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Juro de mercado sobe na contramão da Selic
Taxa média paga por consumidor aumenta 0,05 ponto em novembro apesar de queda da taxa básica, afirma a Anefac
Selic caiu 6,5 pontos desde
setembro de 2005, e a
taxa ao consumidor, só
3,47 pontos; associação
culpa alta da inadimplência
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os juros médios pagos por
pessoas físicas e jurídicas em
operações de crédito tiveram
leve alta em novembro, apesar
de o Banco Central ter voltado
a cortar a taxa básica da economia, a Selic, no mês passado. A
Selic está hoje em 13,25% ao
ano após corte de 0,5 ponto
percentual em novembro.
Enquanto isso, a taxa média
para pessoa física subiu 0,05
ponto percentual, ao passar de
7,43% ao mês em outubro para
7,48% em novembro, segundo
pesquisa da Anefac (Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Anualizado, o juro
pago pela pessoa física em novembro ficou em 137,65% -alta de 1,33 ponto percentual em
relação a outubro.
Desde que o Banco Central
começou a reduzir a taxa básica
de juros, em setembro do ano
passado, a queda acumulada é
de 6,5 pontos percentuais -de
19,75% ao ano em setembro de
2005 para os atuais 13,25%.
Já os juros cobrados por bancos, financeiras e lojas dos consumidores foram reduzidos em
3,47 pontos percentuais, de
141,12% ao ano em setembro de
2005 para 137,65% ao ano em
novembro passado.
Nos financiamentos às empresas, a taxa média passou de
4,24% ao mês em outubro para
4,25%- alta de 0,01- em novembro. A taxa média anual
chegou a 64,78% em novembro, com alta de 0,19 ponto percentual em relação a outubro.
Na opinião de Miguel Oliveira, economista da Anefac, "as
elevações das taxas de juros em
novembro, na contramão do
resultado da Selic, podem ser
atribuídas a uma maior demanda de crédito tanto de pessoas
físicas como de jurídicas, bem
como a um maior nível de inadimplência, que, mesmo tendo
apresentado pequena redução
[0,1 ponto percentual] no mês,
ainda apresenta uma alta de
um ponto percentual em 12
meses".
Controvérsia
Os juros apurados na pesquisa da Anefac são considerados
altos demais por analistas em
comparação aos que o Banco
Central divulga. "Com inflação
baixa como atualmente, é muito difícil alguém financiar a 7%
ao mês. Os juros pesquisados
pela Anefac são muito questionáveis, não conferem com a base de dados do BC", disse Emilio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo.
A pesquisa de juros do BC referente a novembro ainda não
foi divulgada, mas, em outubro,
enquanto a taxa média anual
para pessoa física encontrada
pela autoridade monetária era
de 53,1%, a da Anefac apontava
136,32%.
Já as taxas médias para pessoa jurídica ficaram em 27,4%
ao ano, em outubro, segundo o
BC, e em 64,59%, segundo a
Anefac. A diferença de metodologia explica as divergências.
A Anefac trabalha com médias aritméticas das taxas prefixadas em seis linhas de crédito
para pessoa física e quatro linhas para pessoa jurídica. Já o
BC abrange uma quantidade
maior de linhas de crédito: sete
para pessoa física e quatro para
pessoa jurídica e inclui taxas
pré e pós-fixadas.
Além disso, o BC pondera as
taxas pelo volume de crédito
concedido. A Anefac, por seu lado, baseia-se em anúncios de
jornais para apurar os juros
praticados no comércio -metodologia que o BC não adota.
Alfieri reconhece que o custo
básico do dinheiro caiu muito
mais do que os juros pagos na
ponta pelo tomador de crédito.
"Isso pode ser conseqüência do
aumento da inadimplência. A
inadimplência no comércio
paulista subiu de 4,7% em novembro de 2005 para 5,3% em
novembro passado", diz ele.
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