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Real ainda é fraco, diz índice Big Mac
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os preços brasileiros continuam bastante competitivos no
mercado norte-americano. Apesar da recente perda de valor do
dólar, a moeda brasileira está,
atualmente, 37% subvalorizada
em relação à norte-americana.
O mesmo ocorre com as moedas de outros países emergentes,
principalmente os asiáticos, que
têm feito fortes intervenções no
mercado cambial para evitar que
suas moedas se apreciem diante
do dólar.
O yuan chinês está 56% subvalorizado em relação à moeda norte-americana, o iene japonês,
11%, a rúpia indonésia, 31% e o
baht tailandês, 45%.
Os dados são calculados a partir
de um indicador publicado há 17
anos pela revista inglesa "The
Economist", o chamado índice
Big Mac. Economistas da revista
coletam os preços do sanduíche
em diferentes países e os convertem para dólares.
Depois disso, calculam a relação
entre o preço do Big Mac nos Estados Unidos e o seu valor em dólares em determinado país -o
percentual resultante dá uma medida da relação entre as duas
moedas.
No caso do Brasil, por exemplo,
um Big Mac vale hoje US$ 1,758,
contra o preço norte-americano
de US$ 2,80. Ou seja, com o dinheiro gasto para comprar um
sanduíche nos EUA, um norte-americano levaria 1,5 Big Mac numa cidade brasileira.
Barato
Esse indicador é uma forma de
medir o poder de compra da população de determinado país em
relação ao de outro. Mostra que o
Brasil ainda é, relativamente, "barato" para os norte-americanos.
Isso dá uma medida também da
competitividade das empresas
brasileiras no mercado norte-americano. Embora o real tenha
se mantido em patamar mais valorizado nos últimos meses, os
produtos fabricados no Brasil
continuam com preço atrativo no
mercado externo.
"O real ainda continua num patamar subvalorizado em relação a
outras moedas, em termos históricos", diz Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC.
Segundo Júlio Gomes de Almeida, diretor do Iedi (Instituto de
Estudos para Desenvolvimento
Industrial), apesar da apreciação
recente, o real mantém nível de
desvalorização próximo ao que
sucedeu à mudança de regime
cambial em janeiro de 1999.
"Estamos competitivos em relação ao período anterior à mudança cambial. Isso quer dizer que
podemos manter um bom ritmo
das exportações. No entanto, para
aumentar esse ritmo de crescimento, significativamente, a
moeda deveria continuar se desvalorizando bastante durante
uma década, pelo menos", diz Almeida, do Iedi.
Além de ser manterem competitivos nos EUA, os produtos brasileiros têm preços bastante atrativos no mercado europeu, devido ao movimento de valorização
do euro em relação ao dólar.
Cálculo do departamento econômico do HSBC mostra que, se o
dólar continuasse valendo cerca
de 0,9-cotação de abril de
2003-, a taxa nominal de câmbio
no Brasil teria de estar entre R$
3,25 e R$ 3,3 para que a moeda
brasileira mantivesse sua atual
competitividade ante a uma cesta
de moedas estrangeiras.
Ontem, o dólar estava valendo
0,8 e a taxa de câmbio no Brasil
era de R$ 2,84.
"A desvalorização do dólar tem
sido muito importante para o desempenho das nossas exportações", afirma Bassoli.
Segundo o economista-chefe do
HSBC, além de outros fatores, o
Brasil tem sido beneficiado porque os preços das commodities
acompanham parcialmente a
apreciação do euro e, com isso, ficam mais caras.
Apreciação
O índice Big Mac confirma a
forte apreciação do euro em relação ao dólar. Aponta para uma
valorização de 24,4% da moeda
européia.
Mas indica também que a maior
parte das moedas, inclusive de alguns países desenvolvidos, como
Canadá e Austrália, continua
mais competitiva do que o dólar.
Isso é um sinal de que a moeda
norte-americana poderá seguir
sua tendência de desvalorização.
Para especialistas, o fato de as
moedas asiáticas estarem muito
desvalorizadas em relação ao dólar também confirma a expectativa de que haverá uma pressão política forte para que os governos
de países como Japão e China deixem de fazer pesadas intervenções no mercado de câmbio.
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