São Paulo, Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2000


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GRANDES FORTUNAS
Júlio Bozano tem patrimônio estimado em US$ 1,3 bilhão pela revista "Forbes"
Privatização foi trampolim dos negócios

FREDERICO VASCONCELOS
da Reportagem Local

A venda do Banco Bozano, Simonsen pode retirar o status de banqueiro do controlador, o gaúcho Júlio Rafael de Aragão Bozano. Mas, além dos milhões acrescentados à sua fortuna, a biografia desse empresário muito esperto foi enriquecida com mais um negócio bem-sucedido.
Seu grupo é conhecido pelos métodos modernos de gestão, mas o grande trampolim foi a privatização de estatais.
Júlio Bozano não é um banqueiro no estilo tradicional. Há vários anos frequenta a lista dos bilionários da revista norte-americana "Forbes", com uma fortuna estimada em US$ 1,3 bilhão. Tem investimentos em shoppings e na agropecuária.
No final dos anos 80, o banco Bozano, Simonsen chegou a enfrentar dificuldades. O grande lance surgiu com a percepção de que as "moedas podres" -títulos da Sunaman e Siderbrás- poderiam ser usadas nos leilões de privatização.
O grupo liderou as participações do setor bancário nas privatizações, mas em 1997 já havia saído da maioria das empresas.
Em 1994, associado a dois fundos de pensão, adquiriu 85,5% das ações ordinárias da Embraer. No ano passado, foi aberta uma polêmica, a partir de negociações com um consórcio francês, o que poderia levar à mudança de controle. Os controladores da Embraer, segundo a Aeronáutica, teriam deixado de cumprir o compromisso de reinvestir os lucros.
Júlio Bozano partiu com apetite para o varejo bancário, quando arrematou o Meridional, pelo qual pagou um valor 54,97% acima do mínimo.
O Meridional tinha créditos tributários de mais de R$ 200 milhões. Mas, para usá-los, deveria apresentar lucros, o que não era previsto no curto prazo. Parte do patrimônio do Bozano foi colocado no Meridional. Com a estratégia, o Bozano, Simonsen passou a ser controlado pelo banco comprado.
O nome Bozano, Simonsen (com a vírgula no meio) surgiu em 1961, quando Júlio Bozano abandonou o curso de arquitetura e criou, com o ex-ministro Mário Henrique Simonsen (morto em 1997), uma empresa de planejamento financeiro.
Bozano tem como principal hobby a criação de cavalos. Ele é casado com Inês Paiva de Castro, ex-veterinária de um de seus haras. Seu projeto pessoal, hoje, é ser presidente do Jockey Clube, no Rio de Janeiro.
Pelo desempenho nas privatizações, Bozano, ao lado de Benjamin Steinbruch, do grupo Vicunha, chegou a ser identificado como exemplo de "empresário global". Por ironia, a venda do seu banco reflete o outro lado da globalização: no varejo bancário, só deverão permanecer os realmente grandes no ramo.


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