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COMÉRCIO MUNDIAL
Ministro responde a críticas do governo norte-americano sobre participação brasileira na reunião da OMC
Amorim diz que Brasil não arruinou Cancún
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, rechaçou
qualquer insinuação de que o
Brasil teria sido o responsável pelo fracasso das reuniões da OMC
(Organização Mundial do Comércio), em Cancún.
"É uma idéia totalmente absurda", disse o ministro, durante audiência pública no Senado. Ontem, o subsecretário norte-americano de Estado para o Hemisfério
Ocidental, Roger Noriega, adotou
um tom crítico em relação à atuação do Brasil. O senador norte-americano Charles Grassley, em
entrevista a uma rádio nos EUA,
também insinuou que o país era o
responsável pelo fracasso.
"Quem mudou de posição não
fomos nós. Foram os Estados
Unidos", afirmou o ministro, que
coordenou a ação do G21, grupo
de países em desenvolvimento
que apresentaram uma proposta
de abertura agrícola que se contrapunha à dos Estados Unidos e
da União Européia.
Segundo Amorim, a agenda de
abertura agrícola do G21 coincidia com 70% ou 80% da posição
defendida pelos norte-americanos antes da assinatura do acordo
com a União Européia.
Embora agricultura fosse o tema mais polêmico da reunião,
Cancún terminou sem um acordo
devido à insistência da Europa e
do Japão em incluírem temas novos na agenda.
Algumas semanas antes do encontro da semana passada, a Europa e os EUA apresentaram um
proposta conjunta de liberação
do setor agrícola rejeitada pelo
Brasil e por outros países em desenvolvimento.
O governo brasileiro liderou a
formação do G21 (atualmente
conta com 22 membros) para
pressionar por um abertura agrícola mais ambiciosa.
Com relação às declarações de
Noriega, que afirmou que o fracasso em Cancún atrasará a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas), Amorim se recusou a
fazer qualquer comentário.
"Tenho uma reunião com o Colin Powell [secretário de Estado
dos EUA]. Se ele quiser, pode dizer diretamente a mim o que pensa", disparou Amorim, quando
questionado sobre as declarações
de Noriega. Powell é o chefe de
Noriega. Amorim se encontrará
com Powell durante a visita do
presidente Lula à ONU (Organização das Nações Unidas) na próxima semana.
(ANDRÉ SOLIANI)
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