São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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"Empresa poderia ter negociado corte salarial", diz ex-funcionário

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

No final da tarde de ontem, Thiago José da Cruz, 26, chorava abraçado a um amigo em frente à portaria principal da fábrica da Embraer em São José dos Campos (91 km de SP). Um dos cerca de 4.200 funcionários demitidos pela empresa, Cruz -que é casado e pai de um garoto de quatro anos- trabalhava havia cinco anos no setor de junção de asas da Embraer.
"A gente já ouvia os boatos de que poderia haver demissões. Mesmo assim eu estava tranquilo porque achava que, mesmo que a empresa tomasse essa decisão, eu não estaria no corte. Esforcei-me muito pela empresa todos esses anos."
Técnico em mecânica, Márcio (ele não quis divulgar o sobrenome) estava na Embraer havia nove anos e meio. E não escondeu a surpresa quando ficou sabendo que seu nome estava na lista dos demitidos.
"Estou sem chão. Não sei o que vou fazer agora", disse ele. "Acredito que a empresa tinha alternativas. Não houve prejuízo até agora. Fizeram isso [corte] para não reduzir a margem de lucro dos acionistas."
Os amigos André Luiz, 25, Lucas Martins, 22, e André Camargo, 24, trabalhavam juntos no setor de montagem de subconjuntos da Embraer e também foram demitidos. De acordo com eles, o setor tinha 40 funcionários, dos quais 22 foram desligados ontem.
"A Embraer poderia ter nos procurado para negociar, como fizeram outras empresas. Tenho certeza de que todos aceitariam, por exemplo, reduzir salário e jornada para não perder o emprego", disse Martins. Os dois amigos concordaram.
As demissões foram anunciadas pela Embraer por volta das 15h, perto do horário de saída dos funcionários do primeiro turno e da entrada daqueles que atuam no segundo turno de produção. De manhã, segundo os trabalhadores, as atividades ocorreram normalmente.
"Eu estava trabalhando normalmente quando meu supervisor chamou todo mundo para uma sala. Lá, os gerentes disseram que a situação da empresa estava difícil e que as demissões iriam acontecer porque era a única opção da empresa", disse um funcionário do primeiro turno demitido, que preferiu não se identificar.
"Cheguei para trabalhar e o meu gestor já estava na porta do setor. Então ele me avisou que eu seria demitido, disse José Aloísio Araújo, 28, técnico de qualidade.


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