|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PÚBLICO E PRIVADO
Aliado a recursos de fundos de pensão, aporte é de R$ 600 mi; concessionária controla via que escoa grãos
BNDES injeta R$ 384 mi em ferrovia privada
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) decidiu, com o aval do governo, capitalizar em R$ 384 milhões a concessionária de transporte ferroviário Brasil Ferrovias.
A companhia controla três das
mais importantes estradas de ferro do país: Ferroban, Ferronorte e
Novoeste.
Somados os recursos de fundos
de pensão de duas estatais -Caixa Econômica Federal e Banco do
Brasil-, que também farão parte
do aporte, o valor total da capitalização ficará em torno de R$ 600
milhões. Pela modelagem que está sendo desenhada, alguns sócios
privados devem sair do negócio.
Um dos que devem deixar a empresa é o ex-rei da soja Olacir de
Moraes, que não será mais acionista, com participação por meio
da Constran (16,07%).
Moraes se tornou sócio do grupo pois foi o fundador da Ferronorte, projeto desenvolvido nos
anos 90 para escoar sua produção
de soja. A malha da Brasil Ferrovias atravessa três Estados (Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e São
Paulo), ligando o Centro-Oeste ao
porto de Santos, por onde escoa
boa parte da safra de grãos.
Também são sócios o banco
norte-americano JP Morgan
(10,36%), o Bradesco (3,72%) e o
fundo de investimento Laif
(15,36%), dos EUA, entre outros.
Segundo a Folha apurou, alguns dos acionistas privados não
estariam dispostos a investir nem
na capitalização nem na expansão
da malha ferroviária da companhia, o que desagrada ao governo.
O BNDES trocará R$ 249 milhões da dívida da empresa -cujo valor total é de R$ 1,6 bilhão-
por uma participação acionária e
ainda injetará dinheiro novo: R$
135 milhões. A idéia é que o controle da companhia seja compartilhado entre o banco -que ficaria com, no máximo, 30%- e os
fundos de pensão Funcef (CEF) e
Previ (Banco do Brasil). Ambos já
são os maiores acionistas da empresa -22,31% e 26,65%, respectivamente.
Já os fundos alocarão R$ 120 milhões em novos recursos. Os fundos também converterão uma dívida antiga em ações da empresa
-de R$ 116 milhões, lastreada
por debêntures, títulos de investimento que remuneram a taxas fixas e podem ser trocados por
ações.
Segundo o presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, o modelo
final de reestruturação ainda está
em análise e os valores finais podem mudar. "A empresa está numa situação grave, e essa é uma
solução estruturante, que resolverá de vez todos os problemas",
afirmou. De acordo com ele, hoje
só Previ e Funcef participam da
gestão da companhia. Ele espera
que a capitalização atraia novos
investidores.
A reestruturação da empresa está sendo discutida pelos fundos
de pensão, BNDES, Ministério
dos Transportes e ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e Casa Civil.
As três ferrovias do grupo formam um dos principais corredores de transporte da safra de
grãos. Por esse motivo, é tida como estratégica pelo governo.
Endividada (mais de 90% de
seus débitos são com o BNDES), a
empresa é incapaz de fazer dois
investimentos necessários para
retirar o gargalo do setor ferroviário no país, avalia o governo.
Um deles é a construção de um
ramal de cerca de 100 km que falta
para completar a ligação Atlântico-Pacifico, ligando os portos de
Santos e Antofagasta (Chile). O
outro é a interligação da Ferronorte à malha ferroviária do Nordeste, possibilitando o escoamento da safra também pela região.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Com ajuda, empresa prevê lucro em 2008 Índice
|