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Receitas extras ajudam governo a obter novo recorde na arrecadação tributária
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal conseguiu
obter, mais uma vez, recorde na
arrecadação de impostos e contribuições com a ajuda de receitas extraordinárias, como são
chamadas as fontes de recursos
que não se repetirão nos próximos meses.
Em setembro, a Receita Federal recolheu R$ 33,805 bilhões, o melhor resultado para
o mês na história. Desse total,
R$ 1,203 bilhão veio do programa de parcelamento de débitos
conhecido como Refis 3; outros
R$ 426 milhões vieram do pagamento de royalties por causa
de uma reavaliação da produtividade de poços de petróleo.
No ano, a arrecadação acumulada foi de R$ 288 bilhões,
com crescimento de 4,6% acima da inflação em relação ao
mesmo período de 2005, confirmando a tendência de novo
aumento da carga tributária.
De acordo com o secretário
da Receita, Jorge Rachid, o recolhimento de tributos está
dentro das projeções do governo. Ao contrário do que já fez o
ministro Guido Mantega (Fazenda), o secretário não quis
afirmar que houve excesso de
arrecadação.
"Em linhas gerais, posso garantir que estamos trabalhando dentro do previsto. Os resultados têm sido bastante positivos e não são frutos de aumentos de tributos", diz Rachid.
Além da arrecadação de R$
1,2 bilhão com o Refis 3 em setembro, o governo também recebeu R$ 764 milhões em agosto das 222 mil empresas que
aderiram ao programa.
Outros 25,5 mil devedores da
Previdência Social recolheram
R$ 472 milhões com o mesmo
parcelamento nos dois meses.
Com isso, o ganho total do governo com o refinanciamento
foi de R$ 2,436 bilhões. Mesmo
assim, a Receita continua contra esse tipo de programa.
"Esses parcelamentos não
são bons para a administração
tributária nem para os contribuintes que cumprem com
suas obrigações em dia. A recuperação [da arrecadação] pode
se dar no curto prazo, mas pode
gerar comportamento indevido
do contribuinte. Essa é a nossa
preocupação", disse Rachid.
Petróleo e ITR
A preocupação do secretário
está no fato de que, ao permitir
facilidades para o pagamento, a
Receita estaria "premiando" os
maus contribuintes em detrimento dos bons -aqueles que
pagam os tributos em dia.
O parcelamento do Refis 3
permitiu a renegociação de dívidas vencidas até dezembro de
2005 com descontos de multas
e juros e prazo de até 130 meses. O benefício maior era para
o pagamento à vista, mas a Receita Federal ainda não sabe
quanto do valor recebido se refere a parcelamentos ou quitação à vista. A expectativa, porém, é que o volume de recursos que entrou no caixa não se
repita nos próximos meses.
O pagamento de royalties,
principalmente sobre petróleo,
é a principal explicação para o
crescimento de 14,37% acima
da inflação na parcela da arrecadação conhecida como "demais receitas". Esse item inclui,
além dos royalties, a receita de
taxas e de contribuições e concessões de serviços públicos.
No ano, a arrecadação já chega
a R$ 15,286 bilhões.
Em setembro, a Receita também recolheu R$ 326 milhões
de uma empresa do setor financeiro que fez uma remessa ao
exterior. Por último, o resultado da boa arrecadação no mês
passado é explicado pelo pagamento do ITR (Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural),
de R$ 183 milhões.
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