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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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Governo prevê taxa real de 8,5% já em fevereiro

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NOVA LIMA

O ministro Tarso Genro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social) afirmou ontem que governo estima trabalhar, já no primeiro bimestre de 2004, com juros reais (descontada a inflação) entre "8,24% e 8,5%", portanto, cerca de 4,2 pontos percentuais abaixo do que está hoje (12,7%), segundo cálculo feito pela consultoria GlobalInvest. A taxa nominal (Selic) está em 20% ao ano.
Genro disse que o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), que ele coordena, trabalha com essa estimativa e debateu isso com o governo, que, segundo ele, já colocou essa expectativa no Plano Plurianual.
"A idéia, que foi discutida no conselho, apresentada pelo ministro Guido [Mantega, Planejamento] e está no Plano Plurianual, é trabalhar, já a partir de janeiro, fevereiro, com uma taxa que tenha mais ou menos esse percentual", afirmou.
O ministro disse que a "visão" do governo e do conselho é que a taxa real -usada por empresas para avaliar o desempenho dos seus negócios-, ao longo do governo Lula, caminhe de forma a acompanhar as taxas internacionais. "Aí, sim, vamos ter um vigor para o crescimento econômico absolutamente excepcional."
Quanto ao que pensa o CDES sobre o ritmo da queda da Selic, Genro disse: "A minha opinião é que essa redução seguramente satisfaz a ampla maioria do conselho, mas não creio que tenha unanimidade. Todo mundo quer que a taxa baixe cada vez mais".
O coordenador-geral do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), Mario Ernesto Humberg, disse que a elevação dos juros no início da gestão Lula foi uma "necessidade", diante da "desconfiança internacional".
Para ele, porém, falta ousadia ao governo agora. "Achamos que essa queda precisa ser acelerada. O governo poderia ter um pouco mais de ousadia", afirmou Humberg, ao assinalar que havia espaço para o Banco Central ter cortado quatro pontos percentuais, o dobro do corte feito anteontem.
Genro, Humberg e mais cerca de cem representantes de empresas, do governo e organizações não-governamentais participam, na Fundação Dom Cabral, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, do Fórum das Lideranças Nacionais Pela Concertação.
A palavra "concertação", no sentido de harmonia, foi retirada do equivalente ao CDES de Portugal, cujo presidente, Alfredo Bruto da Costa, fez ontem uma exposição no fórum brasileiro.
O objetivo do fórum, disse Genro, é buscar, de forma pactuada, alternativas de "transição para um outro modelo econômico", culminando em um processo de "crescimento econômico e inclusão social que coloquem o Brasil em outro patamar".
O representante do PNBE pôs em discussão a criação de uma Assembléia Nacional Constituinte até 2006, justificando que a Constituição está ficando muito "remendada". A reforma tributária em curso, segundo ele, é "apenas um remendo tributário".


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