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BC reduz juro a 13,75%, 11º corte seguido
É a seqüência mais longa de queda da taxa básica desde a implantação do sistema de metas de inflação no país, em 1999
Mas, descontada a inflação, que sofreu forte baixa, recuo da Selic acabou tendo impacto reduzido no estímulo da economia
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a inflação dando sinais
cada vez mais fortes de queda, o
Banco Central decidiu dar continuidade ao processo de redução dos juros iniciado em setembro do ano passado. Ontem, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) fixou a
taxa Selic em 13,75% ao ano,
queda de 0,5 ponto percentual.
"Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas
para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a
taxa Selic para 13,75% ao ano,
sem viés", disse o BC em nota.
Os juros devem permanecer
nesse nível até a próxima reunião, nos dias 28 e 29 de novembro. Analistas consultados
pelo BC na sexta-feira passada
dizem acreditar em um novo
corte de 0,5 ponto nesse encontro, o último deste ano.
Foi o 11º corte seguido promovido pelo BC. É a seqüência
mais longa de queda da Selic
desde a implantação do sistema
de metas de inflação no país,
em 1999 -entre março e julho
daquele ano, os juros foram reduzidos dez vezes.
A decisão já era esperada por
analistas do setor privado, e,
por isso, deve ter pouco impacto nas taxas no mercado financeiro. No mercado futuro de juros, contratos com vencimento
em 12 meses são negociados a
uma taxa de aproximadamente
13,3%.
Desde o final do ano passado
até agora, a taxa Selic caiu seis
pontos percentuais. Parte dessa queda, porém, serviu apenas
para compensar o recuo ocorrido com a inflação nesse período. O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), que teve
uma alta de 5,7% em 2005, deve
subir cerca de 3% neste ano, segundo projeções do mercado.
Por isso, a redução dos chamados juros reais -descontada
a inflação- foi bem menos intensa: estavam perto de 11% em
setembro do ano passado e,
agora, oscila em torno dos 9%,
dependendo da metodologia do
cálculo. Continua sendo a mais
alta do mundo, bem à frente
dos demais países: de acordo
com o levantamento feito pela
UpTrend Consultoria Econômica, o segundo colocado nesse
ranking, a Turquia, tem juros
reais de 6,2%. Em termos nominais, a Selic atual é a mais
baixa da história.
Crescimento
Como a queda dos juros reais
não foi tão forte quanto dá a entender a redução nominal da
taxa Selic, o impulso da política
monetária no nível de atividade
acabou se mostrando insuficiente para que o crescimento
da economia atingisse os níveis
desejados pelo governo.
Embora a equipe econômica
ainda fale numa expansão de
até 4%, analistas de mercado
dizem que o PIB (Produto Interno Bruto) não deve crescer
mais que 3% neste ano.
Os indicadores disponíveis
até agora ainda não confirmam
um cenário de recuperação
mais forte. Anteontem, o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou
resultados um pouco melhores
do que esperado para o varejo
em agosto. Números da indústria, porém, ainda mostram ritmo lento de crescimento.
Do lado da inflação, o cenário
é mais tranqüilo. A meta fixada
pelo governo neste ano, de
4,5%, deve ser cumprida com
folga -segundo o BC, há até
uma chance de 20% de a alta
dos preços ficar abaixo do piso
dessa meta, que é 2,5%.
Para o ano que vem, as perspectivas para a inflação também são positivas. Segundo
pesquisa feita pelo Banco Cenrtal, a expectativa do mercado é
que a alta dos preços em 2007
fique em 4,20% -abaixo, portanto, da meta de 4,50%. Na última reunião do Copom, realizada em agosto, essa projeção
estava em 4,50%.
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