São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Baixar juro é melhor saída para crise, diz Serra

Um dia antes da reunião do Copom, que vai decidir a nova taxa básica de juros do país, o governador de São Paulo, José Serra, afirma que a grande mudança para ser feita no Brasil é na política monetária do Banco Central. Segundo ele, essa seria a mais relevante ação do governo federal para enfrentar a crise econômica.
"Esse seria o passo, a medida contracíclica mais importante de todas as que o governo federal, de quem o Banco Central depende, poderia adotar", disse Serra.
Para o governador, a economia brasileira reuniu condições para que os juros fossem reduzidos de forma "rápida e significativa" logo no início da crise: juros internos altos, forte queda dos juros internacionais, contração da demanda interna e externa e deflação de preços de commodities de importação e exportação.
"Não existem condições simultâneas mais propícias para baixar fortemente os juros do que as quatro citadas", diz.
O governador também ressalta que um corte de 0,75 ponto percentual na Selic representaria uma redução pouco acima de um vinte ávos no juro. Esse corte é muito menor que o feito por outros países em seu juro básico, afirma.
Para Serra, o BC brasileiro está em descompasso com as autoridades monetárias de outros países. "No Brasil, a desvalorização da moeda local foi a mais forte. É o país onde é maior a diferença entre os juros domésticos reais e os juros internacionais. É o país que mais resistiu a baixar seus juros durante a crise."
A avaliação de Serra é a de que a política monetária do BC estava errada mesmo antes da crise, ao manter os juros excessivamente altos e supervalorizar o câmbio nos últimos anos. Para ele, isso provocou um déficit em conta corrente no balanço de pagamentos crescente e um superávit comercial em queda.
Segundo o governador paulista, tudo isso contribuiu para que setor exportador apostasse em um processo especulativo de alto risco. "O Banco Central foi corresponsável pelos tropeços que sofreram as empresas exportadoras diante da contração súbita do crédito externo e da desvalorização do real", afirma Serra.
O governador diz também que é "normal" que o presidente da República procure estimular as expectativas em relação à economia para evitar uma crise de confiança.
Mas medidas objetivas do governo federal contra a crise são imprescindíveis, diz Serra. Segundo ele, é possível contribuir para o aumento rápido dos investimentos de Estados e municípios, zelar pela execução dos investimentos federais, segurar gastos de custeio e implementar providências contra práticas desleais de comércio.
"E levar o Banco Central, que é um órgão do governo, a atuar com mais responsabilidade, rapidez e competência nas áreas monetária e cambial", diz.

FATURA:
QUASE 20% DA POPULAÇÃO DO RIO TEM CONTA ATRASADA, DIZ FECOMÉRCIO

Uma pesquisa da Fecomércio-RJ na região metropolitana do Rio aponta que 19,4% da população estava com alguma conta em atraso no quarto trimestre de 2008. No trimestre anterior, a inadimplência foi de 21% e, no mesmo período de 2007, de 20,8%. Entre as pessoas que deixaram de pagar alguma conta, a inadimplência cresceu em telefonia móvel (de 5,5% para 6,6%), aluguel (de 3,1% para 3,8%), condomínio (4,8% para 6,1%) e mensalidade escolar (2,8% para 3,1%).

EXPECTATIVA

A Amcham (Câmara Americana de Comércio) vai assistir à posse de Barack Obama hoje com expectativas positivas, mas para o "médio prazo", segundo Gabriel Rico, diretor-executivo da entidade. No curto prazo, porém, todas as previsões de números para o comércio entre Brasil e EUA para 2009 podem ser refeitas para baixo. "A perspectiva imediata é a de tudo encolher." Rico acredita que o Brasil pode se tornar um parceiro estratégico e que as energias renováveis serão o grande trunfo de uma aproximação entre a nova administração americana e o Brasil. "A Hillary tem o Brasil na cabeça. A expansão das relações é natural", afirma.

À MESA
Paulo Skaf almoça hoje com Paulo Pereira da Silva, na Fiesp.

IMOBILIÁRIA
Para 55% dos brasileiros, este não é um bom momento para comprar imóveis, de acordo com pesquisa do Ibope com 16 mil pessoas em 17 países. Na Suíça, 57% dos entrevistados acreditam que o momento é bom para comprar casa.

LÁPIS
A Faber-Castell aproveita o período de volta às aulas para lançar um projeto social. A empresa vai reverter 5% da receita obtida na venda de seus produtos nas lojas do Wal-Mart da região Sudeste para programas de educação mantidos pela Ação Comunitária.

BLOG
Hugh MacLeod, guru da web 2.0, criador do blog de marketing gapingvoid.com, desembarca no Brasil a convite da AgênciaClick. Ele vai dar palestra no encontro Campus Party, em SP.

VENTO RUIM
Na semana passada, empresários e executivos das maiores empresas europeias se reuniram em um encontro fechado na Suíça. O clima foi de desânimo em relação à economia e a constatação foi que a crise vai piorar. Um dos mais pessimistas era Sergio Marchionne, executivo-chefe da Fiat. Ele disse que a crise é muito violenta e que a única saída para as montadoras na Europa seria elas se fundirem. A tese dele é que só assim as empresas ganhariam produtividade suficiente para enfrentar a tormenta. A ideia de Marchionne esbarra na resistência das montadoras alemãs. Ontem o "Wall Street Journal" informou que a Fiat estaria em negociações para se unir com a Chrysler. O mais interessante disso tudo é que há um ano Marchionne era tido como um grande executivo por ter recuperado a Fiat.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI



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