São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2008

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Petrobras adia a exploração de campos menos lucrativos

Contenção de gastos leva empresa a priorizar atividades com retorno mais rápido

Apesar de não possuírem retorno de curto prazo, os projetos do pré-sal, tidos como estratégicos para o futuro, não serão suspensos

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A Petrobras admitiu ontem que vai adiar projetos de exploração e produção, desde que não afetem de forma significativa a curva de produção da empresa. O gerente-geral de Novos Negócios da área de E&P (Exploração e Produção) da estatal, José Jorge de Moraes Junior, disse que serão priorizados projetos que possibilitem retorno mais rápido, como os que extraem óleo leve.
O gerente frisou que os projetos do pré-sal são prioritários para a empresa, pois são decisivos para as metas de produção pós-2015, e não serão afetados.
Moraes Junior explicou que a empresa está revisando investimentos em projetos em diversas áreas devido ao novo cenário econômico, o que inclui o enxugamento do crédito e a queda do preço do barril, que saiu da casa dos US$ 140 em julho para menos de US$ 60.
"Temos que fazer ajustes em projetos que não afetem nossa curva de produção de forma significativa, principalmente para 2009 e 2010. Um pouco mais para a frente, poderá ser criado um buraco não muito grande, que vamos recuperar futuramente", disse.
Recentemente, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, enviou comunicado aos funcionários sobre a necessidade de cortes de custos -ele menciona viagens e festas, por exemplo. A direção da companhia informou que foi iniciado um processo contínuo e permanente de otimização na execução das atividades.
Moraes Junior não quantificou os projetos que serão postergados e nem quanto da produção será afetado na revisão dos investimentos da Petrobras. A estatal prevê para dezembro a divulgação do novo planejamento estratégico, que cobrirá o período entre 2009 e 2013. Inicialmente, o plano seria concluído entre setembro e outubro, mas o agravamento da crise financeira e a conseqüente queda da cotação do barril do petróleo fizeram a companhia repensar os projetos e adiar a divulgação. O atual plano vai de 2008 a 2012 e prevê investimentos totais de R$ 112 bilhões, basicamente com recursos próprios.
Em relação ao pré-sal, o executivo informou que a Petrobras vai fazer novas perfurações em 2009 nas áreas de Tupi, Iara e Júpiter com o objetivo de delimitá-las.
Quanto ao fato de o baixo preço do barril prejudicar a exploração do pré-sal, ele lembrou que, ao mesmo tempo em que o petróleo fica mais barato, a tendência é que os custos dos equipamentos e o conseqüente investimento recuem. Para Moraes, o preço do barril em baixa faz com que todas as petrolíferas tenham que repensar os projetos, e que a reavaliação não é exclusiva da Petrobras.
O executivo informou ainda que a estatal tem interesse em participar da 10ª Rodada da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), marcada para o dia 18 de dezembro. Ele informou que a estatal vai se habilitar a participar do leilão e vai decidir quais áreas disputar. O prazo para a habilitação das empresas termina na próxima sexta. Ele lembrou que a Petrobras já detém blocos próximos às áreas ofertadas nesse leilão.


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