São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2004

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TANGO ALEGRE

Governo planeja reajuste em setembro e convoca patrões e sindicatos

Argentina quer aumentar mínimo

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

O governo argentino convocou ontem indústria e trabalhadores para discutir um novo aumento do salário mínimo. Se for concedido, será o segundo neste ano e o terceiro da administração do presidente Néstor Kirchner, que assumiu em maio de 2003. O governo pretende aumentar o mínimo de 350 para 400 pesos (valor mais ou menos equivalente em reais).
De acordo com o ministro da Economia, Roberto Lavagna, o "Conselho do Salário" vai se reunir a partir do dia 26 e será composto por representantes dos sindicatos, da indústria, do comércio, dos setores de serviços e financeiro e pelo governo. O objetivo, segundo Lavagna, é que o novo mínimo comece a vigorar a partir de setembro.
Na semana passada, Kirchner autorizou um aumento de 10% nos salários de aposentados e pensionistas que recebem até mil pesos por mês.
Com a desaceleração da economia e a queda nos índices que medem a intenção do consumo a partir do mês passado, o governo pretende manter o ritmo da economia por meio de aumento de salários.
Oficialmente, porém, o governo afirma que o aumento é para garantir que "a Argentina cresça para todos os setores", nas palavras ditas ontem por Kirchner.
Hoje será divulgado o índice que mede a atividade industrial. A imprensa local já adiantou que em julho houve queda de 1,5% em relação a junho. A queda foi de 5,6% na produção de automóveis e de 9,7% na indústria metalúrgica, dois setores altamente sensíveis às oscilações de demanda.
No ano passado, a economia argentina cresceu 8,7% e neste ano o governo projeta expansão do PIB (Produto Interno Bruto) de 6%.
O índice de confiança do consumidor do Centro de Investigação em Finanças da Universidade Torquato Di Tela caiu 3,8% em julho com relação a junho.
A oposição tem criticado o aumento dos gastos públicos, que neste ano já ultrapassaram em 9% o Orçamento aprovado em dezembro do ano passado.
Mas a arrecadação subiu mais de 30% com relação ao ano passado. O bom resultado é conseqüência de aumento de impostos, recuperação econômica e principalmente de mais receitas com tributação de exportação de soja, cujo preço no mercado internacional neste ano foi recorde.
O consultor e ex-ministro da Economia Ricardo López Murphy tem criticado o poder dado recentemente ao Executivo para modificar o Orçamento sem aprovação do Legislativo.


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