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DRAGÃO ADORMECIDO
Com liquidações, índice recua 0,35%, o menor desde 99
Deflação bate novo recorde em SP
ALESSANDRA KIANEK
DA REDAÇÃO
A antecipação das liquidações
do vestuário e a queda dos preços
dos alimentos fizeram a taxa de
deflação da cidade de São Paulo
crescer e registrar novo recorde.
Nos últimos 30 dias, encerrados
no dia 15, o IPC (Índice de Preços
ao Consumidor), pesquisado pela
Fipe, apresentou queda de 0,35%,
a maior retração quadrissemanal
em mais de quatro anos.
A última vez que o índice havia
registrado uma queda tão acentuada havia sido na primeira quadrissemana de junho de 1999,
quando os preços haviam recuado 0,41%. A quadrissemana mede
a variação percentual dos preços
em 30 dias na comparação com os
30 dias imediatamente anteriores.
O ritmo de alta da deflação fez a
Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) rever para
baixo a estimativa da taxa esperada para este mês. O coordenador-adjunto do IPC, Juarez Rizzieri,
estima que a inflação vá ficar próxima de zero -antes a expectativa era uma taxa de 0,40%.
O reajuste menor da tarifa de telefone e o consumo retraído são
os principais motivos para a queda da estimativa para o final deste
mês, explica Rizzieri.
Demanda fraca
Segundo ele, a expectativa de redução dos juros está fazendo os
consumidores adiarem as compras. "Com a expectativa de que
os juros irão cair, as pessoas estão
esperando que os preços recuem
mais. A expectativa de demanda é
negativa."
Para Rizzieri, a queda do vestuário nos últimos 30 dias, de
0,23%, está relacionada com a
baixa renda do consumidor,
acentuada pelo baixo nível de atividade e de compras, mas também pela expectativa de queda
dos juros -que inibe as compras.
"Tudo isso é reflexo da falta de
reflexo do Banco Central, quando
há mais de dois meses já podia ter
reduzido os juros", disse Rizzieri.
O coordenador-adjunto do IPC
vê espaço para o BC derrubar os
juros em, no mínimo, dois pontos
percentuais na próxima semana.
Mas, na opinião dele, o Copom
não vai fazer esse corte. "O nível
de cautela é de tal ordem que [a
redução] não deve chegar nem a
dois pontos. Se baixar um ponto,
o BC já vai achar que está fazendo
grande coisa."
Rizzieri acha que o BC tem de
ter um pouco mais de ousadia
agora para depois manter uma
tendência de redução dos juros.
Segundo ele, a deflação mostra
um pouco de exagero no aperto
monetário e o aprofundamento
da crise econômica.
O núcleo da inflação dos produtos industrializados, exceto combustíveis, teve na segunda quadrissemana deste mês a sua primeira deflação (-0,08%) desde
que começou a ser medido pela
nova metodologia, em 2002.
Os alimentos industrializados
tiveram nos últimos 30 dias queda
de 0,19%, a primeira e a maior retração desde a terceira quadrissemana de maio de 2002.
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