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Bovespa sobe 4,28% e dólar cai a R$ 1,87
Segundo melhor pregão do ano leva Bolsa a registrar alta de 27,4% em 2007; dólar cai 2,29%, e risco-país recua 5,5%
Queda dos juros nos EUA eleva apetite de investidores
estrangeiros por ativo de
maior risco, e eles voltam à
Bovespa comprando ações
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O estímulo dado pelo banco
central americano aos mercados foi sentido com força no
Brasil. A Bolsa de Valores de
São Paulo alcançou valorização
de 4,28% -a segunda maior alta do ano- e foi a 56.666 pontos, o mais elevado patamar
desde o começo da onda atual
de turbulências, na última semana de julho.
O dólar despencou 2,29%
diante do real e terminou vendido a R$ 1,877, no mais baixo
valor desde o início de agosto.
A redução de 5,25% para
4,75% anuais na taxa básica de
juros dos EUA, anunciada na
tarde de ontem pelo comitê do
Fed (o BC dos EUA), surpreendeu boa parte do mercado e estimulou uma corrida para ativos de maior risco, como ações
e moedas de emergentes, ao reduzir a atratividade dos títulos
do Tesouro dos EUA, porto seguro em momentos de crise.
A alta em Wall Street também foi forte: o índice Dow Jones subiu 2,51%; a Nasdaq,
2,71%.
"O Fed preferiu ser preventivo e atuou à frente das expectativas dos mercados", afirma
Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management. "O apetite por risco deve
aumentar nas próximas semanas. O cenário de médio prazo é
bastante positivo."
A considerável valorização
da Bovespa teve relevante participação dos investidores estrangeiros, que intensificaram
o ritmo de compras de ações
brasileiras. Sendo um dos mercados emergentes de maior liquidez, os ativos brasileiros
reagem com grande intensidade a movimentos externos.
Os estrangeiros vinham retornando à Bovespa nas últimas semanas e ontem protagonizaram pesado volume de
compras, segundo operadores.
Tanto que todas as 63 ações
que entram na composição do
índice Ibovespa, o principal da
Bolsa, valorizaram-se ontem.
Após saída de R$ 605,89 milhões em agosto, o saldo das
operações dos estrangeiros na
Bovespa marcava resultado positivo de R$ 1,028 bilhão neste
mês, até o dia 13.
Os investidores estrangeiros
não compraram apenas ações
ontem, mas também títulos da
dívida brasileira no mercado
internacional.
Esse movimento fez com que
o risco-país -medido a partir
da oscilação dos preços dos papéis da dívida- recuasse para
188 pontos, em queda de 5,53%,
a seu mais baixo patamar em
mais de um mês.
Com a elevação de ontem, a
Bovespa passou a ter valorização mensal de 3,71% e de
27,42% em 2007. Se subir mais
2,6%, a Bolsa vai superar seu
recorde histórico de pontuação, que são os 58.124 pontos
registrados em 19 de julho.
Mas essa subida expressiva
não significa que a Bolsa tenha
se tornado um investimento
estável. O mercado acionário
sempre está sujeito a quedas, e
a disparada de ontem pode estimular investidores a venderem
ações nesse momento para embolsar os lucros conquistados.
É difícil prever como se comportará o Fed em seus últimos
dois encontros de 2007. Quanto mais recuam os juros, menor
é a atratividade dos títulos do
Tesouro dos Estados Unidos.
Nesse cenário, os investidores
aceitam mais riscos -como o
representado por ações-, o que
favorece a alta das Bolsas.
"Poucos esperavam que o
Fed cortasse os juros nessa
magnitude. Seus dirigentes podem estar vendo uma crise
mais preocupante que a projetada pelos agentes do mercado", avalia Alex Agostini, economista da consultoria Austin
Rating. O economista diz que
há espaço para mais queda de
juros nos EUA até o fim do ano,
mas que há muitos dados econômicos para serem avaliados,
como a evolução da inflação na
maior economia do mundo.
Pressões inflacionárias podem significar uma nova parada no processo de corte de juros. Mas ontem o governo americano divulgou que o PPI (inflação ao produtor do país) registrou deflação de 1,4%, bem
abaixo das estimativas, que
apontavam queda de até 0,4%.
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