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Inadimplência ameaça distribuidoras de luz
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
As distribuidoras de energia elétrica estão caminhando para a inadimplência, pressionadas pela redução de receitas com a queda do consumo após o racionamento e o aumento de custos com a desvalorização do real. O alerta é de Adriano Pires, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura.
Os atrasos de pagamento de distribuidoras à Furnas não é um caso isolado. Depois do fim do racionamento, a Eletronorte e a Chesf também registram atrasos.
Desde o fim do racionamento a Eletronorte acumula um total de
R$ 296 milhões a receber das distribuidoras de energia da região.
Um dos seus clientes, a Cemar, está em concordata e deixou de pagar R$ 116 milhões à empresa. A
Celpa e a Celtins, do grupo Rede,
devem à geradora R$90 milhões e
CEA (Companhia Energética do
Amapá) R$ 90 milhões.
A Chesf ficou sem receber de
duas das sete distribuidoras que
atende. Segundo Jaime Recena,
chefe de gabinete da diretoria econômica e financeira da empresa
os atrasos de pagamento totalizaram cerca de R$ 100 milhões. "Depois que terminou o racionamento, as empresas alegavam que estavam com dificuldades de caixa
devido à queda de receitas e não
tinham condições de pagar o fornecimento de energia", diz ele.
O problema, segundo ele, já foi
equacionado. "Uma distribuidora buscou financiamento e quitou
o débito e outra negociou com a
empresa e está pagando parceladamente", diz ele. Além desses
débitos, a Chesf tem a receber cerca de R$ 130 milhões, segundo Recena, referentes à energia negociada no âmbito do MAE (Mercado Atacadista de Energia) durante o racionamento.
"Do jeito que as coisas estão caminhando, o governo vai acabar
forçando as distribuidoras privatizadas a agir como no tempo em
que eram estatais e não pagavam
as geradoras", diz Pires. Em 1993,
segundo ele, o Tesouro gastou
US$ 20 bilhões para sanear o setor
e dar início às privatizações.
Para ele, "como as receitas das
distribuidoras estão comprimidas, elas não vão poder pagar as
geradoras". Segundo Pires, os
"custos não gerenciáveis" das distribuidoras consumiam 58% das
receitas com tarifas e hoje levam
67%. "As geradoras representam
a maior parte desses custos."
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