São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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BB tem ganho recorde de R$ 8,8 bi em 2008

Resultado é inflado por ganhos extraordinários, como os gerados pela Previ; sem efeitos extras, lucro é de R$ 6,68 bi

Crédito tem expansão de 39% no ano, enquanto a inadimplência recua; para 2009, previsão é de alta de 17% nos empréstimos

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro líquido do Banco do Brasil, turbinado por ganhos extraordinários, atingiu inéditos R$ 8,803 bilhões em 2008. A cifra representou uma elevação de 74% em relação ao resultado obtido em 2007. Sem os efeitos extraordinários, o resultado do banco ficou em R$ 6,685 bilhões -ainda assim, um montante recorde.
Com o maior crescimento já registrado desde 2000, a carteira de crédito do BB deu um salto de 39,9% em 12 meses, para encerrar o ano em R$ 224,8 bilhões, sendo fundamental para seu resultado. Para este ano, a previsão do banco é a de que, em meio à esperada desaceleração econômica, o crédito cresça a um ritmo bem menor, em torno de 17%.
O resultado do BB em 2008 sofreu relevante influência de efeitos extraordinários, tanto positivos quanto negativos. Por um lado, houve o fundo de pensão Previ, que contribuiu com R$ 5,326 bilhões por meio de ganhos atuariais que foram, pela primeira vez, reconhecidos. Por outro, houve o aumento de R$ 1,594 bilhão na provisão adicional para créditos duvidosos.
No quarto trimestre, esses impactos contábeis foram especialmente fortes. O lucro no período sem efeitos extraordinários ficou em R$ 1,626 bilhão -queda de 20% em relação ao terceiro trimestre. Já com os efeitos, sobe a R$ 2,944 bilhões, o que representa uma alta de 57,7% em relação ao trimestre anterior.
Mesmo com o quarto trimestre não tendo sido tão ruim para o resultado das instituições financeiras como alguns analistas previam, os bancos têm elevado a provisão para possíveis perdas com crédito. Isso demonstra o receio das instituições em relação ao risco de aumento da inadimplência, em meio a um cenário de crescente perda de renda e trabalho.
"O provisionamento é prudencial. Estamos no meio de uma crise. Não esperamos uma grande piora na inadimplência, mas achamos por bem montar um colchão para eventuais problemas", afirmou Antonio Francisco de Lima Neto, presidente do Banco do Brasil.
Em 2008, a inadimplência do BB acima de 90 dias no segmento de pessoa física, que é o mais arriscado, recuou para 5,9%, vindo de 6,3% em 2007.
Para Paulo Esteves, chefe de análise da Gradual Corretora, "o resultado do banco em 2008 foi bem positivo". "A preocupação agora é 2009. Há o temor de que o governo force uma expansão no crédito, somada a uma compressão das taxas. Isso poderia comprometer um pouco seu resultado neste ano."

Imóveis para baixa renda
O presidente do BB confirmou que a instituição se prepara para atuar no segmento de financiamento de imóveis para baixa renda -como antecipou a Folha na última terça-feira. A decisão foi tomada por ordem do presidente Lula.
Os planos do banco para o segmento vão ser anunciados após o governo apresentar seu esperado pacote de incentivo à construção civil.
Lima Neto afirmou que o BB tem 18 milhões de correntistas com renda de até três salários mínimos, o que justifica a atuação nesse nicho imobiliário. "O banco estar presente no crédito [imobiliário] ao segmento de menor renda é natural. Estaremos presentes por questão empresarial. Isso não está violentando o planejamento estratégico do banco", disse.


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