São Paulo, quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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BNDES aprova empréstimo de
R$ 4,4 bi à Oi

Cifra representa o maior financiamento a um grupo de telecomunicações desde a privatização da Telebrás, em 1998

Repasses do BNDES à Oi e à Brasil Telecom somadas representam cerca de 60% dos R$ 28,9 bi que o banco já liberou ao setor de telecom

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou, ontem, um empréstimo de R$ 4,4 bilhões para o grupo Oi/BrT. É o maior financiamento a um mesmo grupo de telecomunicações desde a privatização do Sistema Telebrás, em 1998.
A Oi comprou a Brasil Telecom no final do ano passado. Segundo o BNDES, o dinheiro financiará a compra de bens e serviços produzidos no Brasil pelas quatro empresas de telefonia do grupo -Oi Fixa, Oi Móvel, Brasil Telecom Fixa e Brasil Telecom Móvel-, prevista nos planos de investimento no triênio 2009/2011. Os recursos serão liberados ao longo de três anos, mediante a comprovação dos gastos.
Antes da fusão, a Oi e a Brasil Telecom já eram, individualmente, as empresas de telecomunicações com maiores empréstimos no BNDES.
A Oi já havia recebido R$ 6,7 bilhões do banco, desde a privatização. A Brasil Telecom, por sua vez, acumulava financiamentos de R$ 6,14 bilhões. No mesmo período, a TIM recebeu R$ 3,85 bilhões. A Vivo e sua controladora Telefônica receberam, somadas, R$ 5,1 bilhões.
O empréstimo foi solicitado em julho, o que, para os padrões do banco, significou uma aprovação muito rápida. Em geral, ele leva pelo menos seis meses para examinar os projetos. "Foi rápido porque somos eficientes", respondeu o chefe do departamento de telecomunicações do banco, Alan Fishler, ao ser indagado sobre a razão da celeridade.
Com o financiamento de R$ 4,4 bilhões anunciado ontem, sobe para R$ 17,24 bilhões o total autorizado pelo BNDES à Oi/Brasil Telecom desde a privatização da Telebrás. Isso representa cerca de 60% dos R$ 28,9 bilhões que o banco liberou para todas as teles desde a privatização.

Decisão política
O presidente da consultoria especializada em telecomunicações Teleco, Eduardo Tude, não vê distorção no peso do grupo Oi/ BrT dentro da carteira de empréstimos do BNDES para o setor. Ele lembra que o governo Lula incentivou a compra da Brasil Telecom pela Oi a propósito de preservar a existência de uma grande empresa nacional no setor.
"Os demais grupos que estão no mercado brasileiro -Telefônica, Telmex, Telecom Italia e Vivendi- são muito maiores do que a Oi/BrT e têm atuação internacional", afirma.
Para Fishler, do BNDES, os valores da Oi/BrT são maiores porque é o grupo com maior área de concessão de serviço e com as maiores metas de expansão por cumprir.

Endividamento
A Oi ainda está digerindo a compra da Brasil Telecom. De janeiro a setembro deste ano, ela acumulou prejuízo de R$ 71 milhões, e seu endividamento atinge R$ 21,1 bilhões. A empresa define as dificuldades do momento como as dores do crescimento.
Para Eduardo Tude, a Oi/BrT não teria condição de financiar seus investimentos só com os recursos próprios, por estar com o caixa apertado. Mas, para ele, as teles oferecem pouco risco para os bancos.
A compra da Brasil Telecom envolveu cerca de R$ 12 bilhões e teve repercussão até na esfera política. Para viabilizar a compra, o presidente Lula eliminou a regra que impedia a compra de uma concessionária de telefonia fixa por outra.
O BNDES financiou indiretamente uma parte da negociação. No ano passado, por intermédio de sua empresa de participações BNDESPar, desembolsou R$ 2,5 bilhões para financiar a saída de alguns acionistas controladores da holding Telemar.
O maior apoio financeiro estatal para a compra da BrT veio do Banco do Brasil, que autorizou empréstimo de R$ 4,3 bilhões à Oi/Telemar na ocasião.
Depois da absorção da BrT, a Oi -que passou a se apresentar como Nova Oi- detém 51,6% do total de linhas telefônicas fixas em serviço no país e 20,9% dos assinantes de celular. Sua área de concessão cobre todos os Estados, menos São Paulo.


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