São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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TELECOMUNICAÇÕES

Telefônica e Telesp Celular criam nova empresa para disputar clientes com a TIM, que foi lançada ontem

Operadoras travam nova guerra do celular

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O país vai assistir nos próximos meses a uma batalha de operadoras de telefonia celular na busca de novos clientes. Ontem, no mesmo dia em que a TIM (Telecom Italia Mobile) começou a operar em todo o Brasil, a Telefónica Móviles e a Portugal Telecom anunciaram em Madri terem concluído a formação de joint venture que reunirá as participações dos dois grupos em empresas de telefonia móvel no Brasil.
A nova empresa, cujo nome não foi informado, será a maior operadora de telefonia celular da América do Sul, com 13 milhões de clientes.
Pelo acordo, cada sócio terá 50% de participação na operadora e sua administração será compartilhada. Na formação da joint venture, a Portugal Telecom entrou com seus ativos da Telesp Celular Participações, proprietária da Telesp Celular, que atua em São Paulo, e de uma subsidiária, a Global Telecom (SC e PR). A Telefônica Celular (denominação da subsidiária brasileira) ingressará com os ativos de suas controladas no Brasil: Tele Sudeste Celular (RJ e ES), CRT Celular (RS) e Tele Leste Celular (BA e SE).
Como parte do processo de equalização das participações, a Telefónica Móviles comprou 14,68% das ações da Telesp Celular Participações por 200 milhões. Isso porque, além de o preço de suas ações ser maior que os da Telefônica Celular, a Telesp Celular passara recentemente por ampliação de capital.
A nova empresa atuará em um mercado de potenciais 94 milhões de clientes. Os oito Estados em que tem licença para atuar concentram 70% do PIB. Deterá em média de 60% do mercado em cada Estado nas quais operam Telefônica e Telesp Celular.
Segundo dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), há no Brasil 28,7 milhões de usuários de celulares. Ou seja, juntos, espanhóis e portugueses passarão a controlar 40% das linhas de celulares brasileiras.
A fusão das atividades da Telefônica e da PT começou a ser negociada em abril e tomou impulso quando, ainda naquele mês, a Anatel concedeu à Telefônica autorização para a empresa operar telefonia fixa em todo o país.
A criação da nova empresa é considerada, por analistas, como fundamental para que as duas empresas consolidem sua participação no mercado brasileiro.
E não por acaso foi anunciada no mesmo dia em que a TIM começou a operar em todo o Brasil -é a única com licença para oferecer serviços de telefonia móvel no país todo. Desde 1998, a TIM atuava em três Estados. Com a operação em nível nacional, os italianos pretendem conseguir 1,5 milhão de clientes até 2003. A Telefônica e a Portugal Telecom têm de enfrentar ainda a concorrência da Oi, que opera nos 16 Estados (entre eles, o Rio) de concessão de sua proprietária, a Telemar.
A TIM e a Oi operam com o sistema GSM (Global System Mobile). Por esse sistema, o usuário pode retirar do aparelho um chip e instalá-lo em outro aparelho. Além de não precisar trocar o número de linha, o usuário teria preservado uma série de dados, como a agenda telefônica.
A Telefônica e a Telesp utilizam o sistema CDMA ou TDMA, que não oferecem esse tipo de serviço.
A joint venture deve possibilitar às duas empresas redução de custos, uma vez que parte das estruturas da Telefônica Celular e da Telesp Participações será fundida. Redução de custos abriria margem para oferecimento de tarifas mais baratas, que podem ser essenciais na disputa de mercado com a TIM e a Oi.
A Telefônica Celular tem 6,5 milhões de clientes e a Telesp Celular e sua subsidiária, outros 6,5 milhões. Ontem, as empresas se negaram a informar sobre possíveis investimentos e corte de pessoal.
A Folha apurou que uma possível expansão da nova operadora deverá envolver a compra de licenças das bandas D e E, que fazem parte do SMP (Serviço Móvel Pessoal), concorrente do SMC (Serviço Móvel Celular).
A Anatel apresentará ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) uma análise sobre o processo de fusão. Ao Cade caberá o julgamento sobre eventual concentração econômica.


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