São Paulo, quinta, 20 de fevereiro de 1997.

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CASA PRÓPRIA
Bancos já aplicam acima do teto, diz BC
Crédito imobiliário pode não aumentar

ALEX RIBEIRO
da Sucursal de Brasília

Estudo do Banco Central mostra que o crescimento dos depósitos em caderneta de poupança não deve provocar, pelo menos por enquanto, aumento na oferta de financiamentos para a casa própria.
No final de 96, os depósitos voltaram a superar os saques nas cadernetas de poupança. De outubro até o último dia 13 de fevereiro, a captação chegou a R$ 9,173 bilhões.
Pelas regras atuais, os bancos estão obrigados a fazer empréstimos habitacionais com parte dos recursos captados em poupança.
Mas, segundo o BC, a captação extra na poupança não deve provocar aumento da oferta de financiamentos, pois os bancos já têm carteiras habitacionais com tamanho suficiente para cumprir as regras.
Os bancos são obrigados a destinar à casa própria 70% dos recursos depositados em poupança.
As instituições calculam o saldo em poupança no mês anterior, ou a média dos últimos seis meses, e destinam 70% para habitação.
Por essa conta, os bancos privados tinham que ter em dezembro um total de R$ 19,775 bilhões destinados à habitação.
Naquele mês, entretanto, a aplicação em habitação chegava a R$ 21,284 bilhões. Ou seja, os bancos privados haviam ultrapassado em 7,63% o exigido. Segundo o BC, entre todas as instituições, os bancos privados são os que se mantêm mais próximos do exigido.
Os bancos públicos ultrapassaram essa linha em 18,81%, e as caixas econômicas, em 160,77%.
Ou seja: é pouco provável que o aumento dos depósitos em poupança force as instituições a abrir novos financiamentos.
Isso só ocorrerá se a poupança mantiver nos próximos meses a mesma captação positiva.
Em fevereiro, porém, a captação vem sendo menor. Até o dia 13, os saques superaram os depósitos em R$ 198 milhões. Em 13 de janeiro, a captação chegava a R$ 1,405 bilhão. Nem todos os recursos que os bancos estão obrigados a aplicar em habitação acabam se transformando em financiamentos à casa própria.
É que os bancos podem abater os créditos que têm junto ao FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais). Essa é uma dívida do Tesouro com os bancos, decorrente de subsídios a antigos financiamentos habitacionais.

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