|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIA DE CALMANTE
Modesto retorno do crédito externo também ajuda na queda da moeda dos EUA, que foi para R$ 3,56
Rolagem da dívida dá uma folga ao dólar
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma semana marcada por
pressões devido à rolagem da dívida cambial, que vence amanhã,
o dólar recuou fortemente ontem.
Vendida a R$ 3,56, a moeda dos
EUA fechou com desvalorização
de 3,26%. Foi a maior queda percentual desde 11 de outubro,
quando havia caído 4,26%.
A rolagem da dívida cambial
feita pelo Banco Central ontem
ajudou a manter o dólar em baixa.
Uma modesta recuperação das
linhas de financiamento externo
para o país também tem colaborado para o recuo nas cotações do
dólar. Segundo Anselmo Sandri,
gerente sênior de corporate finance do Lloyds TSB, o discurso do
governo eleito de continuidade
das atuais diretrizes econômicas
tem contribuído para a recuperação da confiança no país.
Com isso, tem aumentado a disposição dos investidores externos
de emprestar recursos para o Brasil. A principal recuperação tem
sido sentida nas linhas de financiamento à exportação.
"O volume de financiamento
que está voltando ao mercado hoje é ainda bem tímido, restrito,
mas muito melhor do que há 30
dias", disse Sandri.
O diretor de Política Econômica
do Banco Central, Ilan Goldfajn,
confirmou a percepção do mercado ontem, ao dizer em seminário
em São Paulo que, a partir de outubro deste ano, a oferta de linhas
de crédito externo para o país parou de cair.
Após o resultado considerado
favorável da quinta-feira, dia que
o Banco Central (BC) conseguiu
rolar 44,1% da parcela da dívida
cambial que vence amanhã, a rolagem efetuada ontem foi menos
turbulenta.
A autoridade monetária realizou dois leilões e terminou o dia
com 83,8% da rolagem da dívida
de U$ 2,4 bilhões concluída. Entretanto, a taxa de juros paga pelo
BC para a rolagem da dívida foi
maior do que a observada em alguns leilões passados, mesmo
sendo menor do que a da semana
passada.
No dia 8 de novembro, por
exemplo, o BC pagou 31,56% de
juros para colocar títulos com
vencimento em abril do próximo
ano. No leilão de ontem, o BC
aceitou as ofertas de juros mais altas pedidas pelos bancos e vendeu
os títulos para abril do ano que
vem com taxas de 36,1% ao ano.
Segundo Carlos Alberto Abdalla, diretor da corretora Souza
Barros, O BC pode ter achado melhor pagar uma taxa de juros
maior e conseguir rolar a dívida
do que deixá-la sem rolagem, fazendo com que o câmbio siga
pressionado e possa gerar pressão
sobre os preços e consequentemente mais inflação.
Para alguns analistas, o BC nesse momento está "na mão do
mercado", por ter que decidir entre pagar as taxas pedidas e diminuir as pressões no câmbio ou
deixar que as altas do dólar sejam
repassadas na forma de inflação.
A queda do dólar é tida como
certa para a maioria dos operadores. Mas o mercado deve sempre
tentar, em um momento de mercado frágil, procurar espaço para
especular e auferir ganhos.
"A tendência é de queda. Mas
deve haver intranquilidade sempre que houver vencimentos da
dívida ou mesmo notícias mal explicadas", diz Abdalla.
As taxas de juros também reagiram à melhora no câmbio e pararam de subir.
O contrato DI (que considera os
juros cobrados entre os bancos)
que vence no próximo mês fechou com taxa de 22,11% anuais
na BM&F (Bolsa de Mercadorias
& Futuros) nos negócios de ontem.
Mesmo assim, o contrato projeta a expectativa dos investidores
de que o Copom (Comitê de Política Monetária) suba a taxa básica
de juros na reunião que começa
hoje. Atualmente, a Selic está em
21% ao ano.
Colaboraram Érica Fraga e Fabricio
Vieira, da Reportagem Local
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Frases Índice
|