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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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MONTADORAS

Empresa suspende efeitos de carta sobre excedentes, e metalúrgicos aceitam retomar diálogo sobre criação da Autovisão

Volks pára transferência, e negociação volta

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
ELIANE MENDONÇA
DAS REGIONAIS, EM TAUBATÉ

Os metalúrgicos do ABC e de Taubaté aceitaram retomar as negociações com a Volkswagen para a criação do projeto Autovisão, empresa de realocação de pessoal, após a montadora informar que suspendeu os efeitos das cartas enviadas a 3.933 funcionários considerados excedentes.
Nos comunicados distribuídos a esses funcionários, a empresa informava que os excedentes seriam transferidos para o Instituto Gente a partir de 1º de setembro.
Em troca de a empresa interromper as transferências temporariamente, os sindicatos das duas regiões aceitaram suspender os protestos que há duas semanas vinham fazendo nas fábricas.
A decisão de retomar as negociações foi aprovada em assembléias realizadas com 10 mil dos 14,8 mil funcionários de São Bernardo do Campo (ABC) e com 4.000 dos 6.000 empregados de Taubaté (Vale do Paraíba).
O impasse começou em 21 de julho, quando a Volks anunciou a transferência dos excedentes, como parte de um projeto de reestruturação no Brasil. A montadora sofre pressão da matriz alemã para reduzir custos, com a extinção de 3.933 empregos, e recuperar competitividade no mercado.

Rompimento
Para os sindicatos, entretanto, essa transferência significava, na prática, o rompimento de acordos que garantem estabilidade aos trabalhadores -em Taubaté até 2004 e no ABC até 2006.
"Todos os critérios serão negociados. Vamos discutir o teor do projeto Autovisão. Se ele tiver que usar trabalhadores da Volks, por exemplo, vamos discutir como isso será feito. Queremos garantias para os trabalhadores e respeito total aos acordos. Nada será feito de forma compulsória", disse José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A direção da Volks informou que a transferência dos excedentes não está cancelada, mas interrompida enquanto as negociações continuarem. A empresa aceita discutir novos prazos e formas para a transferência.
Durante a assembléia, o presidente do sindicato de Taubaté, Antonio Eduardo de Oliveira, leu para os trabalhadores a carta assinada pelo vice-presidente de Recursos Humanos da Volks, João Rached, que foi encaminhada aos sindicatos do ABC e de Taubaté na última sexta-feira comunicando a decisão da empresa.

Tranquilidade
Na carta, a Volks deixa claro que quer a garantia de que os trabalhadores deixarão de realizar protestos, promovendo a paralisação total ou parcial da linha de produção da montadora até que terminem as negociações. A carta, assinada por Rached, afirma que essa medida visa "garantir condições de tranquilidade aos empregados", sem prejudicar a produção.
As negociações entre sindicatos e empresa devem ser retomadas hoje, com a discussão de uma agenda de reuniões. Um grupo de sindicalistas e trabalhadores vai até a Alemanha entre os dias 25 e 29 deste mês conhecer o projeto Autovisão, que serviu de modelo para o programa brasileiro.
A Volks anunciou investimentos de R$ 300 milhões na criação do instituto, que capacitará os trabalhadores excedentes, e no programa Autovisão, uma unidade que incentivará negócios e oportunidades fora das fábricas.
No ABC, o sindicato fará um sorteio entre os operários que receberam as cartas para escolher um horista e um mensalista para viajarem com o grupo.


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