|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula confirma reativação da Telebrás, e ação dispara
Pela 1ª vez, presidente admite plano de usar empresa na estrutura estatal de banda larga
Ação subiu 35.000% em sete anos com rumores sobre nova atuação da companhia; após fala de Lula, alta chegou a 14,8% no dia de ontem
AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A TRÊS LAGOAS (MS)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem, pela
primeira vez em público, que a
Telebrás vai ser mesmo utilizada para a montagem de uma estrutura estatal de banda larga
no país. A afirmação, que desmente nota divulgada no dia 11
passado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, elevou em 14,8% a cotação das
ações preferenciais da empresa
na Bolsa no pregão de ontem.
A afirmação foi feita após a
visita de Lula à unidade de Três
Lagoas (MS) da Fibria, empresa produtora de celulose, controlada pelo Grupo Votorantim
e pela BNDESPar (braço de
participações do BNDES). "Nós
vamos recuperar a Telebrás.
Nós vamos utilizá-la para fazer
banda larga neste país", disse.
A rigor, a reativação da Telebrás não depende apenas da
vontade do presidente, mas,
principalmente, da solução de
um processo judicial no qual
credores privados e empresas
estatais disputam a posse de
uma estrutura de cabos de fibra
ótica que seria a espinha dorsal
da nova Telebrás.
Numa breve coletiva de imprensa, a Folha questionou o
presidente se não lhe parecia
estranha a forte valorização
dos papéis da Telebrás na Bolsa
paulista durante o seu mandato. O presidente respondeu:
"Primeiro, se cresceu 35.000%,
para mim é novidade. Agora,
que ela vai crescer, vai".
Reportagem da Folha mostrou que a valorização dos papéis coincidiu, nos últimos sete
anos, com declarações sem embasamento oficial e publicações, em blog e no Twitter, de
informações sobre planos do
governo de reativar a empresa.
Lula nega, entretanto, que
informações privilegiadas tenham saído de dentro do governo. "Não saiu informação
[privilegiada] de dentro do governo. No meu governo, as
ações de todas as empresas
cresceram. Se o jornal em que
você trabalha tiver ações na
Bolsa, pode estar certo que
cresceram muito também."
Lula também cobrou ações
de investigação para o caso de
ter havido especulação com papéis da estatal. "Se a CVM [Comissão de Valores Mobiliários]
entende que houve vazamento,
por isso alguém foi privilegiado, aí cabe investigação."
O projeto de banda larga extrai a Telebrás da condição de
inativa. Após a privatização das
companhias estaduais e da empresa nacional de longa distância (Embratel) -no governo
FHC-, a empresa deixou de
ter relevância no setor. Lula
negou que essa valorização das
ações numa empresa praticamente inativa tenha ocorrido
em razão de vazamentos de informação pelo governo.
Texto Anterior: BNDES usa 66% de recurso emergencial Próximo Texto: Frase Índice
|