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São Paulo, sábado, 19 de julho de 2003

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TRABALHO

Segundo IBGE, retração foi de 7% em maio, na comparação com 2002

Rendimento do empregado na indústria cai pela 17ª vez

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Sob efeito da alta da inflação no início do ano, o rendimento dos trabalhadores da indústria caiu mais uma vez em maio. A retração foi de 7% em relação a maio de 2002, no 17º mês seguido de queda. O indicador nunca foi positivo em toda a série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em janeiro de 2002.
No acumulado do ano até maio, a queda da folha de pagamento real da indústria chegou a 6,9%, segundo o IBGE. Na comparação dessazonalizada (que exclui efeitos típicos de cada período) com o mês anterior houve alta de 1,7%.
Além da inflação, a renda dos empregados da indústria foi afetada pelo menor nível de atividade do setor, segundo o IBGE. Em maio, a produção da indústria recuou 0,3% ante igual mês de 2002. No ano, a alta é de 0,6%.
Outro indicador de piora do mercado de trabalho foi a redução, pelo segundo mês seguido, do número de pessoas ocupadas.
Em maio, o emprego industrial caiu 0,6%, se comparado com o mesmo período de 2002. Em relação a abril, a taxa com ajuste sazonal ficou praticamente estável (-0,1%). No acumulado do ano, há ainda um pequeno crescimento da ocupação na indústria: 0,2%.
"Com a queda da atividade industrial, os empregados perderam poder de barganha. Por isso, conseguiram reajustes menores, que nem sequer compensam a inflação. Há uma queda no poder de compra, com a inflação corroendo os salários", disse André Macedo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE.
De janeiro a maio, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) teve alta de 6,8%. Em 12 meses, a taxa ficou em 17,24%. Para Macedo, a inflação ainda estava em trajetória de alta em maio e a deflação de junho (-0,15%) ainda não foi sentida nos indicadores de rendimento.
Segundo ele, a crise do mercado de trabalho e o cenário econômico turbulento estão fazendo com que os trabalhadores se preocupem mais em manter o emprego do que em negociar reajustes para repor a inflação.
Para Macedo, a retração da indústria já se reflete no nível de ocupação, o que fez o emprego no setor interromper no mês passado uma sequência de cinco meses consecutivos (de novembro de 2002 a março de 2003) de crescimento ou estabilidade.
O emprego demora mais a cair do que a produção, uma vez que os empresários aguardam algum tempo antes de demitir, devido aos altos custos das rescisões.
De acordo com Macedo, houve uma retração "generalizada" do emprego em maio: 9 das 14 áreas pesquisadas demitiram mais do que contrataram.
Os maiores impactos negativos vieram de São Paulo, com queda de 1,8% no número de pessoas ocupadas, e do Rio, com 4,4%.


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