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Nextel "inflaciona" e intriga o leilão da telefonia 3G
Empresa fez lances correspondentes à metade de seu faturamento no país, elevando preço pago pelas licenças
Analistas crêem que um grande investidor sustentou os lances da empresa no leilão; para executivo do setor, pode ser a Motorola
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A entrada da Nextel no leilão
da telefonia de terceira geração
(3G) provocou um ágio que em
alguns casos passou de 200%.
Analistas diziam ontem que a
Nextel brasileira não teria recursos para entrar com tanta
força no leilão e que, por isso,
deveria ter outro grande investidor por trás dos seus lances.
A Folha apurou junto a um
executivo do setor que a fabricante de celular americana
Motorola estaria por trás dos
lances da Nextel. Também se
especulou sobre a atuação da
Sprint, gigante da telefonia
americana, mas, segundo sua
assessoria de imprensa, a empresa americana adquiriu só a
Nextel nos EUA, cuja operação
é desvinculada das demais.
A companhia, que volta à disputa hoje das faixas de freqüência à venda pela Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), já deixou uma
certeza: entrou com força na
disputa pelo mercado de comunicação móvel brasileiro.
No Brasil, a Nextel conta
com 1,187 milhão de clientes
que utilizam um serviço de comunicação móvel. A receita foi
de US$ 570,3 milhões nos primeiros nove meses de 2007.
"O que espantou foi termos
vistos a Nextel fazer lances
muito agressivos", afirmou
Eduardo Tude, presidente do
Teleco, um serviço de informações em telecomunicações.
A Nextel chegou a ofertar
cerca de R$ 580 milhões pelo
quarto lote da primeira região
-que engloba Rio de Janeiro,
Bahia, Sergipe e Espírito Santo-, perdendo para a Claro,
que pagou 5% a mais. Esse valor era mais que o dobro do que
o previsto pela Anatel.
Para os concorrentes no leilão, existe um grande investidor dando suporte à Nextel.
"Vimos uma empresa atuando
no leilão que não era a Nextel
Brasil. Ela fez lances que levaram as quatro maiores do mercado a pagar muito mais pelas
licenças", disse Tude.
As suspeitas ganham corpo
porque, além do valor a ser pago pelas licenças, quem vencer
o leilão terá de investir cerca de
R$ 2,5 bilhões para a expansão
da cobertura de celular em todas as cidades de sua área de
cobertura até 2010. "Um investimento desse porte se justifica
para quem está planejando
crescer para 15 milhões de
clientes", afirma Tude.
"Pode ser a própria Nextel
América Latina", afirma Tude.
Essa empresa é controlada pela
NII Holding, com sede nos
EUA, cujo faturamento foi de
US$ 853 milhões nos primeiros
nove meses desse ano.
Segundo Steve Shinder, presidente da NII Holding, a empresa está capitalizada e quer
expandir sua base de clientes a
um ritmo de 37% ao ano.
No Brasil, a compra de um
lote na área 1 (que inclui o Rio
de Janeiro) ou 3 (que engloba
São Paulo) seria uma oportunidade para atingir essa meta.
Segundo Alex Zago, analista
de telecomunicações do IDC,
os lances agressivos da Nextel
indicaram que ela tem interesse em ofertar novos serviços
aos assinantes corporativos.
Em contrapartida, as margens de lucro das operadoras
diminuiriam. Hoje elas estão
em 23%. "Independentemente
do que aconteça, estão todos
fazendo investimentos que levarão muito tempo para serem
amortizados", disse Zago.
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