|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SALTO NO ESCURO
Clientes de algumas distribuidoras terão de pagar reajuste extra por mais tempo para cobrir as perdas
Conta do racionamento é R$ 300 mi maior
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os consumidores vão ter de pagar mais R$ 300 milhões de perdas que as distribuidoras de energia tiveram durante o racionamento de 2001 a 2002. As perdas
no período ficaram em R$ 2,8 bilhões, e não nos R$ 2,5 bilhões estimados inicialmente.
Para permitir a cobrança dessa
diferença, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) recalculou o prazo de duração do aumento extra concedido em dezembro de 2001 para compensar
as perdas: 2,9% para consumidores residenciais e 7,9% para consumidores comerciais e industriais (veja quadro).
Para consumidores de 11 distribuidoras -incluindo Eletropaulo (SP), Bandeirante (SP) e Light
(RJ)- o aumento extra irá ficar
na conta por mais tempo, chegando em alguns casos a nove meses
além do que o inicialmente previsto. Essas concessionárias vendem energia para cerca de 11,5 milhões de clientes. Consumidores
residenciais de baixa renda não
pagam o aumento extra.
Inicialmente, o cálculo havia sido feito como se as distribuidoras
tivessem perdido R$ 2,5 bilhões
no MAE (Mercado Atacadista de
Energia Elétrica), por causa do racionamento, que teve como efeito
a elevação o preço da energia. Pelos números divulgados ontem
pela Aneel, esse número foi corrigido para R$ 2,8 bilhões.
Além de recalcular o prejuízo
que as distribuidoras tiveram no
racionamento, a Aneel retirou
temporariamente do valor a ser
compensado com o aumento extra o montante que as empresas
perderam com a alta do dólar (as
distribuidoras compram energia
em dólar da hidrelétrica de Itaipu) e com subsídio à geração termelétrica.
A compensação pela alta desses
custos -denominados no setor
como Parcela A- também foi
acertada pelas distribuidoras com
o governo no Acordo Geral do Setor, junto com a compensação pelos prejuízos do racionamento.
Nesse acordo, as empresas aceitaram empréstimos do BNDES de
até R$ 7,5 bilhões para cobrir suas
perdas com racionamento. Esse
empréstimo será pago com o que
as distribuidoras arrecadarem
com o reajuste extra. Em troca, as
empresas se comprometeram a
não acionar o governo na Justiça
por causa das perdas financeiras
causadas pelo pelo racionamento.
A compensação pela alta do dólar na compra de energia será feita
quando as empresas já tiverem sido ressarcidas dos prejuízos com
o racionamento. A retirada desse
valor -estimado em R$ 1,93 bilhão- do cálculo do ressarcimento fez com que o prazo para
vigência do aumento extra caísse
em 31 concessionárias.
Como essas perdas serão ressarcidas depois que o prejuízo com o
racionamento for quitado, os prazos de vigência do aumento extra
podem voltar a aumentar, tanto
nas distribuidoras que tiveram redução no prazo quanto nas que tiveram aumento no prazo.
Texto Anterior: Comércio exterior: Amorim diz estar otimista acerca de negociação na OMC Próximo Texto: ONS reativa termelétricas no Nordeste Índice
|