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Comércio cresce 1,2% no mês de setembro
Na comparação com o mesmo período do ano passado, avanço foi de 9,4%, mas especialistas já falam em desaceleração
Foi o sétimo mês seguido de expansão, segundo o IBGE; freada atingirá mais os bens duráveis, afetados pelo crédito mais caro e escasso
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Ainda imune à crise, em setembro o comércio varejista
cresceu 1,2% em volume de
vendas na comparação livre de
efeitos sazonais com agosto
-alta de 1,1%. Foi o sétimo mês
seguido de expansão, segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). Em relação a setembro de 2007, o
avanço foi de 9,4%, pouco menor do que os 9,9% de agosto.
Apesar do incremento das
vendas, especialistas ouvidos
pela Folha esperam desaceleração nos dados no último trimestre, já delineada em outubro. A freada atingirá mais os
bens duráveis, afetados pelo
crédito mais caro e escasso e
pela disparada do câmbio após
o agravamento da crise.
Segundo Carlos Thadeu de
Freitas, economista da CNC
(Confederação Nacional do
Comércio), haverá desaceleração das vendas no varejo, mas
não muito intensa. Isso porque
a massa salarial se mantém em
alta e compensará, em parte, o
efeito negativo do crédito e da
alta do dólar, que encarece importados e eletroeletrônicos.
Laura Comparini, economista da LCA, concorda: "O Natal
será mais fraco do que o do ano
passado, mas ainda vai ser
bom". A LCA prevê expansão
de 8,3% nas vendas do quarto
trimestre, abaixo dos 10,4%
acumulados de janeiro a setembro e dos 9,8% dos últimos
três meses de 2007.
"Vamos ter um Natal parecido com o de 2007. As vendas
devem crescer 1%, no máximo,
já que a base de comparação é
elevada. Existem fatores negativos e positivos que se compensam. O crédito está mais
caro e seletivo, e a confiança
caiu. Já a massa salarial cresceu e, por isso, o 13º salário vai
injetar mais recursos na economia", avalia Altamiro Carvalho,
da Fecomercio-SP.
Para Freitas, porém, já há indícios de desaceleração. Um
deles é a alta de 1,1 ponto percentual na inadimplência na
primeira quinzena deste mês,
para 13,8%, segundo a Associação Comercial de São Paulo.
Outro é a queda da confiança
dos consumidores -de 4,5%
ante outubro, de acordo com a
Fecomercio-SP-, que sinaliza
a menor disposição de compra.
Alguns ramos já registram
vendas menores. É o caso de
veículos, cujos emplacamentos
(termômetro das vendas) caíram 11,6% em outubro e 3,3%
em relação a outubro de 2007,
segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição
de Veículos Automotores).
Tal cenário, porém, não se
configurou ainda em setembro.
Impulsionada por promoções,
as vendas de móveis e eletrodomésticos subiram 3,1% de
agosto para setembro. As de informática avançaram 6,9%. Já
as de veículos reagiram -alta
de 5,5%- após a queda de 3,4%
em agosto. Com desempenho
abaixo da média, as vendas dos
supermercados e demais lojas
de alimentos subiram 0,6% em
relação a agosto.
Para Reinaldo Pereira, economista do IBGE, nem a crise
nem a alta de juros tiveram
ainda impacto significativo no
varejo, cujo consumo segue
aquecido. Segundo ele, o comércio foi impulsionado por
promoções, especialmente de
veículos e eletrodomésticos.
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