UOL


São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RECEITA ORTODOXA

Pobreza na América Latina cresceu recentemente, diz Bird

Crises prejudicam combate à miséria

DO ENVIADO ESPECIAL A DUBAI

Os pequenos avanços conquistados no combate à miséria na América Latina durante os anos 90 foram eliminados pelas recentes crises na região, em especial no Brasil, Argentina, América Central e Caribe. A constatação é do Banco Mundial, em relatório apresentado ontem na reunião geral com o FMI em Dubai.
No encontro, o Fundo vem fazendo um intenso esforço de marketing para mostrar o seu novo "lado social" e iniciativas para tirar um quinto da população mundial da miséria absoluta.
Segundo o Banco Mundial, a proporção de latino-americanos que vivem na região com menos de US$ 1 ao dia havia diminuído de 16,8% no início dos anos 90 para 15,1% em 1999. O período citado pelo organismo corresponde aos anos em que os principais países da região, Brasil e Argentina, em particular, adotaram a agenda de reformas e privatizações do FMI e do chamado Consenso de Washington (um receituário econômico). Coincidentemente, foram agora as recentes crises nessas mesmas duas economias que ajudaram a eliminar os avanços obtidos nos últimos anos no combate à miséria.
Embora o Banco Mundial considere "pobres ao extremo" as pessoas que vivem com menos de US$ 1 ao dia, a situação não é muito melhor para quem ganha um pouco mais. Dos 510 milhões de latino-americanos, 170 milhões (um terço) vivem hoje com menos de US$ 2 ao dia, o que equivale a menos de R$ 180 ao mês.
Há poucos dias, antes do início da reunião em Dubai, o FMI informou que uma das prioridades para 2004 seria uma maior atenção a programas que incluam mecanismos de combate à pobreza.
Ao menos em termos retóricos, a ação já começou. Dos quatro informes institucionais emitidos ontem às centenas de jornalistas em Dubai, dois traziam os enunciados "Como o FMI ajuda os países pobres" e "Como o FMI ajuda a resolver crises econômicas" -ambos destacam o novo "papel social" do Fundo.

Petróleo
O FMI prevê uma estabilização nos preços do petróleo e uma cotação média de US$ 25,50 por barril do óleo em 2004.
Segundo o Fundo, a manutenção das cotações nesse patamar deve ajudar a sustentar o crescimento econômico mundial no ano que vem, projetado em 4,1%.
O aumento dos preços no final de 2002 e início de 2003, diz o FMI, contribuiu para desacelerar o crescimento mundial neste ano. O Fundo calcula que uma alta de US$ 5 no valor do barril (as cotações ficaram próximas de US$ 30 em alguns meses) tenha provocado uma queda de 0,3% no crescimento global.
Desde o início da década de 90, o consumo de petróleo aumenta 1,2% ao ano, abaixo da média de crescimento mundial.
Proporcionalmente, os países emergentes vêm consumindo mais em comparação aos desenvolvidos. (FCz)


Texto Anterior: Receita ortodoxa: Dívida "engole" crescimento do país, diz FMI
Próximo Texto: Opinião econômica: Escutem a voz da economia
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.