São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAPITAL EM CRISE

Conseco, sétima maior empresa do setor no país, pede a terceira maior concordata norte-americana

Seguradora pede megaconcordata nos EUA

DA REDAÇÃO

A seguradora norte-americana Conseco fez ontem o terceiro maior pedido de concordata dos Estados Unidos. A Conseco -sétima maior seguradora do país- registrou prejuízos de US$ 6 bilhões de janeiro a setembro deste ano. Com a concordata, a empresa quer se proteger de credores enquanto tenta vender sua unidade financeira para se reestruturar.
Os ativos da empresa somam US$ 52,2 bilhões, segundo o último relatório financeiro disponível. A concordata é a terceira maior do país, ficando atrás apenas da WorldCom, que tinha US$ 103,9 bilhões em ativos em julho deste ano e da Enron, com US$ 63,4 bilhões em dezembro de 2001. Das 12 maiores concordatas dos EUA, sete aconteceram neste ano.
No trimestre que acabou em 30 de setembro, a companhia havia registrado prejuízo de US$ 1,77 bilhões e suas ações, descredenciadas da Bolsa de Nova York.
De 1988 a 1998, os papéis da Conseco davam, em média, um retorno anual de 47%, e a ação chegou a valer US$ 58. Hoje, está cotada em menos de US$ 0,01.
A concordata engloba a holding Conseco e a problemática unidade de empréstimos chamada Conseco Finance, mais algumas divisões relacionadas. A divisão de seguros, que está sob o pente fino de autoridades federais, não será afetada. Segundo o novo diretor da empresa, William Shea, a divisão de seguros está com boa saúde financeira.
Um porta-voz da companhia disse que o plano de reestruturação e a concordata ainda não foram aceitos pelos credores da Conseco.
A companhia -que foi fundada por Stephen Hilbert, um ex-vendedor de enciclopédias- fez pesadas dívidas na década de 1990, quando Hilbert, na época presidente da empresa, fechou a compra da Green Tree Financial em 1998 e que agora é chamada de Conseco Finance.
A compra expôs a Conseco a uma montanha de empréstimos mal concedidos que piorou conforme a economia norte-americana desacelerou.
A empresa informou que fechou um acordo para vender a Conseco Finance a um grupo de investimento por um preço equivalente às dívidas da empresa. A transação está sujeita a aprovação judicial.
No final da década de 1990, a Conseco fez mais empréstimos e arranjou problemas na contabilização de seus lucros, o que resultou na saída de Hilbert da presidência e abalou a confiança de Wall Street.
Gary Wendt, antigo chefe da GE Capital, assumiu o cargo em uma tentativa de resgate da firma, mas renunciou em outubro ao admitir que o plano de recuperação havia fracassado. A partir de agosto deste ano, a Conseco abandonou o plano de redução de dívidas e optou pela negociação de uma reestruturação da empresa.
Para que os credores possam recuperar parte de seu investimento, a Conseco precisa primeiro adotar algumas medidas. Em primeiro lugar, tem que manter fundos para permitir que suas unidades financeiras e de seguros possam operar e se adequar às leis federais. A empresa também tem que pagar US$ 1,5 bilhão em dívidas bancárias e repor US$ 2,5 bilhões para portadores de títulos.
Os acionistas comuns estão no final da lista de prioridades e, segundo analistas, têm poucas chances de reaver seus investimentos.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Energia: Dívidas no MAE serão quitadas nos dias 26 e 27
Próximo Texto: Panorâmica - Financiamento: Santander abre linha de crédito para a Embraer
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.