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"Empresa poderia ter negociado corte salarial", diz ex-funcionário
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
No final da tarde de ontem,
Thiago José da Cruz, 26, chorava abraçado a um amigo em
frente à portaria principal da
fábrica da Embraer em São José dos Campos (91 km de SP).
Um dos cerca de 4.200 funcionários demitidos pela empresa,
Cruz -que é casado e pai de um
garoto de quatro anos- trabalhava havia cinco anos no setor
de junção de asas da Embraer.
"A gente já ouvia os boatos de
que poderia haver demissões.
Mesmo assim eu estava tranquilo porque achava que, mesmo que a empresa tomasse essa
decisão, eu não estaria no corte.
Esforcei-me muito pela empresa todos esses anos."
Técnico em mecânica, Márcio (ele não quis divulgar o sobrenome) estava na Embraer
havia nove anos e meio. E não
escondeu a surpresa quando ficou sabendo que seu nome estava na lista dos demitidos.
"Estou sem chão. Não sei o
que vou fazer agora", disse ele.
"Acredito que a empresa tinha
alternativas. Não houve prejuízo até agora. Fizeram isso [corte] para não reduzir a margem
de lucro dos acionistas."
Os amigos André Luiz, 25,
Lucas Martins, 22, e André Camargo, 24, trabalhavam juntos
no setor de montagem de subconjuntos da Embraer e também foram demitidos. De acordo com eles, o setor tinha 40
funcionários, dos quais 22 foram desligados ontem.
"A Embraer poderia ter nos
procurado para negociar, como
fizeram outras empresas. Tenho certeza de que todos aceitariam, por exemplo, reduzir
salário e jornada para não perder o emprego", disse Martins.
Os dois amigos concordaram.
As demissões foram anunciadas pela Embraer por volta das
15h, perto do horário de saída
dos funcionários do primeiro
turno e da entrada daqueles
que atuam no segundo turno de
produção. De manhã, segundo
os trabalhadores, as atividades
ocorreram normalmente.
"Eu estava trabalhando normalmente quando meu supervisor chamou todo mundo para
uma sala. Lá, os gerentes disseram que a situação da empresa
estava difícil e que as demissões
iriam acontecer porque era a
única opção da empresa", disse
um funcionário do primeiro
turno demitido, que preferiu
não se identificar.
"Cheguei para trabalhar e o
meu gestor já estava na porta
do setor. Então ele me avisou
que eu seria demitido, disse José Aloísio Araújo, 28, técnico de
qualidade.
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