São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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MERCADO ABERTO

Cresce a dívida do consumidor brasileiro

Guilherme Barros @ - guilherme.barros@uol.com.br

O consumidor brasileiro está mais endividado. Levantamento da Ipsos-Opinion com mil pessoas realizado de 21 a 27 de junho mostra que 53% delas pagavam alguma prestação ou algum empréstimo no período. Na consulta feita em maio, esse percentual era de 49%.
O número de pessoas que informaram estar com dívidas em junho é semelhante ao constatado em janeiro (55%) e fevereiro (52%), meses em que, tradicionalmente, o consumidor está mais endividado devidos às compras para o Natal.
As dívidas dos consumidores, segundo identificou a Ipsos-Opinion, são mais com redes de lojas do que com instituições financeiras. Em junho, 79% dos entrevistados informaram que pagavam prestações em lojas, e 14%, que deviam a bancos.
"O consumidor está mais endividado, mas isso não preocupa. Há muito espaço para aumentar o financiamento no país. Nos países desenvolvidos, esse índice ultrapassa 80%", afirma Claudio Vaz, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), que encomendou o levantamento à Ipsos-Opinion.
Os empréstimos, segundo constatou o instituto de pesquisa, são utilizados, primeiramente, para pagamento de dívidas. Outras prioridades são reformas da casa, compra de carros, de eletrodomésticos e de móveis. As pessoas consultadas também citaram os empréstimos para investimentos em abertura de negócios próprios e para gastos com saúde.
O consumidor está mais endividado, mas está administrando melhor o orçamento. Em junho, a taxa de inadimplência medida pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo) foi de 5% -isto é, de cada cem carnês emitidos, cinco registravam atraso (superior a 30 dias) no pagamento. Em maio deste ano, essa taxa foi de 8,2%.
"O consumidor comprou mais a prazo. E, ao mesmo tempo, está mais preparado para pagar as contas em dia. A saída prematura do time brasileiro da Copa do Mundo, na verdade, esfriou o consumo, especialmente de produtos eletroeletrônicos. Os lojistas esperam relançar a economia a partir do Dia dos Pais", afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP.

FRAUDE NA MIRA
Até o final deste mês, a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo deve concluir um conjunto de medidas que permite a cassação de inscrição de contribuintes de ICMS envolvidos com práticas fraudulentas e esquemas de evasão fiscal. Hoje, só é possível cassar a inscrição de postos de gasolina e distribuidoras de combustíveis -até julho, a Fazenda paulista cassou inscrições de 147 desses estabelecimentos. Com as novas regras, qualquer contribuinte -como lojas ou fábricas- envolvido em fraude fiscal, poderá ser impedido de operar.

LÁ VEM MARINHEIRO
Após quatro anos longe da costa brasileira, o navio da Royal Caribbean, Splendour of the Seas, volta em 2007. Quando esteve no país, em 2001 e 2002, a companhia gastou cerca de R$ 22 milhões com publicidade, taxas e pessoal. Passageiros movimentaram R$ 69 milhões nas cidades visitadas. Para Maria Sastre, vice-presidente da Royal Caribbean para AL e Ásia, que veio ao Brasil anunciar a decisão, "o governo deveria liberar entraves burocráticos" -uma das regras determina que um terço da tripulação seja brasileira- pois "o Brasil tem condições geográficas e climáticas muito atrativas para o negócio".

ICE ICE BABY
Carro feito em pedra gigante de gelo pela Ford é exposto em feira de carros em Londres, na Inglaterra; o modelo foi usado na exibição para representar a tecnologia chamada "bioetanol"

PAPEL POLÍTICO
O empresário Horacio Lafer Piva assumiu ontem a presidência da Bracelpa. Segundo ele, as preocupações da gestão, entre outras, são a formação de PPPs para melhorar infra-estrutura de transportes, a concorrência desleal e a informalidade. Política? Não exatamente. Piva diz que o cenário político "é um problema para todo mundo", mas que não afeta o setor economicamente. "É um setor que consegue sair do curto prazo, é de longa maturação e ultrapassa crises econômicas. Quando quer investir, investe. Não vê quem ganha eleição", diz.



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