São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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Inadimplência ameaça distribuidoras de luz

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

As distribuidoras de energia elétrica estão caminhando para a inadimplência, pressionadas pela redução de receitas com a queda do consumo após o racionamento e o aumento de custos com a desvalorização do real. O alerta é de Adriano Pires, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura.
Os atrasos de pagamento de distribuidoras à Furnas não é um caso isolado. Depois do fim do racionamento, a Eletronorte e a Chesf também registram atrasos.
Desde o fim do racionamento a Eletronorte acumula um total de R$ 296 milhões a receber das distribuidoras de energia da região. Um dos seus clientes, a Cemar, está em concordata e deixou de pagar R$ 116 milhões à empresa. A Celpa e a Celtins, do grupo Rede, devem à geradora R$90 milhões e CEA (Companhia Energética do Amapá) R$ 90 milhões.
A Chesf ficou sem receber de duas das sete distribuidoras que atende. Segundo Jaime Recena, chefe de gabinete da diretoria econômica e financeira da empresa os atrasos de pagamento totalizaram cerca de R$ 100 milhões. "Depois que terminou o racionamento, as empresas alegavam que estavam com dificuldades de caixa devido à queda de receitas e não tinham condições de pagar o fornecimento de energia", diz ele.
O problema, segundo ele, já foi equacionado. "Uma distribuidora buscou financiamento e quitou o débito e outra negociou com a empresa e está pagando parceladamente", diz ele. Além desses débitos, a Chesf tem a receber cerca de R$ 130 milhões, segundo Recena, referentes à energia negociada no âmbito do MAE (Mercado Atacadista de Energia) durante o racionamento.
"Do jeito que as coisas estão caminhando, o governo vai acabar forçando as distribuidoras privatizadas a agir como no tempo em que eram estatais e não pagavam as geradoras", diz Pires. Em 1993, segundo ele, o Tesouro gastou US$ 20 bilhões para sanear o setor e dar início às privatizações.
Para ele, "como as receitas das distribuidoras estão comprimidas, elas não vão poder pagar as geradoras". Segundo Pires, os "custos não gerenciáveis" das distribuidoras consumiam 58% das receitas com tarifas e hoje levam 67%. "As geradoras representam a maior parte desses custos."


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