praticamente estável (-0,1%). No acumulado do ano, há
ainda um pequeno crescimento
da ocupação na indústria: 0,2%.
"Com a queda da atividade industrial, os empregados perderam poder de barganha. Por isso,
conseguiram reajustes menores,
que nem sequer compensam a inflação. Há uma queda no poder de
compra, com a inflação corroendo os salários", disse André Macedo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE.
De janeiro a maio, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) teve alta de 6,8%. Em 12 meses, a taxa ficou em 17,24%. Para
Macedo, a inflação ainda estava
em trajetória de alta em maio e a
deflação de junho (-0,15%) ainda
não foi sentida nos indicadores de
rendimento.
Segundo ele, a crise do mercado
de trabalho e o cenário econômico turbulento estão fazendo com
que os trabalhadores se preocupem mais em manter o emprego
do que em negociar reajustes para
repor a inflação.
Para Macedo, a retração da indústria já se reflete no nível de
ocupação, o que fez o emprego no
setor interromper no mês passado uma sequência de cinco meses
consecutivos (de novembro de
2002 a março de 2003) de crescimento ou estabilidade.
O emprego demora mais a cair
do que a produção, uma vez que
os empresários aguardam algum
tempo antes de demitir, devido
aos altos custos das rescisões.
De acordo com Macedo, houve
uma retração "generalizada" do
emprego em maio: 9 das 14 áreas
pesquisadas demitiram mais do
que contrataram.
Os maiores impactos negativos
vieram de São Paulo, com queda
de 1,8% no número de pessoas
ocupadas, e do Rio, com 4,4%.
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