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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Baixar juro é melhor saída para crise, diz Serra
Um dia antes da reunião do
Copom, que vai decidir a nova
taxa básica de juros do país, o
governador de São Paulo, José
Serra, afirma que a grande mudança para ser feita no Brasil é
na política monetária do Banco
Central. Segundo ele, essa seria
a mais relevante ação do governo federal para enfrentar a crise econômica.
"Esse seria o passo, a medida
contracíclica mais importante
de todas as que o governo federal, de quem o Banco Central
depende, poderia adotar", disse
Serra.
Para o governador, a economia brasileira reuniu condições para que os juros fossem
reduzidos de forma "rápida e
significativa" logo no início da
crise: juros internos altos, forte
queda dos juros internacionais,
contração da demanda interna
e externa e deflação de preços
de commodities de importação
e exportação.
"Não existem condições simultâneas mais propícias para
baixar fortemente os juros do
que as quatro citadas", diz.
O governador também ressalta que um corte de 0,75 ponto percentual na Selic representaria uma redução pouco
acima de um vinte ávos no juro.
Esse corte é muito menor que o
feito por outros países em seu
juro básico, afirma.
Para Serra, o BC brasileiro
está em descompasso com as
autoridades monetárias de outros países. "No Brasil, a desvalorização da moeda local foi a
mais forte. É o país onde é
maior a diferença entre os juros
domésticos reais e os juros internacionais. É o país que mais
resistiu a baixar seus juros durante a crise."
A avaliação de Serra é a de
que a política monetária do BC
estava errada mesmo antes da
crise, ao manter os juros excessivamente altos e supervalorizar o câmbio nos últimos anos.
Para ele, isso provocou um déficit em conta corrente no balanço de pagamentos crescente
e um superávit comercial em
queda.
Segundo o governador paulista, tudo isso contribuiu para
que setor exportador apostasse
em um processo especulativo
de alto risco. "O Banco Central
foi corresponsável pelos tropeços que sofreram as empresas
exportadoras diante da contração súbita do crédito externo e
da desvalorização do real", afirma Serra.
O governador diz também
que é "normal" que o presidente da República procure estimular as expectativas em relação à economia para evitar uma
crise de confiança.
Mas medidas objetivas do governo federal contra a crise são
imprescindíveis, diz Serra. Segundo ele, é possível contribuir
para o aumento rápido dos investimentos de Estados e municípios, zelar pela execução
dos investimentos federais, segurar gastos de custeio e implementar providências contra
práticas desleais de comércio.
"E levar o Banco Central, que
é um órgão do governo, a atuar
com mais responsabilidade, rapidez e competência nas áreas
monetária e cambial", diz.
FATURA:
QUASE 20% DA POPULAÇÃO DO RIO TEM CONTA ATRASADA, DIZ FECOMÉRCIO
Uma pesquisa da Fecomércio-RJ na região metropolitana
do Rio aponta que 19,4% da população estava com alguma
conta em atraso no quarto trimestre de 2008. No trimestre
anterior, a inadimplência foi de 21% e, no mesmo período de
2007, de 20,8%. Entre as pessoas que deixaram de pagar alguma conta, a inadimplência cresceu em telefonia móvel (de
5,5% para 6,6%), aluguel (de 3,1% para 3,8%), condomínio
(4,8% para 6,1%) e mensalidade escolar (2,8% para 3,1%).
EXPECTATIVA
A Amcham (Câmara Americana de Comércio)
vai assistir à posse de Barack Obama hoje com expectativas positivas, mas para o "médio prazo", segundo Gabriel Rico, diretor-executivo da entidade.
No curto prazo, porém, todas as previsões de números para o comércio entre Brasil e EUA para
2009 podem ser refeitas para baixo. "A perspectiva
imediata é a de tudo encolher." Rico acredita que o
Brasil pode se tornar um parceiro estratégico e que
as energias renováveis serão o grande trunfo de
uma aproximação entre a nova administração
americana e o Brasil. "A Hillary tem o Brasil na cabeça. A expansão das relações é natural", afirma.
À MESA
Paulo Skaf almoça hoje
com Paulo Pereira da Silva,
na Fiesp.
IMOBILIÁRIA
Para 55% dos brasileiros,
este não é um bom momento para comprar imóveis, de acordo com pesquisa do Ibope com 16 mil pessoas em 17 países. Na Suíça,
57% dos entrevistados
acreditam que o momento
é bom para comprar casa.
LÁPIS
A Faber-Castell aproveita o período de volta às aulas para lançar um projeto
social. A empresa vai reverter 5% da receita obtida na
venda de seus produtos nas
lojas do Wal-Mart da região Sudeste para programas de educação mantidos
pela Ação Comunitária.
BLOG
Hugh MacLeod, guru da
web 2.0, criador do blog de
marketing gapingvoid.com, desembarca no
Brasil a convite da AgênciaClick. Ele vai dar palestra no encontro Campus
Party, em SP.
VENTO RUIM
Na semana passada, empresários e executivos das maiores
empresas europeias se reuniram em um encontro fechado
na Suíça. O clima foi de desânimo em relação à economia e a
constatação foi que a crise vai
piorar. Um dos mais pessimistas era Sergio Marchionne, executivo-chefe da Fiat. Ele disse
que a crise é muito violenta e
que a única saída para as montadoras na Europa seria elas se
fundirem. A tese dele é que só
assim as empresas ganhariam
produtividade suficiente para
enfrentar a tormenta. A ideia
de Marchionne esbarra na resistência das montadoras alemãs. Ontem o "Wall Street
Journal" informou que a Fiat
estaria em negociações para se
unir com a Chrysler. O mais interessante disso tudo é que há
um ano Marchionne era tido
como um grande executivo por
ter recuperado a Fiat.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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