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MONTADORAS
Empresa suspende efeitos de carta sobre excedentes, e metalúrgicos aceitam retomar diálogo sobre criação da Autovisão
Volks pára transferência, e negociação volta
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
ELIANE MENDONÇA
DAS REGIONAIS, EM TAUBATÉ
Os metalúrgicos do ABC e de
Taubaté aceitaram retomar as negociações com a Volkswagen para
a criação do projeto Autovisão,
empresa de realocação de pessoal,
após a montadora informar que
suspendeu os efeitos das cartas
enviadas a 3.933 funcionários
considerados excedentes.
Nos comunicados distribuídos
a esses funcionários, a empresa
informava que os excedentes seriam transferidos para o Instituto
Gente a partir de 1º de setembro.
Em troca de a empresa interromper as transferências temporariamente, os sindicatos das
duas regiões aceitaram suspender
os protestos que há duas semanas
vinham fazendo nas fábricas.
A decisão de retomar as negociações foi aprovada em assembléias realizadas com 10 mil dos
14,8 mil funcionários de São Bernardo do Campo (ABC) e com
4.000 dos 6.000 empregados de
Taubaté (Vale do Paraíba).
O impasse começou em 21 de
julho, quando a Volks anunciou a
transferência dos excedentes, como parte de um projeto de reestruturação no Brasil. A montadora sofre pressão da matriz alemã
para reduzir custos, com a extinção de 3.933 empregos, e recuperar competitividade no mercado.
Rompimento
Para os sindicatos, entretanto,
essa transferência significava, na
prática, o rompimento de acordos
que garantem estabilidade aos
trabalhadores -em Taubaté até
2004 e no ABC até 2006.
"Todos os critérios serão negociados. Vamos discutir o teor do
projeto Autovisão. Se ele tiver que
usar trabalhadores da Volks, por
exemplo, vamos discutir como isso será feito. Queremos garantias
para os trabalhadores e respeito
total aos acordos. Nada será feito
de forma compulsória", disse José
Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A direção da Volks informou
que a transferência dos excedentes não está cancelada, mas interrompida enquanto as negociações continuarem. A empresa
aceita discutir novos prazos e formas para a transferência.
Durante a assembléia, o presidente do sindicato de Taubaté,
Antonio Eduardo de Oliveira, leu
para os trabalhadores a carta assinada pelo vice-presidente de Recursos Humanos da Volks, João
Rached, que foi encaminhada aos
sindicatos do ABC e de Taubaté
na última sexta-feira comunicando a decisão da empresa.
Tranquilidade
Na carta, a Volks deixa claro que
quer a garantia de que os trabalhadores deixarão de realizar protestos, promovendo a paralisação
total ou parcial da linha de produção da montadora até que terminem as negociações. A carta, assinada por Rached, afirma que essa
medida visa "garantir condições
de tranquilidade aos empregados", sem prejudicar a produção.
As negociações entre sindicatos
e empresa devem ser retomadas
hoje, com a discussão de uma
agenda de reuniões. Um grupo de
sindicalistas e trabalhadores vai
até a Alemanha entre os dias 25 e
29 deste mês conhecer o projeto
Autovisão, que serviu de modelo
para o programa brasileiro.
A Volks anunciou investimentos de R$ 300 milhões na criação
do instituto, que capacitará os trabalhadores excedentes, e no programa Autovisão, uma unidade
que incentivará negócios e oportunidades fora das fábricas.
No ABC, o sindicato fará um
sorteio entre os operários que receberam as cartas para escolher
um horista e um mensalista para
viajarem com o grupo.
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