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Brasil se torna 4º maior credor dos EUA
Investimento brasileiro em títulos americanos alcançou em setembro US$ 145 bilhões, o seu maior nível em 12 meses
Aumento das reservas e
busca por aplicações mais
seguras incentivam compra;
China, Japão e Reino Unido
são maiores credores dos EUA
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento no fluxo de dólares para o Brasil tem ajudado o
país a reforçar a sua posição como um dos maiores credores
do governo norte-americano.
De acordo com o Tesouro dos
EUA, o investimento do governo brasileiro em títulos do país
alcançou em setembro o maior
nível em 12 meses. São US$ 145
bilhões que estão hoje financiando a dívida do país, o equivalente a quase dois terços das
reservas internacionais. Esse
valor coloca o Brasil como o
quarto maior credor dos EUA,
atrás apenas de China, Japão e
Reino Unido.
No final do ano passado, o governo brasileiro havia reduzido
a aplicação nesses títulos, que
ficaram muito valorizados durante a fase mais aguda da crise,
quando investidores buscaram
proteção naquele que é considerado o investimento mais seguro do mundo.
Ao vender esses papéis, e embolsar algum lucro, o país migrou para outras aplicações,
também consideradas seguras,
mas que pagavam juros maiores. É o caso de papéis de organismos multilaterais, como o
KfW (o BNDES alemão) e o BIS
(o BC dos bancos centrais).
Apesar do aumento em termos absolutos, percentualmente, o país ainda está distante do recorde alcançado em junho de 2008. Na época, o Brasil
aplicava 80% das suas reservas
em títulos dos EUA. O governo
buscava, naquele momento, tirar o dinheiro dos bancos internacionais, que já enfrentavam
problemas de solvência.
Uma das explicações para esse aumento nas compras é o
crescimento das reservas internacionais, que estão hoje no patamar recorde de US$ 235 bilhões. As reservas funcionam
como uma garantia para o país
em momentos de crise. Graças
a esse dinheiro, o Brasil deixou
de ser um devedor e é hoje credor em moeda estrangeira.
Além dos papéis dos EUA, o
BC -que administra as reservas internacionais- mantém
esse dinheiro aplicado em bancos estrangeiros e em ativos como o ouro. Há ainda os recursos que estão no FMI -hoje o
país é credor do Fundo em mais
de US$ 5 bilhões.
Ao contrário do Brasil, outros grandes credores mantiveram, e até aumentaram, essas
aplicações em papéis dos EUA
no momento mais agudo da crise. O Reino Unido, por exemplo, mais que dobrou sua participação nos últimos 12 meses.
Ultrapassou a posição brasileira em março deste ano, quando
o Brasil chegou a ficar atrás da
Rússia também. O Japão também aumenta gradativamente
suas aplicações.
A China, maior credor dos
EUA, tem mantido o seu nível
de investimento estável nos últimos meses. O país asiático
possui hoje cerca de US$ 800
bilhões nos papéis, o que representa quase 25% da dívida americana em títulos nas mãos de
países estrangeiros.
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