São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2007

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Bovespa sobe 4,28% e dólar cai a R$ 1,87

Segundo melhor pregão do ano leva Bolsa a registrar alta de 27,4% em 2007; dólar cai 2,29%, e risco-país recua 5,5%

Queda dos juros nos EUA eleva apetite de investidores estrangeiros por ativo de maior risco, e eles voltam à Bovespa comprando ações

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O estímulo dado pelo banco central americano aos mercados foi sentido com força no Brasil. A Bolsa de Valores de São Paulo alcançou valorização de 4,28% -a segunda maior alta do ano- e foi a 56.666 pontos, o mais elevado patamar desde o começo da onda atual de turbulências, na última semana de julho.
O dólar despencou 2,29% diante do real e terminou vendido a R$ 1,877, no mais baixo valor desde o início de agosto.
A redução de 5,25% para 4,75% anuais na taxa básica de juros dos EUA, anunciada na tarde de ontem pelo comitê do Fed (o BC dos EUA), surpreendeu boa parte do mercado e estimulou uma corrida para ativos de maior risco, como ações e moedas de emergentes, ao reduzir a atratividade dos títulos do Tesouro dos EUA, porto seguro em momentos de crise.
A alta em Wall Street também foi forte: o índice Dow Jones subiu 2,51%; a Nasdaq, 2,71%.
"O Fed preferiu ser preventivo e atuou à frente das expectativas dos mercados", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management. "O apetite por risco deve aumentar nas próximas semanas. O cenário de médio prazo é bastante positivo."
A considerável valorização da Bovespa teve relevante participação dos investidores estrangeiros, que intensificaram o ritmo de compras de ações brasileiras. Sendo um dos mercados emergentes de maior liquidez, os ativos brasileiros reagem com grande intensidade a movimentos externos.
Os estrangeiros vinham retornando à Bovespa nas últimas semanas e ontem protagonizaram pesado volume de compras, segundo operadores.
Tanto que todas as 63 ações que entram na composição do índice Ibovespa, o principal da Bolsa, valorizaram-se ontem.
Após saída de R$ 605,89 milhões em agosto, o saldo das operações dos estrangeiros na Bovespa marcava resultado positivo de R$ 1,028 bilhão neste mês, até o dia 13.
Os investidores estrangeiros não compraram apenas ações ontem, mas também títulos da dívida brasileira no mercado internacional.
Esse movimento fez com que o risco-país -medido a partir da oscilação dos preços dos papéis da dívida- recuasse para 188 pontos, em queda de 5,53%, a seu mais baixo patamar em mais de um mês.
Com a elevação de ontem, a Bovespa passou a ter valorização mensal de 3,71% e de 27,42% em 2007. Se subir mais 2,6%, a Bolsa vai superar seu recorde histórico de pontuação, que são os 58.124 pontos registrados em 19 de julho.
Mas essa subida expressiva não significa que a Bolsa tenha se tornado um investimento estável. O mercado acionário sempre está sujeito a quedas, e a disparada de ontem pode estimular investidores a venderem ações nesse momento para embolsar os lucros conquistados.
É difícil prever como se comportará o Fed em seus últimos dois encontros de 2007. Quanto mais recuam os juros, menor é a atratividade dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Nesse cenário, os investidores aceitam mais riscos -como o representado por ações-, o que favorece a alta das Bolsas.
"Poucos esperavam que o Fed cortasse os juros nessa magnitude. Seus dirigentes podem estar vendo uma crise mais preocupante que a projetada pelos agentes do mercado", avalia Alex Agostini, economista da consultoria Austin Rating. O economista diz que há espaço para mais queda de juros nos EUA até o fim do ano, mas que há muitos dados econômicos para serem avaliados, como a evolução da inflação na maior economia do mundo.
Pressões inflacionárias podem significar uma nova parada no processo de corte de juros. Mas ontem o governo americano divulgou que o PPI (inflação ao produtor do país) registrou deflação de 1,4%, bem abaixo das estimativas, que apontavam queda de até 0,4%.


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