São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 2006

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Juro de mercado sobe na contramão da Selic

Taxa média paga por consumidor aumenta 0,05 ponto em novembro apesar de queda da taxa básica, afirma a Anefac

Selic caiu 6,5 pontos desde setembro de 2005, e a taxa ao consumidor, só 3,47 pontos; associação culpa alta da inadimplência

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os juros médios pagos por pessoas físicas e jurídicas em operações de crédito tiveram leve alta em novembro, apesar de o Banco Central ter voltado a cortar a taxa básica da economia, a Selic, no mês passado. A Selic está hoje em 13,25% ao ano após corte de 0,5 ponto percentual em novembro.
Enquanto isso, a taxa média para pessoa física subiu 0,05 ponto percentual, ao passar de 7,43% ao mês em outubro para 7,48% em novembro, segundo pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Anualizado, o juro pago pela pessoa física em novembro ficou em 137,65% -alta de 1,33 ponto percentual em relação a outubro.
Desde que o Banco Central começou a reduzir a taxa básica de juros, em setembro do ano passado, a queda acumulada é de 6,5 pontos percentuais -de 19,75% ao ano em setembro de 2005 para os atuais 13,25%.
Já os juros cobrados por bancos, financeiras e lojas dos consumidores foram reduzidos em 3,47 pontos percentuais, de 141,12% ao ano em setembro de 2005 para 137,65% ao ano em novembro passado.
Nos financiamentos às empresas, a taxa média passou de 4,24% ao mês em outubro para 4,25%- alta de 0,01- em novembro. A taxa média anual chegou a 64,78% em novembro, com alta de 0,19 ponto percentual em relação a outubro.
Na opinião de Miguel Oliveira, economista da Anefac, "as elevações das taxas de juros em novembro, na contramão do resultado da Selic, podem ser atribuídas a uma maior demanda de crédito tanto de pessoas físicas como de jurídicas, bem como a um maior nível de inadimplência, que, mesmo tendo apresentado pequena redução [0,1 ponto percentual] no mês, ainda apresenta uma alta de um ponto percentual em 12 meses".

Controvérsia
Os juros apurados na pesquisa da Anefac são considerados altos demais por analistas em comparação aos que o Banco Central divulga. "Com inflação baixa como atualmente, é muito difícil alguém financiar a 7% ao mês. Os juros pesquisados pela Anefac são muito questionáveis, não conferem com a base de dados do BC", disse Emilio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo.
A pesquisa de juros do BC referente a novembro ainda não foi divulgada, mas, em outubro, enquanto a taxa média anual para pessoa física encontrada pela autoridade monetária era de 53,1%, a da Anefac apontava 136,32%.
Já as taxas médias para pessoa jurídica ficaram em 27,4% ao ano, em outubro, segundo o BC, e em 64,59%, segundo a Anefac. A diferença de metodologia explica as divergências.
A Anefac trabalha com médias aritméticas das taxas prefixadas em seis linhas de crédito para pessoa física e quatro linhas para pessoa jurídica. Já o BC abrange uma quantidade maior de linhas de crédito: sete para pessoa física e quatro para pessoa jurídica e inclui taxas pré e pós-fixadas.
Além disso, o BC pondera as taxas pelo volume de crédito concedido. A Anefac, por seu lado, baseia-se em anúncios de jornais para apurar os juros praticados no comércio -metodologia que o BC não adota.
Alfieri reconhece que o custo básico do dinheiro caiu muito mais do que os juros pagos na ponta pelo tomador de crédito. "Isso pode ser conseqüência do aumento da inadimplência. A inadimplência no comércio paulista subiu de 4,7% em novembro de 2005 para 5,3% em novembro passado", diz ele.


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