São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

BC não deve mexer em juro, diz Cypriano

No atual momento de crise financeira, o mais prudente seria o Banco Central não mexer por enquanto na taxa básica de juro da economia. A afirmação é do presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, ao comentar a atual fase de turbulência no mercado financeiro global e seu efeito sobre o Brasil.
"Se eu fosse um dos participantes do Copom, por prudência, eu não mexeria na taxa de juro. Eu defenderia a manutenção da Selic em 11,5%", afirma. "Não é um momento propício para baixar o juro."
Segundo Cypriano, nas atuais circunstâncias é importante o Brasil manter a estabilidade e mostrar que a economia está sob controle. Nos últimos dois anos, ele disse que o juro já caiu 8,25 pontos percentuais e, agora, o mais aconselhável seria frear essa queda até se entender melhor a crise.
A principal preocupação de Cypriano é de a alta do dólar nos últimos dias gerar alguma pressão inflacionária, e, por essa razão, ele recomenda ao Banco Central não mexer no juro. O problema, de acordo com ele, é que a cotação do dólar subiu muito rapidamente para o patamar de R$ 2, e isso pode eventualmente, a seu ver, afetar a inflação.
Apesar da preocupação com a inflação, Cypriano demonstra bastante otimismo com a atual situação do país. Segundo ele, a economia está sob controle, e os fundamentos da economia, muito positivos.
Nos últimos dois anos, Cypriano disse que o crédito se expandiu de R$ 550 bilhões para R$ 800 bilhões, o índice Bovespa saltou de 28 mil para 48 mil pontos, o risco-país caiu de 400 para 208 pontos, e o nível de reservas subiu de US$ 55 bilhões para US$ 160 bilhões. Além disso, a taxa de juro caiu de 19,75 % para 11,50%.
Cypriano afirma que a maior demonstração de seu otimismo com o país é que, pelo menos até agora, o Bradesco não refez nenhuma de suas previsões para este ano. O banco prevê uma expansão de 5,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano.
O presidente do Bradesco diz ainda que o que estamos vivendo é muito mais uma turbulência passageira que uma crise mais ampla. Ele prevê, inclusive, um desfecho mais rápido.
"Tenho uma forte suspeita que, já a partir da semana que vem, os mercados vão se esvaziando um pouco mais", diz ele. "Quem perdeu dinheiro foram os mamutes do mundo."
Segundo Cypriano, este é um momento importante para o Brasil ter a oportunidade de demonstrar que se trata, hoje, de um país diferente do que era no passado, capaz de superar sem danos maiores a turbulência.

ANTENAS

Com a implantação da TV digital no Brasil, a RFS (Radio Frequency Sistem), empresa de tecnologia de radiofreqüência, já começou a alavancar seus negócios. Por causa da necessidade das emissoras de adaptar seus sistemas de transmissão à tecnologia digital, a RFS criou uma área para atender o mercado de broadcast. "Os operadores estão se preparando e se equipando bem", diz Luis Antonio Oliveira, presidente da empresa. A RFS adicionou clientes como Globo, SBT e RedeTV!.

BUTIQUE DE OBRAS

Onze anos depois de ter começado os trabalhos de sua construtora, a Souza Lima, Alexandre Souza Lima pode ser considerado um engenheiro "de luxo". Dos 23 projetos que tem em andamento hoje, 18 são empreendimentos voltados para a classe A. "Atuamos muito nos Jardins, no Itaim e no Iguatemi", diz. Entre os projetos atuais estão a nova loja da Les Lis Blanc, com 2.000 m2 na Oscar Freire, e os novos restaurantes do chef Erick Jacquin e dos empresários Ricardo Mansur e João Paulo Diniz.

CAMAFEU
Carla Pernambuco e Carolina Brandão lançam, neste mês, "As Doceiras" (Companhia Editora Nacional). Com receitas, textos e imagens, é o primeiro da série de três. Os próximos temas são banquetes e petiscos.

PIRATA
A ABPI (Associação Brasileira da Propriedade Intelectual) reunirá, de 26 a 28, no Rio, juristas, advogados e empresários. O tema do seminário será a pirataria no Brasil, que impede a geração de 2 milhões de empregos formais e a arrecadação de R$ 30 bilhões por ano.

NO MAPA
O valor anual da CPMF, de R$ 32,6 bilhões em 2006, é maior do que o PIB de 12 Estados brasileiros (Mato Grosso do Sul, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Rondônia, Piauí, Tocantins, Amapá, Acre e Roraima). Os dados são da Fecomercio-SP.

GUARDA-ROUPA
Os R$ 32,6 bilhões arrecadados pelo governo com a CPMF superam em 30% todos os gastos com vestuário efetuados pelos 32,2 milhões de famílias em 2006 nas regiões Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, também segundo levantamento da Fecomercio-SP.

POUPANÇA
As contratações da Caixa Econômica Federal até julho, com recursos da poupança, atingiram o total de R$ 3,18 bilhões, correspondentes a 58.882 unidades habitacionais financiadas.

COMPETIÇÃO
As inscrições para o programa de trainees da Coca-Cola Brasil, que vão até 23 de setembro, receberam, nos primeiros cinco dias, quase 3.000 inscritos. Em 2005, foram 12 mil inscritos.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA


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