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China cresce 11,3% no 2º tri, maior alta em 11 anos
Aumento do crédito e dos investimentos levaram à aceleração; inflação foi de 1,3%
Nos primeiros cinco meses de 2006, os bancos chineses já tinham utilizado 72% da meta de novos empréstimos definida para todo o ano
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Inundada por crédito barato
e empurrada por uma alta de
30,9% nos investimentos, a
economia chinesa superou as
estimativas mais otimistas e
cresceu 11,3% no segundo trimestre, o maior índice em 11
anos. Entre janeiro e junho, a
expansão foi de 10,9%.
Os números divulgados ontem já provocaram a revisão
para cima das estimativas de
crescimento do país. Andy Xie,
economista-chefe do Morgan
Stanley para a Ásia, elevou de
9,5% para 10,5% a previsão para 2006 e de 7,5% para 8,5% a
do próximo ano.
A China vem surpreendendo
analistas de todo o mundo pela
persistência de seu alto crescimento, que desafia as medidas
governamentais que tentam
reduzir o ritmo de atividade.
Em abril, o banco central elevou a taxa de juros em 0,27
ponto percentual, para 5,85%, a
primeira alta desde outubro de
2004. Dois meses depois, a instituição aumentou em 0,5 ponto percentual, para 8%, a parcela dos depósitos que os bancos
têm que deixar imobilizados no
banco central e, portanto, não
podem emprestar. A medida
retirou de circulação quase
US$ 19 bilhões.
A principal motivação das
duas decisões foi o forte crescimento na concessão de crédito
desde o início do ano. Mesmo
com a alta de 0,27 ponto percentual, a taxa de juros da China é baixa, o que facilita o acesso ao financiamento.
Nos primeiros cinco meses
do ano, as instituições financeiras já tinham utilizado 72% da
meta de 2,5 trilhões de yuans
(US$ 312,5 bilhões) de novos
empréstimos fixada para o ano.
O estoque de crédito dos bancos chineses está em US$ 2,9
trilhões, algo próximo de 130%
do PIB. No Brasil, o mesmo índice é de 31,2%.
A China conseguiu manter o
crescimento de dois dígitos
sem pressões inflacionárias: o
índice de preços ao consumidor
subiu 1,3% no semestre, abaixo
do 1,5% do ano passado.
A principal razão para isso é a
expansão da capacidade produtiva gerada pela elevação nos
investimentos. Como a alta na
demanda é acompanhada da
maior oferta de bens, há pouco
espaço para as empresas reajustarem seus preços.
Mas o grande risco do superaquecimento chinês é justamente o excesso na capacidade
de produção, para além do patamar que a demanda pode absorver. Esse cenário levaria à
redução brusca dos investimentos e da atividade, até que
fosse recuperado o equilíbrio.
É esse freio repentino que os
economistas chamam de "hard
landing" -pouso forçado. Ele
se contrapõe ao "soft landing"
-pouso suave-, que é a redução gradual da atividade que o
governo vem tentando atingir
desde 2004.
Xie afirma que os dados de
atividade econômica relativos a
junho indicam que o ritmo continua aquecido. A produção industrial foi de 19,5%, acima dos
17,9% de maio. As vendas no varejo subiram 13,9% em junho e
13,3% no semestre.
Em sua opinião, será inevitável que o banco central eleve
novamente os juros. Xie aposta
em mais duas altas de 0,27 ponto percentual até o fim do ano.
Jonathan Anderson, economista-chefe do UBS para a Ásia,
não acredita em aumento da taxa no curto prazo. Para ele, o
banco central ainda vai aguardar o efeito das medidas adotadas em abril e junho.
O porta-voz do Escritório
Nacional de Estatísticas, Zheng
Jingping, afirmou durante a divulgação dos dados que o governo ainda não decidiu se haverá nova alta da taxa de juros
neste trimestre.
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