|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELECOMUNICAÇÕES
Telefônica e Telesp Celular criam nova empresa para disputar clientes com a TIM, que foi lançada ontem
Operadoras travam nova guerra do celular
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O país vai assistir nos próximos
meses a uma batalha de operadoras de telefonia celular na busca
de novos clientes. Ontem, no
mesmo dia em que a TIM (Telecom Italia Mobile) começou a
operar em todo o Brasil, a Telefónica Móviles e a Portugal Telecom
anunciaram em Madri terem concluído a formação de joint venture que reunirá as participações
dos dois grupos em empresas de
telefonia móvel no Brasil.
A nova empresa, cujo nome não
foi informado, será a maior operadora de telefonia celular da
América do Sul, com 13 milhões
de clientes.
Pelo acordo, cada sócio terá
50% de participação na operadora e sua administração será compartilhada. Na formação da joint
venture, a Portugal Telecom entrou com seus ativos da Telesp
Celular Participações, proprietária da Telesp Celular, que atua em
São Paulo, e de uma subsidiária, a
Global Telecom (SC e PR). A Telefônica Celular (denominação da
subsidiária brasileira) ingressará
com os ativos de suas controladas
no Brasil: Tele Sudeste Celular (RJ
e ES), CRT Celular (RS) e Tele
Leste Celular (BA e SE).
Como parte do processo de
equalização das participações, a
Telefónica Móviles comprou
14,68% das ações da Telesp Celular Participações por 200 milhões. Isso porque, além de o preço de suas ações ser maior que os
da Telefônica Celular, a Telesp
Celular passara recentemente por
ampliação de capital.
A nova empresa atuará em um
mercado de potenciais 94 milhões
de clientes. Os oito Estados em
que tem licença para atuar concentram 70% do PIB. Deterá em
média de 60% do mercado em cada Estado nas quais operam Telefônica e Telesp Celular.
Segundo dados da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), há no Brasil 28,7 milhões de usuários de celulares. Ou
seja, juntos, espanhóis e portugueses passarão a controlar 40%
das linhas de celulares brasileiras.
A fusão das atividades da Telefônica e da PT começou a ser negociada em abril e tomou impulso
quando, ainda naquele mês, a
Anatel concedeu à Telefônica autorização para a empresa operar
telefonia fixa em todo o país.
A criação da nova empresa é
considerada, por analistas, como
fundamental para que as duas
empresas consolidem sua participação no mercado brasileiro.
E não por acaso foi anunciada
no mesmo dia em que a TIM começou a operar em todo o Brasil
-é a única com licença para oferecer serviços de telefonia móvel
no país todo. Desde 1998, a TIM
atuava em três Estados. Com a
operação em nível nacional, os
italianos pretendem conseguir 1,5
milhão de clientes até 2003. A Telefônica e a Portugal Telecom têm
de enfrentar ainda a concorrência
da Oi, que opera nos 16 Estados
(entre eles, o Rio) de concessão de
sua proprietária, a Telemar.
A TIM e a Oi operam com o sistema GSM (Global System Mobile). Por esse sistema, o usuário pode retirar do aparelho um chip e
instalá-lo em outro aparelho.
Além de não precisar trocar o número de linha, o usuário teria preservado uma série de dados, como a agenda telefônica.
A Telefônica e a Telesp utilizam
o sistema CDMA ou TDMA, que
não oferecem esse tipo de serviço.
A joint venture deve possibilitar
às duas empresas redução de custos, uma vez que parte das estruturas da Telefônica Celular e da
Telesp Participações será fundida.
Redução de custos abriria margem para oferecimento de tarifas
mais baratas, que podem ser essenciais na disputa de mercado
com a TIM e a Oi.
A Telefônica Celular tem 6,5 milhões de clientes e a Telesp Celular
e sua subsidiária, outros 6,5 milhões. Ontem, as empresas se negaram a informar sobre possíveis
investimentos e corte de pessoal.
A Folha apurou que uma possível expansão da nova operadora
deverá envolver a compra de licenças das bandas D e E, que fazem parte do SMP (Serviço Móvel
Pessoal), concorrente do SMC
(Serviço Móvel Celular).
A Anatel apresentará ao Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) uma análise sobre o processo de fusão. Ao Cade
caberá o julgamento sobre eventual concentração econômica.
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Manobra técnica permite acordo de teles Índice
|