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RECEITA ORTODOXA
Pobreza na América Latina cresceu recentemente, diz Bird
Crises prejudicam combate à miséria
DO ENVIADO ESPECIAL A DUBAI
Os pequenos avanços conquistados no combate à miséria na
América Latina durante os anos
90 foram eliminados pelas recentes crises na região, em especial no
Brasil, Argentina, América Central e Caribe. A constatação é do
Banco Mundial, em relatório
apresentado ontem na reunião
geral com o FMI em Dubai.
No encontro, o Fundo vem fazendo um intenso esforço de
marketing para mostrar o seu novo "lado social" e iniciativas para
tirar um quinto da população
mundial da miséria absoluta.
Segundo o Banco Mundial, a
proporção de latino-americanos
que vivem na região com menos
de US$ 1 ao dia havia diminuído
de 16,8% no início dos anos 90 para 15,1% em 1999. O período citado pelo organismo corresponde
aos anos em que os principais países da região, Brasil e Argentina,
em particular, adotaram a agenda
de reformas e privatizações do
FMI e do chamado Consenso de
Washington (um receituário econômico). Coincidentemente, foram agora as recentes crises nessas mesmas duas economias que
ajudaram a eliminar os avanços
obtidos nos últimos anos no combate à miséria.
Embora o Banco Mundial considere "pobres ao extremo" as
pessoas que vivem com menos de
US$ 1 ao dia, a situação não é muito melhor para quem ganha um
pouco mais. Dos 510 milhões de
latino-americanos, 170 milhões
(um terço) vivem hoje com menos de US$ 2 ao dia, o que equivale a menos de R$ 180 ao mês.
Há poucos dias, antes do início
da reunião em Dubai, o FMI informou que uma das prioridades
para 2004 seria uma maior atenção a programas que incluam mecanismos de combate à pobreza.
Ao menos em termos retóricos,
a ação já começou. Dos quatro informes institucionais emitidos
ontem às centenas de jornalistas
em Dubai, dois traziam os enunciados "Como o FMI ajuda os países pobres" e "Como o FMI ajuda
a resolver crises econômicas"
-ambos destacam o novo "papel
social" do Fundo.
Petróleo
O FMI prevê uma estabilização
nos preços do petróleo e uma cotação média de US$ 25,50 por barril do óleo em 2004.
Segundo o Fundo, a manutenção das cotações nesse patamar
deve ajudar a sustentar o crescimento econômico mundial no
ano que vem, projetado em 4,1%.
O aumento dos preços no final
de 2002 e início de 2003, diz o
FMI, contribuiu para desacelerar
o crescimento mundial neste ano.
O Fundo calcula que uma alta de
US$ 5 no valor do barril (as cotações ficaram próximas de US$ 30
em alguns meses) tenha provocado uma queda de 0,3% no crescimento global.
Desde o início da década de 90,
o consumo de petróleo aumenta
1,2% ao ano, abaixo da média de
crescimento mundial.
Proporcionalmente, os países
emergentes vêm consumindo
mais em comparação aos desenvolvidos.
(FCz)
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