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Pobreza cai ao menor nível desde 1987
Em 2006, índice da população considerada pobre recua a 26,9%, ante 30,5% no ano anterior; economista credita resultado ao mínimo
Total de indigentes também cai, de 6,8% da população em 2005 para 5,7% em 2006;
pobreza se concentra mais em áreas metropolitanas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em 2006, a pobreza atingia
26,9% da população brasileira.
É o mais baixo índice desde
1987, quando estudos nesse
sentido começaram a ser feitos
pela economista Sonia Rocha,
do Iets (Instituto de Estudos do
Trabalho e Sociedade), com base em informações da Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE e
obtido pela Folha.
Em 2005, a proporção de pobres ficou em 30,5%. Em 1995,
a pobreza chegava a 33,2%, no
primeiro ano completo do
Real. No período, o número de
pobres caiu significativamente,
graças à estabilidade.
Em números absolutos, houve queda de 10,6% no contingente de pobres no país -de
54,884 milhões de pessoas em
2005 para 49,043 milhões em
2006. Ou seja, em um ano,
5,841 milhões de brasileiros se
afastaram da linha da pobreza.
Para determinar o número
de pobres, a economista traçou
linhas regionais de pobreza,
com valores diferenciados em
razão de o custo de vida ser distinto entre as localidades.
Na região metropolitana de
São Paulo, por exemplo, são
classificados como pobres os
que viviam em 2006 em domicílios com renda per capita inferior a R$ 266,15.
Segundo o estudo, o total de
indigentes que vivem no país
também baixou -de 6,8% da
população em 2005 para 5,7%
em 2006. Em todo o Brasil, o
número de miseráveis caiu de
12,218 milhões para 10,363 milhões. Trata-se de redução, em
termos absolutos, de 15,2%. Estavam na indigência, em São
Paulo, os domicílios com renda
per capita inferior a R$ 66,65.
Por trás da queda da pobreza,
está o reajuste real de 13,3% do
salário mínimo em 2006, que
elevou a renda das famílias
mais pobres.
"Os resultados refletem melhorias no mercado de trabalho. Embora a expansão da
ocupação em 2006 tenha perdido fôlego ante a observada
em 2004 e 2005, os ganhos no
rendimento do trabalho se
acentuaram, o que resultou em
forte aumento da massa salarial, de 9,8%", diz Sonia Rocha.
Segundo ela, "forte reajuste
real do mínimo e a expansão
das transferências assistenciais
[entre elas, o Bolsa Família],
que atingem R$ 20 bilhões em
2006, contribuem para o aumento da renda das famílias na
base da distribuição e a redução da incidência de pobreza".
O aumento dos preços dos
alimentos abaixo da inflação
média de 2006 também contribuiu para diminuir a pobreza
no país. É que as despesas com
alimentação pesam mais no
bolso dos mais pobres.
Divulgados na semana passada, os dados básicos da Pnad já
apontavam tal tendência. É
que a renda do trabalho dos
50% mais pobres cresceu mais
(8,5%) que a dos mais ricos
(6,9%). Na média, a renda subiu 7,2% -maior alta desde 95.
Pela Pnad, a desigualdade cedeu. O índice de Gini do rendimento do trabalho caiu de
0,544 para 0,541 -quanto mais
próximo de 1, mais concentrada é a distribuição.
Se, como um todo, a pobreza
cedeu no país, houve concentração nas áreas urbanas, em
especial nas grandes metrópoles. Do total de pobres que viviam no país, 36,3% estavam
nas dez principais regiões metropolitanas. Esse percentual
era menor em 1995: 28,8%. Em
2005, havia sido de 35,5%.
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