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ENERGIA
Débito da distribuidora é o maior de uma empresa privada com a geradora estatal, que não descarta ir à Justiça
Light dá calote de R$ 88 milhões em Furnas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Desde o dia 30 de agosto, a Light deixou de pagar a energia que recebe de Furnas e já acumula uma dívida de R$ 88 milhões com a geradora federal. É o maior débito de uma empresa privada com a estatal, que não descarta ir à Justiça para resolver o problema.
A Light, que cortou no mês passado o fornecimento de energia à
UFRJ (Universidade Federal do
Rio de Janeiro) por causa de um
débito de R$ 7 milhões, deixando
hospitais da universidade às escuras, contesta o valor apresentado
por Furnas. A empresa sustenta
que a dívida é de R$ 50 milhões.
De acordo com o diretor financeiro de Furnas, Mário Nunes, a
Light "esperou receber o dinheiro
do BNDES [Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social" e, depois, parou de pagar".
No fim do mês passado, a concessionária recebeu cerca de R$
600 milhões do banco. Não estar
inadimplente era uma das condições para o empréstimo, uma
compensação por perdas com o
racionamento. A Light nega que
haja relação entre o financiamento do BNDES e o não-pagamento
[leia texto ao lado".
Nunes afirmou que a Light não
informou quando normalizará os
pagamentos. Disse que a companhia alegou apenas que tinha encargos com sua dívida financeira
-grande parte dela contraída
com a controladora, a francesa
EDF- e que ou os pagava ou quitava a compra de energia.
"O pior é que o dono da Light é
uma estatal [a EDF" como nós, só
que francesa. Ela é que deveria arcar com o pagamento. A Aneel
[Agência Nacional de Energia Elétrica" pode tomar a mesma providência que adotou para a Cemar
[a intervenção"", disse Nunes.
Segundo a Aneel, que foi notificada sobre o assunto, não é o caso
nem de intermediar uma solução
nem de intervir na Light, como fez
com a Cemar (do Maranhão).
De acordo com Nunes, a diferença de valores apresentados por
Furnas e Light se deve ao fato de a
concessionária não ter contabilizado a energia comprada de Itaipu. É Furnas que comercializa a
energia da usina (cotada em dólar) e é responsável pela cobrança.
Outros calotes
Não é só a Light que não tem pago a energia adquirida de Furnas.
A paulista CPFL também deve R$
27 milhões. Nunes disse, porém,
que não se compara ao caso da
Light, pois a CPFL informou que
teria de atrasar e se comprometeu
a pagar no dia 25.
As maiores dívidas são, no entanto, de duas empresas estatais: a
goiana Celg (R$ 600 milhões) e a
brasiliense CEB (R$ 250 milhões).
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