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São Paulo, sábado, 19 de julho de 2003

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DRAGÃO ADORMECIDO

Com liquidações, índice recua 0,35%, o menor desde 99

Deflação bate novo recorde em SP

ALESSANDRA KIANEK
DA REDAÇÃO

A antecipação das liquidações do vestuário e a queda dos preços dos alimentos fizeram a taxa de deflação da cidade de São Paulo crescer e registrar novo recorde.
Nos últimos 30 dias, encerrados no dia 15, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), pesquisado pela Fipe, apresentou queda de 0,35%, a maior retração quadrissemanal em mais de quatro anos.
A última vez que o índice havia registrado uma queda tão acentuada havia sido na primeira quadrissemana de junho de 1999, quando os preços haviam recuado 0,41%. A quadrissemana mede a variação percentual dos preços em 30 dias na comparação com os 30 dias imediatamente anteriores.
O ritmo de alta da deflação fez a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) rever para baixo a estimativa da taxa esperada para este mês. O coordenador-adjunto do IPC, Juarez Rizzieri, estima que a inflação vá ficar próxima de zero -antes a expectativa era uma taxa de 0,40%.
O reajuste menor da tarifa de telefone e o consumo retraído são os principais motivos para a queda da estimativa para o final deste mês, explica Rizzieri.

Demanda fraca
Segundo ele, a expectativa de redução dos juros está fazendo os consumidores adiarem as compras. "Com a expectativa de que os juros irão cair, as pessoas estão esperando que os preços recuem mais. A expectativa de demanda é negativa."
Para Rizzieri, a queda do vestuário nos últimos 30 dias, de 0,23%, está relacionada com a baixa renda do consumidor, acentuada pelo baixo nível de atividade e de compras, mas também pela expectativa de queda dos juros -que inibe as compras.
"Tudo isso é reflexo da falta de reflexo do Banco Central, quando há mais de dois meses já podia ter reduzido os juros", disse Rizzieri.
O coordenador-adjunto do IPC vê espaço para o BC derrubar os juros em, no mínimo, dois pontos percentuais na próxima semana. Mas, na opinião dele, o Copom não vai fazer esse corte. "O nível de cautela é de tal ordem que [a redução] não deve chegar nem a dois pontos. Se baixar um ponto, o BC já vai achar que está fazendo grande coisa."
Rizzieri acha que o BC tem de ter um pouco mais de ousadia agora para depois manter uma tendência de redução dos juros. Segundo ele, a deflação mostra um pouco de exagero no aperto monetário e o aprofundamento da crise econômica.
O núcleo da inflação dos produtos industrializados, exceto combustíveis, teve na segunda quadrissemana deste mês a sua primeira deflação (-0,08%) desde que começou a ser medido pela nova metodologia, em 2002.
Os alimentos industrializados tiveram nos últimos 30 dias queda de 0,19%, a primeira e a maior retração desde a terceira quadrissemana de maio de 2002.


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