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2010 será ainda pior para exportadores
Para entidade, superavit comercial deve cair de US$ 25,3 bilhões para US$ 8 bilhões e rentabilidade das vendas vai diminuir
No ano passado, houve
retração de 10,7% no volume exportado e recuo de 13,4% nos preços dos produtos, aponta Funcex
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Afetados pelo câmbio, os exportadores viram a rentabilidade de suas vendas ao exterior
cair com força, embarcaram
um volume menor de produtos
e conviveram com preços deprimidos em 2009. O pior é que
esse cenário tende a se agravar
em 2010, quando o saldo comercial deve ceder dos US$
25,3 bilhões verificados no ano
passado para US$ 8 bilhões, segundo cálculos da Funcex
(Fundação Centro de Estudos
do Comércio Exterior).
Com a queda do dólar diante
do real, a rentabilidade das exportações caiu 19,6% no ano
passado. É que os exportadores, principalmente de manufaturados, têm seus custos
atrelados ao real, mas recebem
menos dólares por seus produtos vendidos ao exterior com a
desvalorização da moeda.
"Não existe espaço para mudança da taxa de câmbio, e a
tendência é que a perda de rentabilidade se agrave porque
agora os preços das commodities começaram a cair também", afirma José Augusto de
Castro, vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Castro prevê que, diante da
retomada forte da economia
neste ano -com crescimento
estimado do PIB em torno de
5%- e da manutenção de um
câmbio desfavorável, muitas
empresas vão deixar de exportar e focar sua atuação no mercado doméstico.
Tal movimento, afirma, já
ocorreu em 2009 -quando
preços e quantidades exportadas despencaram- e tende a se
intensificar neste ano.
De acordo com a Funcex,
houve retração do volume exportado -de 10,7%- e recuo
dos preços dos produtos -de
13,4%, em média. Somados, esses dois fatores provocaram a
queda de 23% das exportações
no ano passado, diz a fundação
em seu boletim.
"Hoje, já não compensa mais
exportar em muitos setores. É
mais rentável vender no Brasil,
principalmente para ramos intensivos em mão de obra, como
móveis, vestuário e calçados."
Segundo Castro, o país importará mais neste ano graças
ao aumento rápido do consumo, atendido parcialmente pelo mercado externo -ainda
mais num cenário de câmbio
favorável às importações.
Pelas estimativas da Funcex,
as importações vão subir 20%,
num ritmo maior do que a expansão das exportações -de
apenas 8,5%.
Castro diz que o saldo no ano
passado só não foi menor porque a economia brasileira se
contraiu e demandou menos
produtos do exterior -as importações recuaram 26,3%,
com mais intensidade do que as
exportações.
Agora, diz, a situação se inverteu e haverá um processo
mais forte de troca de insumos
e produtos nacionais por importados.
Roberto Giannetti da Fonseca, diretor-titular do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da
Fiesp, declara que o "problema
central do exportador brasileiro é o câmbio" e cobra uma
atuação "ativa e inteligente" do
Banco Central para conter a especulação no mercado e a sobrevalorização da moeda brasileira.
"O setor exportador vive uma
grave e aguda crise, e o governo
parece não perceber que temos
um problema estrutural sério.
Vamos voltar a uma indesejável
situação de elevados deficit em
conta-corrente em pouco tempo se o saldo comercial continuar a cair."
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