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BNDES renegociará até R$ 5 bi de agricultores
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A menos de três meses das
eleições, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) aderiu ao
programa de renegociação de
dívidas dos produtores e anunciou ontem a extensão de prazos de pagamento de dívidas do
setor agropecuário que somam
de R$ 4,5 bilhões a R$ 5 bilhões.
A cifra é quase metade de todo o volume de recursos já renegociados em maio com outras instituições públicas, como
o Banco do Brasil, cujo valor
atingiu de R$ 10,6 bilhões.
A diretoria do BNDES aprovou a prorrogação, por um ano,
no prazo de pagamento das dívidas de produtores rurais,
contraídas no âmbito dos Programas de Investimento do Setor Agropecuário. O novo prazo
começa a contar após o vencimento da última prestação e
vale para empréstimos já vencidos ou a vencer neste ano.
O BNDES autorizou ainda a
suspensão da cobrança das
prestações dos empréstimos
com vencimento neste ano, que
só passará a valer após a prorrogação ser formalizada pelo
agente financeiro que repassou
o crédito do banco.
A correção dos empréstimos
será feita, desde as datas de
vencimento até o pagamento,
pela TJLP (Taxa de Juros de
Longo Prazo) -hoje em 7,25%
ao ano-, mais 1% ao ano.
Segundo o BNDES, não há
ainda um valor preciso de
quanto poderá ser renegociado,
já que o adiamento dos prazos
será decidido mediante análise
de cada caso, exceto nas operações contratadas com mutuários que tenham como principal fonte de renda as culturas
de algodão, arroz, milho, soja,
sorgo ou trigo e com agricultores familiares voltados à produção de leite.
Essas são as lavouras mais
afetadas pela crise que assola o
setor do agronegócio brasileiro,
que tem sofrido com os baixos
preços internacionais das principais commodities e especialmente com a menor competitividade das exportações proporcionada pela valorização do
real ante o dólar.
Nos casos dessas lavouras e
da produção familiar de leite, a
concessão de novo prazo será
automática.
Mesmo fora do governo, a decisão do BNDES marca uma vitória do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que
se demitiu tentando viabilizar a
renegociação de todas as dívidas contraídas com bancos federais, inclusive o BNDES. Na
época, não obteve sucesso.
Agricultores voltados às culturas com melhores desempenhos e cujos preços estão em
bons níveis e que não foram
afetadas por problemas climáticos não terão direito à renegociação. É o caso dos produtores de café e de cana-de-açúcar.
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