São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2001

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VIZINHO EM CRISE

Após relutância dos EUA, argentinos tentam obter ajuda dos outros países mais ricos para ter dinheiro

Sem EUA, Argentina busca apoio do G-7

DA REDAÇÃO

Depois de ouvirem do secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'Neill, que os ""encanadores e carpinteiros norte-americanos" não podem ser obrigados a financiar a Argentina, os negociadores argentinos decidiram recorrer a outros membros do G-7 (Grupo dos Sete) para pressionar o FMI a liberar um novo pacote de ajuda.
""Além de continuarmos as negociações com o FMI, fizemos contatos com o Banco Mundial e com vários membros do G-7, países que têm um importante peso de decisão nos organismos internacionais", afirmou Daniel Marx, vice-ministro da Economia da Argentina, e responsável pelas negociações em Washington (EUA).
O G-7 reúne os sete países mais industrializados do mundo (ou seja, os próprios EUA, mais França, Canadá, Itália, Reino Unido, Japão e Alemanha). Marx se recusou a informar quais dos outros sócios do clube havia contatado.
A fala do secretário gerou a reação do ministro do Desenvolvimento Social argentino, Juan Pablo Cafiero. "A opinião de O'Neill representa um grupo que, não é a primeira vez, ataca a Argentina e expressa um sentimento ultraconservador que impera na administração George Bush", disse.
No governo americano estaria disseminada a impressão de que de nada serviriam sucessivos pacotes, se a Argentina não promovesse reformas em sua política monetária -o que passaria pela desvalorização do peso, que desde 1991 mantém a paridade de 1 para 1 com o dólar- ou uma reestruturação da dívida.
A relutância em conceder mais dinheiro fez a tensão retornar ao país, que aumentou ao se confirmar que Marx postergara sua volta a Buenos Aires -sinal do prolongamento das negociações.
Ainda, o porta-voz do FMI (Fundo Monetário Internacional) Thomas Dawson disse que as estimativas de um empréstimo de US$ 20 bilhões, como especulava o mercado, ""são exageradas".
Marx se esforça para obter ao menos uma declaração de apoio do G-7, para evitar que os mercados desabem amanhã, caso não consiga antecipar um anúncio sobre o possível socorro do Fundo.
Em troca do novo pacote, passados não mais de oito meses de uma operação de US$ 39,7 bilhões, o FMI estaria exigindo que o governo argentino cumpra a lei de déficit zero -em suma, não gastar mais do que arrecada- aprovada há menos de um mês.


Com agências internacionais

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