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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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COMÉRCIO MUNDIAL

Ministro responde a críticas do governo norte-americano sobre participação brasileira na reunião da OMC

Amorim diz que Brasil não arruinou Cancún

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, rechaçou qualquer insinuação de que o Brasil teria sido o responsável pelo fracasso das reuniões da OMC (Organização Mundial do Comércio), em Cancún.
"É uma idéia totalmente absurda", disse o ministro, durante audiência pública no Senado. Ontem, o subsecretário norte-americano de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roger Noriega, adotou um tom crítico em relação à atuação do Brasil. O senador norte-americano Charles Grassley, em entrevista a uma rádio nos EUA, também insinuou que o país era o responsável pelo fracasso.
"Quem mudou de posição não fomos nós. Foram os Estados Unidos", afirmou o ministro, que coordenou a ação do G21, grupo de países em desenvolvimento que apresentaram uma proposta de abertura agrícola que se contrapunha à dos Estados Unidos e da União Européia.
Segundo Amorim, a agenda de abertura agrícola do G21 coincidia com 70% ou 80% da posição defendida pelos norte-americanos antes da assinatura do acordo com a União Européia.
Embora agricultura fosse o tema mais polêmico da reunião, Cancún terminou sem um acordo devido à insistência da Europa e do Japão em incluírem temas novos na agenda.
Algumas semanas antes do encontro da semana passada, a Europa e os EUA apresentaram um proposta conjunta de liberação do setor agrícola rejeitada pelo Brasil e por outros países em desenvolvimento.
O governo brasileiro liderou a formação do G21 (atualmente conta com 22 membros) para pressionar por um abertura agrícola mais ambiciosa.
Com relação às declarações de Noriega, que afirmou que o fracasso em Cancún atrasará a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), Amorim se recusou a fazer qualquer comentário.
"Tenho uma reunião com o Colin Powell [secretário de Estado dos EUA]. Se ele quiser, pode dizer diretamente a mim o que pensa", disparou Amorim, quando questionado sobre as declarações de Noriega. Powell é o chefe de Noriega. Amorim se encontrará com Powell durante a visita do presidente Lula à ONU (Organização das Nações Unidas) na próxima semana. (ANDRÉ SOLIANI)


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